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Reis
de Israel e os cohanim
Podemos pensar que basta ter um San’hedrin que cuida da nação
judia. Mas Moshê explicou que: "Além do San’hedrin,
D’us quer que vocês tenham um rei. O rei se preocupará
que o país esteja funcionando de acordo com a lei da Torá.
Ele também os liderará em caso de guerra."
Benê Yisrael deveriam cumprir três mitsvot ao se estabelecer
na Terra de Yisrael: 1) escolher e coroar um rei; 2) exterminar os descendentes
de Amalec e; 3) construir o Bet Hamicdash . Assim, não nos é
apenas permitido, mas numa determinada época do futuro, nos é
ordenado que nossa nação exija um rei.
Até mesmo as profecias sobre a era Messiânica, que descrevem
Yisrael em seu mais elevado nível espiritual, versam sobre um rei
da dinastia de David.
Portanto, a monarquia é uma situação desejável.
Não obstante, quando o povo pediu que o profeta Shemuel lhe desse
um rei, "para que possamos ser como os povos à nossa volta,"
ele reagiu com desapontamento e ira.
Benê Yisrael deveria ter pedido um rei que os liderasse, inspirasse
e fosse exemplo de alguém que serve a D’us altruística
e sinceramente. Em vez disto, disseram que queriam um rei meramente para
imitar seus vizinhos. Será que o objetivo que D’us estabeleceu
para os judeus é ser igual à qualquer outro povo, cujas
aspirações são apenas glória, riqueza e conquistas?
Por causa do desejo equivocado da nação, seu primeiro rei,
Shaul, não pôde manter seu trono permanentemente.
Respeito e temor ao rei
Há várias leis referentes ao comportamento que o povo judeu
deveria ter diante de seu re:
* Um rei recém-escolhido é levado para uma fonte de água.
Lá, ele é ungido com óleo (shêmen hamishchá).
* Quando as pessoas vêem o rei judeu, elas devem mencionar uma bênção:
"Baruch shechalac micvodô lireav"; "Abençoado
és tu, D’us, Que compartilha Sua honra com aqueles que o
temem."
* É proibido sentar no trono real, cavalgar em seu cavalo, usar
o seu cetro ou qualquer um de seus objetos pessoais.
* Os reis descendentes de David são as únicas pessoas que
têm a permissão de sentar-se no pátio do Bet Hamicdash.
Todos os outros devem ficar de pé.
* O rei tem seu cabelo cortado todo dia para ter sempre uma boa aparência.
Pessoas são proibidas de assistir ao seu corte de cabelo, para
que não percam o respeito por ele.
* Todos, mesmo um navi (profeta), devem se curvar perante ele, exceto
o cohen gadol (sumo-sacerdote). Porém, é uma mitsvá
que o rei honre os sábios da Torá.
* Um judeu que desobedece a ordem real merece pena capital.
Foi dito sobre o rei Yehoshafat que quando um sábio entrava, ele
se levantava e clamava: "Meu mestre e rabino!"
As mitsvot especiais do rei
1. Ele não deve manter cavalos demais: na época dos reis
judeus, o Egito era famoso pela sua criação de cavalos.
Se um rei queria muitos cavalos, poderia fazer com que alguns judeus se
estabelecessem no Egito para que lhe mandassem cavalos de lá. D’us
disse "Não quero que os judeus viajem para o Egito e permaneçam
lá. O Egito é um país perverso, que influenciará
negativamente ao povo judeu."
Outra razão por que o rei judeu não pode ter um grande número
de cavalos: o cavalo era muito importante em tempo de guerra. Quanto mais
cavalos tivesse um rei, mais assegurado estaria quanto as suas vitórias.
Um rei judeu deve saber que é D’us Quem lhe fornece a vitória,
independente se tem cavalos, ou não. Portanto, o rei tem a ordem
de não manter cavalos demais em seus estábulos.
2. Ele não deve exagerar no ouro e na prata: reis não-judeus
enchiam seus tesouros com ouro e prata. Um rei judeu pode armazenar dinheiro
o bastante para as suas
necessidades, mas ele não deve perder seu tempo acumulando fortuna.
Aparentemente, não haveria necessidade da Torá dizer porquê
adverte sobre a posse de muito dinheiro, pois as tentações
do excesso de riqueza são muito bem conhecidas. Riqueza demais
leva ao orgulho e ao esquecimento da existência de um Soberano:
D’us. Porém, era uma mitsvá para o rei coletar ouro
e prata para o Bet Hamicdash.
3. Ele não pode ter muitas esposas: todos os reis antigos casavam-se
com muitas mulheres. Um rei judeu era proibido de fazer o mesmo. Muitas
mulheres iriam desviar seu coração de D’us. Aos reis
também foi dito que deveriam casar-se somente com mulheres tementes
a D’us.
O Midrash nos conta:
O erro do rei Shelomô
O rei Salomão foi o ser humano mais sábio da Terra. Ele
disse: "É verdade que a Torá proíbe o rei de
ter muitas esposas. Isso poderá desviar seu coração
de D’us. Porém esta mitsvá não se aplica a
mim. Sou tão sábio e temo tanto a D’us que, mesmo
se me casar com muitas mulheres, elas nunca me influenciarão para
o mau caminho. Se eu tiver muitas esposas, elas me darão muitos
filhos guerreiros.
A Torá também proíbe um rei de ter muitos cavalos,
para que ele não faça com que judeus assentem-se no Egito.
Esta mitsvá, também, não serve para mim. Nunca deixarei
judeus morarem no Egito. Sou inteligente o suficiente para comprar cavalos
de diferentes países."
Shelomô também pensou que coletar muito ouro e prata não
iria prejudicá-lo.
A letra yud voou para o trono de D’us e reclamou: "Mestre do
Universo! Você prometeu que nenhuma letra da Torá seria mudada.
Porém Shelomô me trocou! Eu apareço nas palavras da
Torá ‘lo yarbe’, ‘o rei não deve ter a
mais!’ O rei Shelomô desobedeceu a esta mitsvá!"
D’us confortou o yud: "Não se preocupe! Mesmo uma pequena
letra como você é muito importante! Você verá
que Shelomô errou. Aí ficará claro que as leis da
Torá se aplicam a todos, sem exceções."
E assim aconteceu. Quando o rei Shelomô já era avançado
em idade, suas esposas (que se converteram ao judaísmo antes de
se casarem com ele) serviram ídolos. Shelomô não protestou
o suficiente. D’us ficou tão aborrecido com o rei Shelomô
que Ele escreveu no Tana"ch (Bíblia): "Shelomô
serviu a ídolos." Para um grande tsadic como o rei Shelomô
foi considerado como se ele mesmo tivesse praticado idolatria. O rei Shelomô
também adquiriu cavalos demais. Como conseqüência, alguns
judeus acabaram morando no Egito. Mais ainda, os pesados impostos que
seu vasto tesouro exigia fizeram com que a nação se dividisse
após sua morte.
Shelomô compôs um livro cheio de sábios conselhos,
chamado Cohêlet. Nele, ele escreve: "Eu me apoiei na minha
grande sabedoria e ignorei as palavras da Torá, enraivecendo a
D’us. As mitsvot de D’us são mais sábias do
que tudo o que um ser humano poderia sequer imaginar."
A Torá, geralmente, não nos dá a razão das
mitsvot. Shelomô falhou pois a Torá deu a razão das
mitsvot dos reis. Ele racionalizou que elas não se aplicavam a
ele. Se a Torá tivesse nos ensinado o significado de outras mitsvot,
poderíamos transgredi-las também, achando que estas não
se aplicam a nós.
O rei deve cumprir uma outra mitsvá:
4. O sefer-Torá do rei: Andamos lap-tops e celulares para
não perdermos nenhuma notícia ou chamada telefônica,
onde quer que estejamos. Nos tempos dos reis judeus, eles levavam consigo
mais uma coisa: um mini sêfer-Torá. O carregavam a toda hora:
no seu palácio, em viagem, e mesmo nas batalhas.
O rei sempre estava extremamente atarefado. Poderíamos pensar portanto
que ele era isento do estudo diário da Torá. Mas não,
a Torá ordena: "O rei deve ter dois sifrê-Torá.
Um é guardado em seu tesouro. E o outro é carregado por
ele aonde quer que vá, a cada dia de sua vida. Ela vai ensiná-lo
a temer a D’us e guardar Suas mitsvot. Também o impedirá
de tornar-se orgulhoso, ou arrogante demais em relação aos
seus irmãos.
Em proporção à imensa honra que ele recebe, o rei
deve se destacar na virtude da humildade (sentindo-se especialmente subjugado
e grato a D’us, Que tanto o distinguiu). Para reduzir o grande perigo
da arrogância, a Torá ordena ao rei carregar consigo um sêfer
Torá para estudo freqüente e para recordar a toda hora sua
posição como o servo de D’us. Em seu coração
ele nunca deve esquecer que afinal, ele é somente um ser humano
e D’us é o verdadeiro Rei.
Para demonstrar sua grande humildade, o rei tinha que se curvar na oração
da amidá até mais do que pessoas comuns. Nós nos
inclinamos quatro vezes, porém o rei tinha que manter-se curvado
ao longo de toda a amidá.
Maimônides escreve: a Torá aqui proíbe a presunção
e a vaidade. Até mesmo o rei, apesar da sua posição
especial, é proibido de ser arrogante; quanto mais as simples e
ordinárias pessoas. D’us não tolera soberba alguma.
Somente a D’us pertence toda a grandeza, a força e a glória.
Nossos sábios nos contam:
O rei David e o rei Mashiach
Assim como grandes sábios, o rei David nunca tinha tempo para dormir
adequadamente. Estudava Torá até o meio da noite, cochilando
somente quando estava exausto. À meia noite, o vento norte tocava
as cordas de sua harpa que ficava sobre o seu leito. Este era um sinal
para David acordar. Então, cantava músicas de louvor para
D’us até o amanhecer.
Durante o dia, ele se encontrava com reis estrangeiros. Não discutia
política com eles. Em vez disso ele falava sobre Torá, seu
assunto favorito. Os judeus seguiam o exemplo de seus reis. O rei era
a inspiração para o espírito nacional. Por isso,
na época de David, todos estudavam Torá.
Alkém disto, o rei David era muito humilde. Nunca levantava a cabeça
ao andar entre seus súditos. Dizia a D’us: "Posso ser
o rei, porém você é o Rei dos reis."
D’us denominou David como Seu servo. Ele prometeu que o reinado
continuaria na família de David para sempre. Apesar de que o reinado
de David está suspenso enquanto estamos no exílio, D’us
prometeu que Ele irá restaurá-lo no futuro. O rei Mashiach
também será um descendente do rei David.
Maimônides traz a seguinte halachá (lei) que descreve Mashiach:
"Se surgir um rei da casa de David que se ocupará com a Torá
e as mitsvot – tanto a Torá Oral como a Torá Escrita
– assim como seu antecedente David, e que fará todos os judeus
retornarem para a observância, podemos presumir que ele é
o Mashiach."
"Se tiver sucesso reconstruindo o Bet Hamicdash e reunindo os exilados,
certamente é o Mashiach. Mashiach fará com que o mundo todo
retorne ao caminho da verdade, e com que todas as nações
sirvam a D’us com harmonia."
Os Cohanim e seus turnos (mishmarot)
Moshê ordenou que os cohanim fossem divididos em oito vigílias,
ou "grupos" (mishmarot), que trabalhariam em turnos para realizar
o serviço no Tabernáculo. Mais tarde, o rei David e o profeta
Shemuel aumentaram o número de turnos para vinte e quatro. Desta
forma, cada cohen ficaria "de plantão" por um pouco mais
que duas semanas ao ano. Apesar do serviço regular ser uma prerrogativa
do turno designado, qualquer cohen podia realizar o serviço de
suas oferendas pessoais a qualquer época do ano; e de ir ao Templo
durante Pêssach, Shavuot e Sucot tomar parte no serviço e
receber em troca parte das oferendas da comunidade.
Em Êrets Yisrael os cohanim viverão espalhados por todo o
país, e virão a Yerushaláyim apenas quando for seu
respectivo turno de realizar os serviços. Durante o resto do ano,
os cohanim cumprirão suas obrigações guiando o povo
no caminho da Torá, ensinando-os e sendo um exemplo pessoal. |