Côrach
 
Côrach ressente-se de não ter sido escolhido para um alto cargo Côrach e seus seguidores levantarão na ressurreição dos mortos e terão uma porção no Mundo Vindouro?
A campanha de Côrach para obter seguidores Os judeus queixam-se novamente
Moshê sugere que Côrach e seus seguidores ofereçam incenso Os presentes ofertados aos cohanim
A punição de Côrach, Datan, Aviram e os duzentos e cinqüenta homens A mitsvá de redimir o primogênito
 
 
 
 
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A punição de Côrach, Datan, Aviram e os duzentos e cinqüenta homens

Naquela noite, Côrach foi de tribo em tribo pregando contra Moshê, a fim de obter mais simpatizantes.

Declarou: "Você acha que fundei este partido em meu benefício? Certamente que não! Meu objetivo é restaurar as posições de direito a todos os judeus. Por que ficam em silêncio enquanto Moshê se faz de rei e concede a kehuná como uma lei eterna a seu irmão? Cada judeu merece tornar-se um Sumo-sacerdote, pois ouviu no Monte Sinai: 'E serão para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.'"

Côrach tinha um argumento apropriado à cada tribo.

Por exemplo, agitou a tribo de Yehudá lembrando a seus membros: "Nosso patriarca Yaacov profetizou que sua tribo é a tribo real. Por quê permitem que Moshê os governe?"

Os membros da tribo de Reuven foram incitados com a declaração: "Apesar do fundador de sua tribo ter sido o primogênito de Yaacov, vocês não têm direitos especiais de primogenitura. Como toleram isso?"

Quão grande é o poder de um único indivíduo para instigar outros a pecar, e quão poderosa é a influência da calúnia! Por causa da incitação de Côrach, na manhã seguinte o povo inteiro seguiu-o à entrada do Santuário.

Quando Côrach e seus duzentos e cinqüenta seguidores apareceram perante o Santuário de manhã, o povo inteiro estava presente. A alegação de Côrach que sua disputa era para o bem da comunidade foi convincente o suficiente a ponto de ninguém elevar a voz em protesto. Algumas pessoas começaram a acreditar que, afinal, deve haver alguma veracidade nas reivindicações de Côrach. Talvez D'us concordasse em restabelecer a kehuná aos primogênitos?!

Moshê e Aharon estavam de pé de um lado da entrada do Santuário, e Côrach e seus duzentos e cinqüenta seguidores do outro. Seguravam recipientes similares a frigideiras doadas por Côrach. Era tão rico que seu aparato doméstico continha 250 frigideiras em perfeito estado, que distribuiu entre os seguidores.

A Shechiná apareceu na Nuvem da Glória à entrada do Santuário, e o Todo Poderoso ordenou a Moshê e Aharon: "Separem-se do resto do povo, e Eu os consumirei num instante."

O Todo Poderoso entristeceu-se com todos os judeus, pois não protestaram contra Côrach. Lançando dúvidas acerca da veracidade das palavras de Moshê, D'us considerou os judeus como se tivessem eles mesmos O atacado.

Moshê e Aharon prostraram-se sobre suas faces e imploraram para que D'us poupasse os judeus. Argumentaram: "D'us, você conhece a mente de cada indivíduo. Um rei humano talvez tenha de aniquilar todos os seus súditos, mesmo se apenas alguns se rebelaram contra ele, pois não pode distinguir o culpado do inocente. Você, contudo, sabe que os judeus não se rebelaram contra Você; eles vieram aqui meramente porque Côrach persuadiu-os. Somente Côrach rebelou-se contra Você."

D'us respondeu: "Sua oração foi aceita. Devo agir com Misericórdia com o povo. Apenas Côrach, Datan, Aviram e suas famílias serão destruídos. Ordene ao povo que se distanciem das tendas destes homens perversos, e que não toquem em nada que lhes pertence.

Ouvindo o decreto de D'us, Moshê tentou falar com Datan e Aviram a fim de poupá-los da destruição.

Seguido pelos Setenta Anciãos, Moshê em pessoa caminhou em direção às tendas de Datan e Aviram. Estava certo de que receberiam o líder do povo respeitosamente.

Entretanto, esses perversos recusaram-se a aparecer à entrada de suas tendas para falar com ele.

Por conseguinte, Moshê instruiu os judeus de acordo com as instruções de D'us: "Afastem-se das tendas desses perversos e não toquem em nada que lhes pertença, caso contrário, vocês mesmos serão destruídos por causa de seus pecados."

Quando Datan e Aviram viram que os judeus afastavam-se de suas tendas, finalmente apareceram à entrada, e junto com as esposas cobriram Moshê com uma saraivada de maldições e blasfêmias vis.

D'us aceita o pedido de Moshê e Côrach com seus seguidores são castigados de maneira sobrenatural

Moshê então dirigiu-se ao povo judeu: "Agora terão a prova de que agi por comando Divino ao indicar Aharon para Sumo-sacerdote, e Elitsafan líder de Kehat; e que todas as minhas palavras e ações são ditadas pelo Todo Poderoso.

"Se Datan, Aviram e Côrach falecerem como ocorre geralmente com as pessoas, de doença ou idade avançada em suas camas, e seus corpos forem trazidos para serem enterrados, a alegação de Côrach seria verdade. Eu estaria admitindo e professando que D'us não me enviara e que preenchi os altos cargos por minha própria escolha."

Moshê voltou-se a D'us e rezou: "Peço de Você, D'us, que puna esses perversos com uma morte única na história."

"Moshê," disse D'us, "o que quer que Eu faça?"

"Mestre do Universo," rezou Moshê, "Peço-Lhe que realize um milagre. Mova a abertura do Inferno para sob seus pés, e que sejam transportados vivos para lá. Então ficará evidente a todos que eles blasfemaram contra D'us."

Por que Moshê rezou para que Côrach, Datan e Aviram fossem exterminados por uma morte não natural? Por quê Moshê não pediu que D'us salvasse suas vidas, como fazia sempre com os judeus que pecavam? Por que Moshê, que geralmente anseia por misericórdia para os pecadores, neste caso implorou ativamente ao Todo Poderoso que puna Côrach e seus seguidores com morte imediata e diferente?

Após examinar o paciente, o médico disse: "A radiografia mostra que o estado de sua perna é muito grave. Se nada for feito, a doença se espalhará por todo o corpo. Por isso, a perna tem de ser amputada. É trágico, mas a operação salvará sua vida."

Côrach alegou que algumas das proclamações de Moshê não eram de origem Divina, porém palavras dele própria. Se esses difamadores ficassem impunes mesmo que por pouco tempo, sua apostasia teria se espalhado pelo resto do povo e os judeus seriam influenciados por eles. Assim como o doente da parábola salvou-se porque teve a perna amputada, os judeus foram salvos da destruição por causa da punição do grupo de Côrach.

Nossa crença na Divindade da Torá baseia-se sobre o fato histórico da revelação de D'us no Monte Sinai ante os olhos do povo inteiro, e sobre a indicação de Moshê como Seu agente Divino.

Negando algumas declarações de Moshê (enquanto Moshê ainda estava vivo), Côrach e seus seguidores colocaram em dúvida a origem Divina da Torá inteira. Outros poderiam seguir seu exemplo desafiando outras partes da Torá, e eventualmente a veracidade da Torá inteira poderia ser questionável. Gerações sucessoras com certeza duvidariam da autenticidade da Torá, argumentando: "Mesmo na geração de Moshê havia os que duvidavam da autenticidade da Torá. Como podemos, hoje, ter certeza de quem tinha razão, Moshê ou Côrach?"

Assim, Moshê rezou a D'us: "Mestre do Universo, se esses homens tivessem meramente atacado a mim e meu irmão, permaneceria em silêncio. Contudo, não posso permanecer em silêncio quando a honra da Torá está em perigo." Por isso, pediu ao Todo Poderoso que fizesse uma demonstração única ao punir esses homens.

Enquanto Moshê rezava para D'us, o sol e a lua ameaçaram: "Se Você não responder a prece de Moshê, não iluminaremos mais o mundo. Fomos criados para iluminar, e assim os israelitas poderem cumprir a Torá. Côrach e seus seguidores atacaram a Torá, colocando a existência do mundo em perigo."

D'us fez o milagre que Moshê pediu. Na verdade, isto não foi um milagre novo. Durante os seis dias da Criação D'us já havia preparado a abertura da terra, que tragaria Côrach e seus seguidores.

No mesmo instante em que Moshê terminou a sua oração D'us realizou seu pedido. Realizou um milagre espetacular, que claramente expôs Côrach e sua súcia como mentirosos.

A terra se abriu, alargando-se gradualmente onde as tendas de Côrach, Datan e Aviram estavam. Com uma potente sucção, puxou-os e à suas famílias para baixo, junto com as tendas e todos os seus pertences.

Não restaram traços desses perversos.

Tudo o que possuíam foi magneticamente tragado pelo abismo; mesmo se as roupas de alguém estivessem sendo lavadas ou tivesse emprestado algum pequeno artigo a outro judeu, como uma agulha, foi sugado pelo abismo e desapareceu. Mesmo se os nomes de Côrach, Datan ou Aviram estivessem inscritos em algum documento, a escrita desaparecia milagrosamente.

A fortuna de Côrach, que possibilitou-lhe criar uma revolta contra Moshê, ficou perdida para sempre. (Ele nem ao menos mereceu que outros judeus realizassem boas ações com ela.)

Conforme Moshê pedira, o Todo Poderoso abriu o Inferno no fundo do abismo e transportou-os para lá vivos. Enquanto estavam afundando, os judeus ouviram-nos confessar em voz alta: "D'us é virtuoso; D'us é justo, Seu julgamento é verdadeiro; as palavras de Seu servo Moshê são verdade; e somos perversos por termos nos rebelado contra ele."

Rabá bar Chana contou: "Certa vez, enquanto estava viajando, encontrei-me com um árabe (Eliyahu o profeta, disfarçado de árabe) que me perguntou: 'Devo te mostrar o local onde Côrach e seus seguidores foram engolidos pela terra?'

"Levou-me a duas aberturas no solo, de onde vi fumaça erguer-se. Trouxe um pedaço de algodão úmido, atou-o à ponta de uma lança e inseriu-a na terra. Ao tirar a lança, o algodão estava queimado.

"Agora ouça com atenção," disse o árabe.

"Das profundezas, discerni as palavras: 'Moshê é verdadeiro e sua Torá é verdade!' Era a confissão dos perversos que, depois da morte, precisaram reconhecer a verdade."

 
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