Chucat
 
Três categorias de mitsvot Moshê e Aharon pecam em Águas de Discórdia
As leis da vaca vermelha Moshê envia mensageiros ao rei de Edom
Alusões acerca da mitsvá da Vaca Vermelha Aharon falece em Hor Hahar
Algumas leis de pureza ritual Amalec ataca o povo judeu
O passamento de Miriam e o desaparecimento do Poço de Miriam A guerra contra Sichon, rei dos emoreus
 
 
 
 
Imprima o Midrash completo
 

Moshê e Aharon pecam em Águas de Discórdia

D'us disse a Moshê: "O povo testemunhará agora um milagre que santificará Meu Nome. Congregue os tsadikim e pessoas grandes ao lado da rocha da qual jorrava água enquanto Miriam estava viva. Ordene-lhe que forneça novamente água aos judeus.

"Estando de pé com a santa congregação na frente da rocha, ensine-os uma lei ou passagem da Torá. Então ordene à rocha que continue dando água. O mérito do estudo comunitário da Torá fará com que essa produza água, como o fazia em mérito de Miriam.

"Além disso, todos os que testemunharem o milagre aprenderão a grande lição: 'Se mesmo uma sólida rocha, ao comando de D'us, obedientemente torna-se um poço, nós, judeus, certamente somos obrigados a obedecer D'us com alegria e boa vontade (e não porque sentimo-nos compelidos a servi-Lo)!'"

D'us advertiu Moshê para que trouxesse somente os tsadikim, mas Moshê (que desejava que todos vissem o milagre) reuniu a congregação inteira, dos pequenos aos grandes, incluindo até mesmo o êrev rav (convertidos egípcios).

Um milagre possibilitou ao povo inteiro ficar na frente da rocha, apesar da área ser pequena demais para conter a todos.

Ouviu-se algumas pessoas do êrev rav zombarem: "Quem disse que o filho de Amram (Moshê) realizará um milagre verdadeiro? Deve haver uma razão para ele estar determinado a dirigir-se a uma rocha em especial. Talvez saiba que a rocha contém umidade e pode, portanto, produzir água. Moshê costumava ser um pastor e conhece bem diferentes tipos de rochas. Vejamos se pode realizar esta proeza com uma rocha de nossa escolha!"

O escárnio dos zombeteiros repercutiu sobre o povo, dispersando-os em todas as direções. O líder de cada Tribo ergueu uma pedra e exigiu: "Moshê, queremos água desta rocha!"

O êrev rav proclamou: "A não ser que nos dê água da rocha que escolhermos, não queremos nenhuma!"

Moshê ficou extremamente angustiado. Esperava estudar Torá junto com uma solene assembléia de judeus em frente a rocha. Experimentariam então, através do formidável milagre que seu estudo da Torá tinha o poder de mudar as próprias leis da natureza. Em vez disso, enfrentou uma multidão de motejadores que questionavam se um milagre verdadeiro estava para acontecer.

Mais que isso, Moshê percebeu que a Shechiná estava ausente. A atitude do povo causou a partida da Shechiná.

Moshê não tinha certeza de como deveria proceder. A atmosfera não era propícia ao estudo da Torá. Como poderia ensinar a um povo que se rebelava contra seu mestre? E qual rocha deveria escolher? Deveria ignorar a exigência do povo e fazer brotar água do verdadeiro Poço de Miriam? Se sim, o êrev rav reivindicaria que ele não realizou um milagre genuíno. Ou deveria aquiescer e realizar um milagre através de uma rocha diferente? Se sim, poderia ser culpado de transgredir o comando de D'us. Além disso, D'us poderia julgar o povo como não merecedor de receber água de uma rocha diferente.

Moshê decidiu que precisava censurar severamente o povo, por terem arrogantemente desafiado seu mestre. Dirigiu-se-lhes de maneira rígida: "Agora ouçam, seus rebeldes e tolos! Por que acham que sua compreensão é maior que a de seu mestre?"

Moshê continuou a repreender o povo: "Devemos fazer brotar água de uma rocha acerca da qual o todo Poderoso não ordenou?"

"Juro, ouvirei D'us e trarei água da própria rocha que Ele ordenou."

Moshê ordenou à rocha que produza água. Contudo, esta não obedeceu, o milagre não ocorreu. Por conseguinte, Moshê golpeou a rocha.

Os zombeteiros exclamaram: "Filho de Amram, aparentemente você tem água suficiente apenas para nossos bebês."

Moshê então golpeou a rocha pela segunda vez. A isso, a água irrompeu e jorrou, formando uma profunda corrente que inundou o povo e afogou os zombeteiros.

O golpe de Moshê fez com que, simultaneamente, cada rocha da região produzisse água.

D'us decreta morte no deserto a Moshê e Aharon

O Todo Poderoso censurou extremamente tanto Moshê e Aharon, proclamando: "Falharam em acreditar em Mim e Me santificar aos olhos do povo judeu, ao golpearem a pedra.

"Rebelaram-se contra Mim ignorando Meu comando de ensinar Torá aos judeus em frente à rocha. Por isso, não levarão esta geração a Terra de Israel; Porém, falecerão no deserto."

Por que o Todo Poderoso puniu Moshê e Aharon de maneira tão severa?

Moshê poderia justificar cada um de seus atos: recusou-se a fazer brotar água da rocha que os judeus designaram, a fim de não ser culpado de desobedecer a Palavra de D'us; golpeou a rocha porque suas palavras, oralmente, provaram ineficácia. O seu erro está além de nossa compreensão.

Mais que isso, Aharon, também incluso no veredicto, era aparentemente inocente de qualquer dos pecados enumerados por D'us. Errou somente por ficar lá em silêncio, enquanto Moshê golpeava a rocha.

De fato, Moshê argumentou com D'us: "Sou culpado, mas como Aharon poderia sê-lo?"

Aharon, contudo, não defendeu-se. Apesar de poder ter questionado o veredicto, permaneceu em silêncio (como quando seus filhos Nadav e Avihu foram punidos com a morte).

Na verdade, D'us estava procurando um pretexto, por assim dizer, para fazer com que Moshê e Aharon falecessem e fossem enterrados no deserto.

"Moshê," consolou-o o Todo Poderoso, "como seria se você, o líder da geração do deserto, tivesse enterrado os 600.000 homens que você tirou do Egito, e então levasse outra geração a Israel?

"Em vez disso, você permanecerá íntegro com a geração que lidera, assegurando-lhes, por conseguinte, uma porção no Mundo Vindouro. Você os liderará para Israel na época de Mashiach."

O líder de cada geração estará à sua testa no Mundo Vindouro.

Isto pode ser comparado ao pastor de um rei cujo rebanho inteiro foi roubado. Quando tenta entrar no palácio, o pastor encontra o caminho bloqueado. O rei explica: "Sei que o que aconteceu não foi por culpa sua, mas meu povo não tem consciência disto. Se eu não mostrar que estou zangado e deixá-lo entrar em meu palácio, eles suspeitarão que você teve participação no roubo."

Foi isto que D'us disse a Moshê: "Se você entrar na terra, deixando para trás toda a sua geração para morrer no deserto, as pessoas não acreditarão que você não é culpado pela morte delas. Portanto, tenho de deixá-lo aqui também. Você entrará na terra, juntamente com a sua geração, na época da Ressureição dos Mortos."

Vendo que estava impotente, Moshê disse: "Se meu irmão e eu tivermos de morrer no deserto junto com o restante de nossa geração, as pessoas pensarão que nós pecamos como elas, com os espiões, e fomos castigados com elas." D'us tranqüilizou-o, dizendo: "Não tenha medo, Moshê. Minha santa Torá relatará claramente como você e seu irmão vieram a merecer este castigo, de modo que toda a humanidade saberá que vocês só tiveram um único pecado em sua ficha, o da Água de Discórdia. Somente por ele vocês foram punidos."

A punição de Moshê e Aharon fornece uma chave para as narrativas da Torá

Se lêssemos apenas as palavras da Torá condenando Moshê e Aharon ("Vocês não acreditam em Mim para Me santificar na presença dos Filhos de Israel," "vocês rebelaram-se," e assim por diante) porém não os eventos precedentes, presumiríamos que D'us estava acusando Moshê e Aharon de um crime capital, como idolatria ou ateísmo. Na verdade, as palavras de D'us eram dirigidas a dois supremos tsadikim, cujo cada ato era devotada ao Serviço de D'us e ao povo judeu. Não se "rebelaram" contra D'us, mas sim cometeram um erro sutil de algum tipo.

D'us condenou-os ao extremo, pois quanto maior e mais perto de D'us a pessoa estiver, menos será poupada de culpa.

Se não tivermos esse princípio em mente, julgaremos erroneamente os indivíduos mencionados na Torá, assim como o povo judeu.

(Se observarem alguém de fora que entra numa sinagoga em Yom Kipur e ouve todos os judeus acusarem-se: "Ashámnu, bagádnu... / Somos culpados, traímos D'us, roubamos, pecamos com comida e bebida," e assim por diante, teria a impressão de que acabara de se deparar com uma congregação de ladrões, traidores, glutões, bêbados e caráteres similares. Contudo, alguém que conhece este povo e sua Torá está ciente de que um judeu confessa sinceramente, "Roubamos", mesmo se jamais tocou em algo que não lhe pertença, pois ele confessa os pecados do povo judeu coletivamente porque se culpa de ter feito alguém perder seu tempo, ou perturbado seu sono.)

A dura crítica expressa contra Moshê e Aharon é um típico exemplo do severo julgamento de D'us com as pessoas grandes e elevadas.

A Torá conclui o assunto do pecado de Moshê e Aharon com as palavras: "Estas são as Águas de Discórdia, (assim chamadas) porque os Filhos de Israel querelaram com D'us, e Ele foi santificado por elas." (20:13)

Como D'us foi santificado através das Águas de Discórdia?

A pena de morte de Moshê e Aharon demonstra que D'us pune até mesmo os maiores tsadikim. Esta conscientização reforçaria o temor de cada um ao Todo Poderoso.

 
top