por Miriam S. Katz  
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  Médico, com M maiúsculo
   
 

Imagine um "seguro saúde" sem carência, que oferece o melhor especialista em todas as áreas, 24h de plantão e sem "surpresas" no contrato. O custo? Apenas sua palavra de confiança. Não, não trata-se de propaganda enganosa; Sua veracidade foi comprovada já na época da Mishná e do Talmud e no século XXI, universidades americanas a provam cientificamente.

Ao longo do dia, um judeu recita algumas vezes a bênção de Asher Yatsar, na qual dizemos "Baruch ata rofê chol bassar umafli laassot" - "Bendito és Tu, que cura toda carne e faz maravilhas." Várias vezes ao dia, expressamos nossa crença de que existe apenas um Médico, com M maiúsculo.

Imagine um cientista japonês que inventa um novo aparelho eletrônico. O produto faz sucesso e é exportado para o mundo inteiro. Os consumidores frequentemente o manuseiam de maneira incorreta levando o fabricante a ter que criar "oficinas autorizadas" espalhadas pelo mundo. Os técnicos devem ser treinados pelo próprio cientista, pois ninguém melhor do que ele para detalhar o mecanismo de funcionamento de sua máquina. Mesmo um consumidor que será atendido por um técnico em Chicago, dependerá da sabedoria do cientista japonês.

O corpo humano supera qualquer máquina que já foi ou será inventada, e é impossível comparar a infinita sabedoria Divina ao limitado conhecimento do ser humano. O exemplo do inventor japonês pode nos levar a entender a lógica de nossa fonte de saúde. D'us é o inventor de nosso corpo, mas não criou apenas a "máquina"; criou também a energia, a alma, que a move bem como todos os "fios" que ligam o corpo à alma, formando o ser humano. Ele, em Sua sabedoria infinita, é que tem o verdadeiro poder de nos curar de todos os males. Juntamente com a "máquina" recebemos um manual de instruções e garantia: a Torá. Ela é que explica detalhada e precisamente como devemos usufruir deste inestimável bem e para entrar em contato direto com o inventor, não precisamos viajar até o Japão; basta estar em qualquer local do planeta e abrir nosso coração numa reza sincera: Ele estará lá, a nossa escuta.

Você deve estar fazendo a mesma pergunta que nossos Sábios já fizeram há muito tempo: "Então não devemos ir ao Médico? Devemos ficar em casa rezando?" Traduzindo na linguagem dos princípios, estamos entrando na famosa questão de fé X esforço. Quando um problema surge, será que temos que ficar no campo da fé, ou devemos partir para o campo da ação, e fazer todo o possível para resolver os problemas com nossas próprias mãos? Talvez tenhamos que nos posicionar na fronteira. Porém, através de que campo devemos chegar a ela?

O judaísmo não tem nada contra médicos, muito pelo contrário; um de nossos maiores Sábios e mestre de todos os tempos foi Rambam (Maimônides), um renomado médico no Egito que escrevia livros sobre medicina. Porém, foi este mesmo Rambam que enumerou os "Treze Princípios da fé judaica", entre eles o de que tudo o que ocorre vem de D'us, e que tudo em nossa vida, inclusive nossa saúde, depende Dele. O próprio Rambam nos ensina onde encontra-se o ponto de equilíbrio entre a fé e o esforço: o esforço da pessoa deve ser inversamente proporcional a sua fé. Em outras palavras, podemos dizer que grandes Sábios foram capazes de livrarem-se de doenças apenas através da reza, pois seu nível espiritual e fé no Criador eram elevadíssimos. Com o passar do tempo, as gerações diminuíram seu nível de fé e consequentemente, o esforço necessário foi aumentando. Em nossos dias, seria um grave erro negligenciar a própria saúde e deixar de consultar um médico quando necessário. Devemos nos empenhar para preservar o nosso corpo - um presente Divino - com todos os recursos que a avançada medicina atual nos oferece. Porém, há uma coisa muito elementar que nunca podemos esquecer: os médicos são como os técnicos da oficina autorizada - dependem da sabedoria do inventor. Na realidade, está tudo realmente em Suas mãos. Portanto, já que possuímos uma "linha direta" com o inventor, temos o dever de contata-lo em todas as ocasiões, e pedir que mande o conhecimento da cura para o médico. E quando este receita um remédio que fez efeito, devemos nos lembrar que quem realmente nos curou foi D'us. O médico tem a importante função de ser Seu mensageiro na cura.

Uma pessoa confiante em D'us, que vive sobre estes princípios, e sobre todos os outros aspectos da fé judaica, pode ter mais qualidade não somente em seu espírito, como também em seu corpo. É o que comprova uma surpreendente pesquisa apurada pelo Instituto de Saúde Pública de Washington, divulgada na mídia. Vinte e um mil americanos foram acompanhados entre os anos de 1987-1999. O que se constatou foi que aqueles que consideravam ter fé, viveram em média sete anos mais do que os outros. O Dr. Jeff Levin, um dos médicos que acompanhou a pesquisa, disse que pessoas com fé são mais saudáveis, levam seu dia-a-dia com mais competência, e se recuperam de cirurgias graves mais facilmente do que pessoas que não tem fé.

Outra pesquisa, efetuada pelo departamento de psicologia da Universidade Diok analisando quatro mil pessoas, apresentou resultados semelhantes. O Dr. Herbert Benson, um dos pesquisadores, informou: "Pessoas que não tinham fé sofreram de pressão alta, depressão, nervosismo, insônia, e palpitação, quando passaram por uma crise pessoal. Por outro lado, aqueles que faziam parte de comunidades religiosas superaram a crise sem problemas de saúde. Parece que a fé por si contribui para um equilíbrio espiritual, ameniza sinais de doença e adia o desenvolvimento de doenças crônicas."

O que a Torá nos ensina desde as primeiras gerações, é agora descoberto pela ciência. Claro que doença não é sinal de falta de fé. Porém, devemos nos lembrar sempre das palavras de nossos Sábios, e direcionar nossas esperanças ao Médico, com M maiúsculo, de toda a humanidade.

Veja também: Medicina e Milagres - um médico contempla o lugar de D'us na sala de operações.

 

 

 
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