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Nomear
juízes
Esta Parashá trata dos fundamentos da liderança judaica:
o estabelecimento de cortes legislativas judaicas e, mais adiante, algumas
leis relacionadas a juízes; a nomeação de um rei
judeu e várias leis relacionadas às guerras, as quais o
rei deve conduzir e conclui com a mitsvá de eglá arufá
(a bezerra cuja nuca é quebrada), que envolve tanto juízes
como cohanim.
Há mitsvot especiais para os líderes da nação.
Os líderes devem lembrar a toda hora que eles são um exemplo
para toda a nação.
Os líderes da nação judaica são:
1. Juízes,
2. cohanim,
3. profetas,
4. o rei.
Todos os acima escritos carregam uma enorme responsabilidade, pois sua
conduta e comportamento exercem forte influência sobre o resto do
povo, positiva ou negativa. Moshê descreveu a Benê Yisrael
todas as leis que os líderes devem saber.
Moshê explicou: "Em Yerushaláyim vocês terão
o Grande San’hedrin". Esta é a mais alta corte legislativa
do país. Quando vocês viajarem para Yerushaláyim para
Yom Tov, vocês poderão ir para o San’hedrin com os
seus casos de justiça.
"Além do tribunal, D’us quer que cada cidade em Êrets
Yisrael tenha o seu próprio Bet Din (Tribunal). Em uma cidade pequena,
um tribunal de três juízes já é o bastante.
Apesar de que três juízes não podem julgar casos de
vida e morte, eles podem solucionar problemas ligados a dinheiro e propriedade.
Uma cidade maior (onde moram pelo menos 120 judeus) deve ter um Bet Din
de 23 membros. Este Bet Din tem o poder de decretar uma sentença
de morte.
"Se os juízes de um Bet Din estão indecisos a respeito
de um caso, devem viajar até o Grande Tribunal."
O Grande Tribunal tem setenta juízes e um nassi (presidente) sobre
eles. O San’hedrin se reúne diariamente em uma das salas
do Bet Hamicdash. Os juízes sentam em um semicírculo. Deste
modo, eles poderiam ver uns aos outros e o presidente poderia vê-los
todos. Quanto maior fosse o juiz, mais próximo do presidente ele
se sentava. Hoje em dia, já que a corrente da semichá está
rompida, nós não temos mais a mitsvá de nomear um
San’hedrin.
O que é semichá?
Semichá quer dizer "ordenação". Quando
Moshê nomeou Yehoshua e os setenta zekenim (sábios experientes)
do San’hedrin, colocou suas mãos sobre a cabeça deles.
Mais tarde, aqueles sábios nomearam os líderes da próxima
geração. Mesmo não tendo colocado suas mãos
sobre as cabeças dos seus sucessores, o ato de ordená-los
ainda era chamado de "dar a semichá". A corrente de semichá
continuou a passar dos líderes de uma geração para
a próxima.
Quando os romanos destruíram o segundo Bet Hamicdash, queriam abalar
a coragem dos judeus. Porém sabiam que enquanto o San’hedrin
estivesse de pé, o povo continuaria espiritualmente forte. Por
isso eles tentaram destruir o San’hedrin que continuou exercendo
sua funçnao em segredo. Dar ou receber semichá era punido
com morte. Apesar do decreto romano, a semichá continuou por mais
150 anos depois da destruição do Bet Hamicdash. No final
ela foi rompida.
Em toda Amidá diária nós rezamos:"Hashiva shoftenu
kevarishona; Por favor, traga de volta nossos juízes assim como
era antes!" Pedimos para D’us trazer Mashiach e restabelecer
o San’hedrin que novamente concederá a semichá. Adicionalmente
aos juízes, a Torá manda ter também os shoterim,
policiais. Os shoterim executam os decretos dos juízes. Moshê
avisou: "Nomeiem somente juízes capazes e honestos. Lembrem-se
de que para ser um verdadeiro juiz de acordo com a Torá, o indivíduo
deve antes de tudo cumprir ele mesmo as mitsvot."
Uma história:
Faça o que você diz!
Rabi Yonatan tinha uma árvore cujos galhos alcançavam o
quintal do seu vizinho não-judeu. Certo dia, dois judeus vieram
para o Rabi Yonatan. Um deles reclamou que a árvore do seu amigo
se estendia até sua propriedade. Eles pediram para o Rabi Yonatan
resolver sua discussão. Quando Rabi Yonatan ouviu o caso, percebeu
que ele mesmo estava cometendo o mesmo erro. "Por favor, voltem amanhã!"
disse a eles.
O vizinho não-judeu de Rabi Yonatan ouviu falar sobre o caso jurídico.
Ele disse: "Como Rabi Yonatan pode dizer para mais alguém
o que fazer, quando ele mesmo não está fazendo a coisa certa?"
Naquela mesma noite, Rabi Yonatan chamou um trabalhador. "Corte os
galhos que estão se estendendo além da minha casa",
ele instruiu.
Cedo na manhã seguinte, os dois homens retornaram para ouvir a
decisão de Rabi Yonatan. "Você deve cortar os galhos
que estão avançando", disse ele para o dono da árvore.
O vizinho não-judeu de Rabi Yonatan tinha vindo para ouvir como
Rabi Yonatan decidiria o caso. Ao ouvir o veredicto, ele não pôde
se controlar e explodiu com raiva: "E o que me diz de si próprio?"
balbuciou. "Por que você não faz o que diz? Como pode
ordenar alguém para cortar os galhos, quando os seus galhos também
estão avançando para o meu pátio?!"
"Eles não estão!" respondeu o rabino. "Vá
verificar isto você mesmo."
Indo até lá, o não-judeu constatou que Rabi Yonatan
tinha realmente cortado os galhos.
"Abençoado seja o D-us dos judeus!" ele exclamou. "Seus
juízes fazem o mesmo que dizem para os outros fazerem!"
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