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  Quem precisa de Mashiach?
   
 

Nos dias de semana, a Amidá consiste de dezenove bênçãos, das quais nada menos que sete são direta e explicitamente relacionadas à redenção messiânica Em seguida a uma refeição formal, agradecemos através de uma prece que consiste de quatro bênçãos. A terceira delas é uma pungente súplica por Mashiach. Um judeu não pode sequer mordiscar um pedaço de bolo sem trazer à mente sua ânsia por Mashiach na bênção requerida dita após seu consumo. Assim, um judeu comum deve mencionar e pensar em Mashiach nada menos que 24 vezes todos os dias.

Esta preocupação com Mashiach não está limitada a místicos ou sábios da Torá e outros desta categoria, mas faz parte do Judaísmo normativo para todos os judeus, em todas as partes do mundo. Não é menos obrigatória para o poderoso executivo que para o erudito cabalista de barba e de casaco preto.

O que pessoas bem-sucedidas, que levam vidas seguras e confortáveis têm a ver com Mashiach?
Por que deveria um cirurgião, um produtor de cinema, ou um astro do basquete ansiar pela redenção?

A obsessão por Mashiach era compreensível na Europa. Quem, ou o quê mais poderia livrar o povo judeu da incessante opressão, pobreza, humilhação e perigo físico que fizeram parte da vida diária do Judaísmo europeu pelos últimos mil anos?

Porém os tempos (graças a D’us) mudaram. Estamos, na grande maioria, a salvo, bem alimentados e livres para levar o estilo de vida e perseguir as metas que desejarmos. Por que, então, precisamos de Mashiach? Do que ele deverá nos salvar?

Hoje, qualquer pessoa que anseie pela nossa terra pode satisfazer este desejo simplesmente comprando uma passagem aérea. Da mesma forma, quem quiser pode comer um falafel na
Dizengof, escalar Massada ou mesmo colocar uma pequena mensagem no Cotel Hamaaravi.
Como isso pode ser chamado de exílio?

Paradoxalmente, esta perplexidade a respeito da necessidade por Mashiach é em si a indicação mais enfática de como precisamos desesperadamente de Mashiach. O aspecto mais perturbador deste amargo galut é que estamos alegremente inconscientes de estar num amargo exílio. Não reconhecemos onde realmente estamos, ou em que tipo de condição nos encontramos.

Embora o galut esteja freqüentemente associado ao sofrimento físico, este não é sua principal
característica, como fica óbvio pela experiência da maioria dos judeus. O aspecto definitivo do galut é, ao contrário, a falta de um propósito unificador central para a existência. A vida das pessoas parece ser determinada por forças aleatórias: econômicas, políticas e físicas.

Numa escala mais ampla, tentativas de definir e resolver os problemas do mundo estão fadados ao insucesso, pois não há um padrão consistente na história e nenhuma estrutura racional estável subjacente aos eventos mundiais. A solução do dia de hoje evolui na crise de amanhã. A única presunção confiável na vida é que as coisas mudarão de maneira imprevisível.

A visão atual do homem sobre si mesmo e o mundo depende de circunstâncias efêmeras, indiretas, sem propósito, e indiferentes à sua existência.

Despertando do sonho

"Quando D’us retornar os cativos de Tsion nós seremos como sonhadores…"

Tehilim 126:1

Um sonho é uma dissociada e freqüentemente distorcida mistura de imagens, totalmente alheio àquilo que se encontra na vida real. Como durante o sono a imaginação não é restrita por quaisquer presunções, regras ou necessidades, não há uma estrutura racional de causa e efeito, o sonho pode assumir dimensões que desafiam a descrição.
Surpreendentemente, do ponto de vista do sonhador, o mundo dos sonhos parece completamente comum e bastante real. Sua visão, sentimentos, prioridades e planos são todos adaptados às circunstâncias no mundo dos sonhos, no qual ele acredita realmente estar vivendo. Assim, um componente indispensável do mundo do exílio semelhante ao sonho é a ilusão da realidade.


O aspecto mais perturbador deste amargo galut é que estamos alegremente inconscientes de estar num amargo exílio.

As pessoas estão completamente à vontade com a loucura que descreve a vida moderna. É considerado normal e saudável para milhares de pessoas empurrar e abrir caminho aos gritos num estádio para presenciar a elevação do espírito, o arrebatamento de assistir a um homem emplacar a bola numa rede. Assassinos são vistos como vítimas da sociedade, e devem ser "entendidos", em vez de castigados. Revistas de notícias discutem os méritos artísticos de um filme popular, cujo tema é o canibalismo ou sadismo. Isso é diversão normal para a maioria. Ninguém vê nada de anormal ou perturbador no fato de milhares de pessoas se sentarem horas a fio na frente dos aparelhos de TV apreciando assassinatos, crimes e perversão.

Perceber o absurdo disto é um sonho.

A metáfora do sonho é intrigante: Se somos todos produtos do sonho da Galut, como podemos avaliar objetivamente nossas circunstâncias de forma a ficarmos conscientes do pavoroso lamaçal em que estamos? Como podemos esperar que um mundo que está cego à sua própria loucura anseie pela redenção?

A resposta é que a escuridão da Galut não é absoluta. Existem aqueles para quem a densa obscuridade da Galut é apenas parcial. Ocorre também que tais indivíduos devem estar totalmente fora de compasso com o restante da humanidade. Estes indivíduos são os judeus, para quem este conceito foi originalmente transmitido através dos ensinamentos da Torá. A alma judaica Divina emana de sua fonte na Divina Vontade, iluminando a vida do judeu neste mundo. A força dessa influência varia, de profetas e indivíduos justos (tsadikim), cujas próprias percepções são aquelas da alma Divina, a judeus comuns nos quais a iluminação está de certa forma nublada pela grosseria em que se encontra temporariamente seu corpo físico e pelas ilusões da vida mundana.


A escuridão da Galut não é absoluta. Existem aqueles para quem a densa obscuridade da Galut é apenas parcial.

Por 2000 anos, os judeus têm ansiado por uma redenção inimaginável para os países do mundo, e com este objetivo, têm perseguido metas que são incompreensíveis para o resto da humanidade.

Os esforços periódicos e mal dirigidos de muitos judeus para aliviar a angústia do exílio por meio da acomodação e assimilação não fazem mais sentido do que faria para um psiquiatra aceitar as perspectivas e opiniões de seus pacientes e assumir seus padrões de comportamento, simplesmente porque eles o superam em número.

Como os judeus – em essência – transcendem a Galut, em última instância somos capazes e portanto responsáveis por trazer a Gueulá, Redenção. Através de ações, e não simplesmente de bons pensamentos, sonhos ou intenções. Cada mitsvá, cada bom ato, nos aproxima nesta direção: de uma época em que não haverá mais guerras e a paz reinará entre todos os povos e onde Jerusalém será novamente coroada com a presença do Rei na Terra, através da reconstrução do Terceiro Templo Sagrado.

Que seja breve, em nossos dias.


Veja também:

"Mashiach" quando ele chegará?"

"Entrevista com Mashiach"
 

 

 
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