Moshê
reúne a nação
Benê Yisrael atingiram o final de seus quarenta anos no deserto.
Todos os homens da geração de Moshê haviam morrido,
e seus filhos agora eram adultos. Acamparam nas planícies de Moav.
Esta era a última parada antes de Êrets Yisrael.
Aharon e Miriam não eram mais vivos. Apenas Moshê sobrevivera:
tinha 120 anos de idade. Mas parecia um homem jovem! Suas faces não
eram encovadas, e não era enrugado. Seu rosto brilhava com os raios
da Shechiná. Era forte e caminhava com os passos largos de um homem
jovem.
Porém, Moshê estava ciente de que não cruzaria o Rio
Jordão e não entraria em Êrets Yisrael. "Preciso
falar com Benê Yisrael pela última vez," pensou ele.
"Repetirei a eles a Torá e as mitsvot, para me certificar
de que as aprenderam bem. Também os ensinarei novas mitsvot que
ainda não aprenderam."
"Primeiro discutirei os pecados que seus pais cometeram no deserto.
Isto os ajudará a fazer teshuvá e evitar transgressões
similares. Sabendo que logo morrerei, certamente eles me darão
ouvidos."
A primeiro de Shevat, em 2.488 (trinta e seis dias antes de sua morte),
Moshê anunciou: "Todo o Povo de Israel deve se reunir e escutar
minhas palavras!"
Por que Moshê desejava que cada judeu ouvisse seu discurso? Ele
pensou: "Se alguém estiver ausente agora e mais tarde ouvir
minhas palavras repetidas através de outros, poderá discordar
de algumas partes. Isso de forma alguma deve acontecer! Deixe que todos
estejam presentes agora e ouçam o que tenho a dizer. Se alguém
achar que estou errado, poderá falar agora e esclarecerei minhas
palavras!"
É difícil imaginar isto, mas o último discurso de
Moshê durou trinta e seis dias! A cada dia, Benê Yisrael se
reunia e escutava as palavras de Moshê e seus ensinamentos. Todo
o Livro de Devarim é o discurso de Moshê!
Moshê começa a falar
A voz de Moshê não era alta o suficiente para atingir 600.000
pessoas, mas ocorreu um milagre, e ele pôde ser ouvido por todos
os judeus presentes.
Moshê Rabênu começou: "Falarei a vocês sobre
seus pecados no deserto. Devem entender que a única razão
pela qual lembro estes episódios é porque eu os amo. Quero
ajudá-los a refinar-se e a fazer teshuvá."
"Um mês depois de começarmos a viajar no deserto, a
massa que trouxemos do Egito acabou. Vocês se queixaram: ‘No
Egito sempre tínhamos bastante para comer. Morreremos todos de
fome! Queremos pão e carne!’
"Embora reclamassem ao invés de confiar em D’us, Ele
foi misericordioso. Fez cair o maná do céu e também
forneceu carne fazendo cair pássaros. D’us fez o maná
cair diariamente por quarenta anos."
O povo ouviu estas palavras. Pensaram: "Como Moshê tem razão!
Não confiamos em D’us. Em vez de reclamar, deveríamos
ter tido fé. No futuro não mais reclamaremos, mesmo se as
coisas ficarem difíceis."
Moshê esperou. Alguém iria discutir? Alguém o contradiria?
Mas todo o Povo de Israel permaneceu em silêncio. Concordaram com
Moshê e fizeram teshuvá.
Isto é verdadeiramente espantoso. Se nós tivéssemos
estado lá, certamente teríamos feito uma objeção:
"Moshê, não reclamamos pela falta de comida. Nossos
pais o fizeram!"
O pecado mencionado por Moshê havia acontecido quarenta anos antes,
no início da caminhada pelo deserto. Naquela época, a geração
que agora escutava Moshê ainda não havia nascido ou então
eram criancinhas.
Mesmo assim, ninguém falou: "Não somos culpados!"
Isto demonstra que a nova geração era de verdadeiros tsadikim.
Grandes tsadikim aceitam a responsabilidade até pelos erros de
seus pais, como se fossem os seus próprios. O povo estava envergonhado
e fez teshuvá pelas falhas dos pais.
Moshê continuou: "Lembram-se do que aconteceu nas planícies
de Moav?"
Benê Yisrael curvou a cabeça, sentindo vergonha. Lembraram-se
do pecado em Chitim, nas planícies de Moav, apenas uns poucos meses
antes. Na maioria, apenas os membros da tribo Shimon havia pecado com
as filhas de Moav. Haviam também servido ao ídolo Ba’al
Peor. Os pecadores foram condenados por Moshê, e uma praga havia
irrompido. Esta cessou apenas após Pinechás matar Zimri
e rezar a D’us.Os ouvintes fizeram teshuvá por isto, também,
embora não tivessem participado, e os verdadeiros culpados já
tivessem morrido.
Novamente, foi ouvida a voz de Moshê:
"Como vocês se comportaram nas praias do Mar Vermelho, quando
viram o exército do Faraó se aproximando de nós?
Entraram em pânico! Alguns de vocês gritaram de medo: ‘Se
ao menos tivéssemos morrido no Egito, ao invés de sermos
mortos aqui pelo exército do Faraó!’
"Mesmo depois que D’us afogou o exército do Faraó,
vocês não confiaram n’Ele. Pensaram que os egípcios
tinham escapado do Mar Vermelho assim como vocês! Para provar que
estavam errados, D’us ordenou que o mar jogasse os corpos dos egípcios
nas praias. Apenas então acreditaram no milagre."
Novamente, Benê Yisrael concorda com Moshê e aceita os erros
dos pais como se fossem seus.
Moshê continuou. "E recentemente – após a morte
de Aharon – vocês reclamaram sobre o maná! D’us
disse-lhes que deveriam se aprofundar no deserto, à terra de Edom.
Vocês objetaram: ‘De volta ao deserto outra vez? Estamos fartos
de sempre comer maná.’"
Uma vez mais, os ouvintes aceitaram as duras palavras de Moshê.
Esta era de fato uma geração notável! Ninguém
gritou: "Pessoalmente, não tenho culpa!"
Moshê ainda não terminara com a lista dos erros: "Todos
se lembram do que aconteceu no deserto de Paran! Vocês enviaram
espiões! Mais tarde, quando se aproximaram de Chatserot, Côrach
se rebelou!"
Finalmente, Moshê falou sobre o pecado mais grave de todos: o bezerro
de ouro.
"Vocês estavam ricos com ouro quando saíram do Egito!"
Moshê disse: "Porém, usaram-no para fazer um bezerro
de ouro. Ao invés de terem sido destruídos, D’us ordenou
que construíssem um Mishcan e perdoou-os pelo mérito do
Mishcan."
Novamente, Benê Yisrael aceita a admoestação de Moshê.
Fizeram teshuvá pelo pecado do bezerro de ouro.
O quê a Torá nos diz sobre estas falhas
Se você abrir o Livro da Torá nesta parashá e tentar
encontrar o discurso de Moshê, ficará surpreso. Não
está lá!
Tudo que se pode encontrar na Torá são estas poucas palavras:
"Moshê falou a Benê Yisrael sobre o que aconteceu nas
planícies de Moav, no Mar Vermelho, no deserto"... E assim
por diante. A Torá apenas menciona o nome de cada local onde um
pecado aconteceu. Por que não há mais detalhes?
D’us queria poupar o povo judeu da vergonha de ter um grande número
de falhas enumeradas no início de um novo Livro da Torá.
Por consideração para com os judeus, a Torá Escrita
apenas dá indícios do discurso de Moshê.
Moshê
abençoa Benê Yisrael
Moshê descreve o que acontecera no início da jornada pelo
deserto:
"Fui designado não apenas como seu professor de Torá,
como também para ser seu juiz. Como eu estava ocupado! Havia tantas
discussões e disputas entre vocês. Eu me sentava e julgava
por boa parte do dia, enquanto vocês freqüentemente esperavam
por horas para ver-me. Vocês cresceram até tornarem-se uma
imensa nação, e hoje são tantos como as estrelas
do céu. Que D’us os multiplique mil vezes mais, dando-lhes
filhos que sejam tsadikim como vocês. Que Ele os abençoe
como prometeu a seus antepassados!"
Por que Moshê subitamente abençoou Benê Yisrael no
meio de seu discurso?
Uma explicação seria:
Moshê havia reclamado sobre como era difícil lidar com um
povo tão numeroso. Mas não queria que o povo pensasse que
estava infeliz por eles serem tantos. Por isso, rapidamente acrescentou
uma bênção para que se tornassem ainda mais numerosos!
O Midrash fornece outra explicação:
D’us disse a Moshê: "Veja como Benê Yisrael é
justos! Poderia ter reclamado quando você lembrou de seus erros.
Porém, aceitaram suas palavras e fizeram teshuvá. Por isto,
mereciam ser abençoados." E assim, Moshê deu-lhes a
berachá.
O Midrash nos diz:
Benê Yisrael é comparado às estrelas, areia
e pó
Moshê comparou Benê Yisrael às estrelas, mas na verdade
D’us fizera uma promessa diferente a cada um dos antepassados:
• A Avraham: "Olhe para o céu. Tente
contar as estrelas! Assim como esta tarefa é impossível,
da mesma forma será impossível contar seus filhos!"
• A
Yitschac: "Seus filhos serão tão numerosos
como os grãos de areia na praia!"
• A Yaacov: "Seus filhos serão como
o pó da terra."
Tentemos entender como os judeus são comparados - as estrelas,
areia e pó:
• Estrelas – Cada estrela é importante
para o universo. Se apenas uma estiver faltando, a criação
de D’us é imperfeita. Da mesma forma, cada judeu também
é de suma importância.
• Areia – Embora ondas poderosas quebrem
contra a praia arenosa, a delicada areia é uma forte barreira.
A água não pode passar por ela e carregá-la para
longe.
Similarmente, o povo judeu repetidamente sobrevive aos ataques das nações
do mundo.
• Pó da terra – Plantas e árvores não
cresceriam sem o solo. Benê Yisrael pode ser comparados à
terra porque, pelo seu mérito, todas as nações são
abençoadas.
Na época de Moshê, D’us já tinha completado
Sua promessa de que Benê Yisrael seriam como as estrelas. Apenas
na época de Mashiach todas as promessas que D’us fez aos
patriarcas serão totalmente cumpridas.
Como Moshê
escolhia os juízes
Moshê continuou seu discurso:
"Disse-lhes que trouxessem a mim os homens justos que sejam sábios
e compreensivos. Eu os escolheria como juízes.
"Ao ouvir este pedido, vocês deveriam ter respondido: ‘Moshê,
preferimos que sejas nosso único juiz! Tu é quem recebeste
os mandamentos diretamente de D’us. Os outros juízes são
apenas teus alunos; não possuem todo o teu conhecimento.
"Mas vocês concordaram imediatamente. Pensaram: ‘Entre
tantos juízes, alguns aceitarão suborno e nos favorecerão!’"
"Eu disse aos novos juízes: ‘Julguem todos os casos
que puderem. Se um caso for muito difícil, tragam-no a mim.’"
Embora Moshê assim falasse, D’us mostrou-lhe que mesmo ele
não conseguiria cuidar sozinho de todos os casos difíceis.
Quando as filhas de Tselofchad (na parashá de Pinechás)
vieram perguntar a Moshê se a herança paterna deveria ser-lhes
concedida, Moshê não respondeu de imediato, consultando primeiro
D’us. Moshê então repetiu ao povo as regras que havia
ensinado aos juízes.
As regras para os juízes judeus
• O mesmo tipo de problema pode ser trazido a vocês mais de
uma vez. Da primeira, será novo para vocês, assim estudarão
cuidadosamente a solução. Da segunda vez, vocês não
estudarão tão detalhadamente. Quando ouvirem o problema
pela terceira vez pensarão: "Por que deveria eu escutar estas
leis novamente? Já conheço este caso." Mas estão
errados! Devem revisar cuidadosamente cada caso antes de tomar uma decisão,
mesmo se acharem que lhes é familiar.
• Pode acontecer de lhe perguntarem sobre um caso a respeito de
alguns centavos. Mais tarde, um caso envolvendo uma fortuna pode lhes
ser apresentado. Não adiem a questão a respeito da pequena
quantia, julgando o segundo em primeiro lugar. Devem ambos ter a mesma
importância para você.
• Quando duas pessoas entrarem para julgamento, não pensem:
"Esta pessoa parece ser um vigarista. O outro aparenta ser uma pessoa
decente!"
Ao contrário, ambas as partes devem parecer igualmente culpadas
para vocês. Após aceitarem a decisão da justiça
e saírem, ambos devem ser como tsadikim a seus olhos.
• Um pobre e um rico têm uma disputa. Não pensem: "Esta
é uma boa oportunidade de ajudar o homem pobre! Farei com que o
rico perca o caso, para que pague dinheiro ao outro. Desta maneira, ajudarei
o homem pobre!" Isto não é permitido! Não podem
também favorecer o homem rico. Ambos devem ser iguais para vocês.
• Nunca temam pessoa alguma. Se um rufião ameaçar:
"Não ouse fazer-me perder, ou porei fogo em sua casa!"
- não se deixem intimidar.
• Vocês devem ouvir cada caso diretamente das pessoas envolvidas
e não através de um tradutor. Por esta razão, para
ser um membro do Sanhedrin (Suprema Corte) era preciso saber muitos idiomas.
• Assuntos financeiros devem ser decididos por três juízes.
Uma sentença de vida ou morte, porém, deve ser decidida
por pelo menos vinte e três juízes.
o Uma sentença de morte jamais pode ser pronunciada em um único
dia. A decisão final deve ser tomada no dia seguinte.
Moshê
fala sobre os espiões
Moshê continuou suas palavras de admoestação a Benê
Yisrael:
"Dois anos após deixarmos o Egito, poderíamos ter entrado
em Êrets Yisrael. Mas devido ao espiões, D’us nos manteve
no deserto por mais 38 anos.
"Na Outorga da Torá, vocês se comportaram respeitosamente.
Mas quando vieram me falar sobre o envio de espiões a Êrets
Yisrael, empurraram uns aos outros. As crianças abriam caminho
empurrando os adultos, e os adultos eram desrespeitosos com os líderes,
empurrando-os para o lado.
"Em seguida agiram enganadoramente. Pediram que ‘mandássemos
espiões para preparar o caminho para nossa conquista do país’.
Mas esta não era a sua verdadeira intenção. Queriam
evitar a luta com as nações que lá estavam. "Não
confiaram na promessa de D’us de ajudá-los a conquistar as
sete nações. Embora eu acreditasse em vocês, D’us
entendeu suas verdadeiras intenções.
"Escolhi doze dos melhores homens entre vocês. Eram tsadikim.
Mas ao começarem a viagem, maus pensamentos perturbaram suas mentes.
Começaram a planejar um relatório falso. Temiam lutar contra
os canaanitas. Por isto, tentaram impedir que Benê Yisrael se envolvessem
numa guerra.
"Quando retornaram, apenas Yehoshua e Calêv louvaram Êrets
Yisrael. Os outros falaram lashon hará sobre essa terra.
"Novamente agiram de forma imprópria. Em vez de cerrar fileiras
com Yehoshua e Calêv, acreditaram nos dez espiões. D’us
havia nos falado sobre como a terra era boa. Por que não acreditaram
n’Ele?
"Vocês tinham medo de lutar contra as nações
de Erets Yisrael. São realmente guerreiros poderosos, vivendo em
cidades fortificadas até o céu. Há inclusive gigantes
entre eles.’
‘Mas disse a vocês para não sentirem medo - D’us
lutaria por vocês! Viram como Ele cuidou de vocês amorosamente
no deserto? Por que, então, não crêem que Ele lhes
concederia mais bondade?
"Após todo este comportamento impróprio, D’us
ficou aborrecido: ‘Os homens desta geração não
verão a boa terra que prometi aos seus antepassados’, prometeu
Ele. ‘Apenas Yehoshua e Calêv terão este privilégio’"
Moshê continuou:
"Após o pecado dos espiões, D’us ficou descontente
comigo também. Pelos próximos 38 anos, a profecia de D’us
não foi transmitida com o mesmo amor, como antes do incidente dos
espiões. Este acontecimento também causou minha morte no
deserto. Porque golpeei a rocha em Mê Meriva, D’us disse-me
que Yehoshua lideraria Benê Yisrael à Terra Prometida."
Os judeus
e a conquista da Êrets Yisrael
"Embora D’us tivesse falado que traria apenas a próxima
geração a Terra Prometida, alguns entre vocês disseram:
‘Não queremos esperar. Queremos entrar em Êrets Yisrael
agora! Pecamos quando nos recusamos a lutar contra os canaanitas. Agora
compensaremos por isto.’
"Vocês prepararam suas espadas, e estavam prontos a escalar
a montanha na fronteira de Êrets Yisrael. Mas D’us advertiu:
‘Diga-lhes para não escalar! Não estou com eles! Serão
derrotados!’ Mas vocês não deram ouvidos e mesmo assim
foram para a batalha. Os emorim, que viviam na montanha, perseguiram e
feriram vocês. Então aconteceu um milagre: qualquer emori
que tocasse em vocês morria instantaneamente. Isto demonstrou como
D’us controlava a situação."
Benê Yisrael não conquistaram três nações
Benê Yisrael estavam proibidos de conquistar três nações
que faziam fronteira com Êrets Yisrael. As três nações
eram:
1 – Seir, onde os descendentes de Essav viviam. Um outro nome para
este país é "Edom";
2 – Moav;
3 – Amon.
Por que Benê Yisrael foram proibidos de conquistá-los?
Benê Yisrael e Seir (Edom)
Moshê disse:
"Ao final de nossa caminhada, D’us nos ordenou rumar para o
norte, em direção a Êrets Yisrael, e passar pela terra
de Seir. D’us advertiu: ‘Os descendentes de Essav são
seus irmãos! Não os ataquem. Nem ao menos passem pela terra
deles sem permissão. Se quiserem alimentos ou água, paguem
por eles. Dei a terra de Seir a Essav até a era de Mashiach.’"
D’us não permitiu que os judeus conquistassem Seir porque
este país era a recompensa de Essav por honrar seu pai, Yitschac.
De que modo Essav se destacou por honrar seu pai?
Rabi Shimon ben Gamliel explicou:
"Quando servi meu pai, vestia roupas comuns. Quando estava pronto
para sair, me trocava e vestia roupas melhores. Quando Essav servia seu
pai, usava as melhores roupas. Considerava seu pai um rei. Aprendi com
Essav o quanto deve-se honrar os pais."
Para não dar a Essav um espaço no Mundo Vindouro, D’us
propositadamente concedeu a Essav a recompensa total por sua mitsvá
neste mundo.
Moshê continuou: "Enviamos mensageiros ao rei de Seir, pedindo-lhe
que nos deixasse passar através de seu país. Ele recusou.
Então, passamos ao redor do país de Seir."
Benê Yisrael e Moav
"Então nos aproximamos de Moav. Novamente, D’us advertiu:
‘Não podem conquistar Moav. Eu o dei aos descendentes de
Lot até a era de Mashiach.’
Mesmo assim, D’us nos permitiu recolher os despojos deles. Foram
eles que haviam contratado o mágico Bil’am para nos amaldiçoar
e enviaram as suas filhas para nos fazer pecar (Parashat Balac)."
Por que D’us ordenou aos judeus que não atacassem Moav?
D’us previu que uma mulher notável nasceria em Moav. Tornar-se-ia
judia, desposaria Boaz e seria mais tarde a avó do Rei David. Por
causa dela, o povo de Moav não foi destruído.
"Enviamos mensageiros ao rei de Moav, pedindo permissão para
passar pelas suas terras. Mas ele também recusou, e então
viajamos ao redor de Moav."
Benê Yisrael e Amon
"Quando nos aproximamos de Amon, D’us ordenou: ‘Benê
Yisrael não podem lutar com os amonim. Nem ao menos lhes será
permitido recolher os despojos deles. São descendentes de Lot,
e receberam o país até que chegue a era de Mashiach.’"
Por que Amon foi poupado?
D’us previu que do povo de Amon nasceria uma mulher importante:
Na’ama. Ela se tornaria judia e seria a mulher do Rei Shelomô.
Seu filho, Rechavam, seria coroado rei após a morte de Shelomô.
Há uma outra razão pela qual D’us proibiu a conquista
de Moav e Amon:
D’us poupou-os como recompensa pelo silêncio de Lot. Qual
foi o mérito de Lot?
No livro de Bereshit, na parashá de Lech Lechá a Torá
nos relata o seguinte: Quando Avraham viajou ao Egito, fingiu que Sara
era sua irmã. Lot, o sobrinho de Avraham, os acompanhou nesta viagem
e sabia a verdade: Sara era a esposa de Avraham! Ele podia ter contado
ao Faraó que Sara era a mulher de Avraham. O que poderia acontecer
a Avraham? O Faraó o teria matado para ficar com Sara. Quando Lot
ficou em silêncio, salvou a vida de Avraham. Como recompensa, D’us
poupou as vidas de seus descendentes, os moavim e amonim.
Por que Moshê lembrou aos judeus que D’us havia proibido a
conquista de Seir, Amon e Moav?
Benê Yisrael poderiam perguntar um dia: "Será que o
exército de Moshê era muito fraco para derrotar aquelas nações?"
Moshê deixou claro: "Embora D’us tivesse prometido a
Avraham que vocês conquistariam dez nações, Ele está
dando a vocês agora apenas sete nações. As outras
três – Seir, Amon e Moav – serão dadas a vocês
apenas na era de Mashiach. Não porque sejam muito fracos para sobrepujá-los,
mas porque D’us assim o ordenou. Ele está esperando o momento
certo para entregar estas três nações em suas mãos."
Benê Yisrael vencem Sichon e seu exército
Moshê continuou: "D’us não nos permitiu conquistar
Edom, Amon e Moav. Mas Ele deixou-nos conquistar a terra de Sichon, rei
dos emorim."
Os emorim tinham tentado impiedosamente aniquilar os judeus. Ordenaram
a seus soldados que se escondessem em cavernas na montanha, e atirassem
suas flechas em Benê Yisrael enquanto estes estivessem passando
por um estreito vale Emorita. Os judeus teriam sido destruídos
se não fosse pela ajuda de D’us (veja Parashat Chucat).
Moshê disse: "Enviei mensageiros a Sichon, pedindo: ‘Por
favor, deixe-nos passar por seu país! Se precisarmos de comida,
a compraremos de vocês.’
"Sichon recusou-se a nos deixar passar. Mesmo assim, senti que havia
agido corretamente em enviar-lhe mensageiros. Aprendi de D’us que
mesmo aos perversos deve-se dar uma chance."
"Sichon mobilizou ser exército. Deixou a capital e marchou
para atacar. Esta foi uma bondade especial de D’us. A capital de
Sichon estava tão bem guarnecida que teríamos tido problemas
em conquistá-la. Não tivemos que enfrentar diversos grupos
de soldados espalhados em locais diferentes. O exército estava
todo agrupado. Por isso, o capturamos rapidamente.
"Matamos Sichon, o poderoso gigante e seu filho. Desta maneira, conquistamos
a terra dos Emorim."
A derrota
de Og
O gigante Og era meio-irmão de Sichon. Governava o reino Emorita
de Bashan. Quem era Og?
O Midrash nos relata:
Como Og sobreviveu até a época de Moshê
Todos os gigantes poderosos que viviam ao tempo de Nôach se afogaram
no dilúvio. Apenas Og sobreviveu. Subiu por uma escada até
a arca e implorou a Nôach: "Por favor, salve-me! Serei seu
escravo para sempre,"
Nôach refletiu: "Tantas pessoas tentaram salvar-se subindo
na arca, mas nenhuma delas conseguiu. Como Og teve sucesso em chegar aqui,
D’us provavelmente deseja que ele sobreviva!"
Assim Nôach fez um pequeno furo na arca e passava comida a Og todos
os dias. Só esta tarefa já mantinha Nôach e seus filhos
muito ocupados! Nossos sábios dizem que Og devorava incríveis
quantidades de comida, e que bebia galões de água. Mesmo
assim, Nôach o alimentou, e Og sobreviveu.
Por que D’us permitiu que vivesse?
D’us desejava que o mundo visse um gigante da época anterior
ao dilúvio. O mundo aprenderia então que D’us destruiu
até mesmo esta raça de gigantes, porque rebelaram-se contra
Ele.
Og ainda estava vivo ao tempo de Avraham. Quando Lot, sobrinho de Avraham,
foi capturado numa guerra, (Parashat Lech Lechá) Og pensou: "Vou
correr e dizer a Avraham que seu sobrinho foi preso. Quando Avraham for
resgatá-lo, será morto pelos captores de Lot. Poderei então
casar-me com a linda Sara!"
D’us imediatamente prometeu: "Pelos esforço que fizeste
para trazer a Avraham a mensagem, terás vida longa. Mas como desejaste
que Avraham fosse morto, serás destruído pelos seus descendentes!"
Og era uma das pessoas convidadas ao berit milá de Yitschac. Os
reis de Cnaan haviam sido convidados também. Os reis disseram a
Og, "Você sempre chamou Avraham de ‘mula,’ dizendo
que ele é como uma mula que não pode dar cria. Porém,
veja, ele tem um filho, Yitschac!"
Og olhou para o bebê de Avraham, um menino. Naquela época,
os bebês nasciam tão grandes que mesmo os recém-nascidos
precisavam de uma cama de adulto. Yitschac foi o primeiro bebê a
nascer pequeno e fraco, como os bebês atuais.
"Este bebê é tão pequeno que precisa de um berço!"
- zombou Og. "Eu poderia matá-lo com um dedo!"
"É assim que você fala do filho que dei a Avraham?"
D’us disse. "Você viverá para ver dezenas de milhares
de descendentes deste bebezinho! E você cairá em suas mãos."
Quando Yaacov chegou ao Egito, Og estava visitando o Faraó.
O Faraó disse a Og: "Você sempre afirmou que Avraham
nunca teria filhos! Mas aqui está o neto de Avraham, Yaacov, e
ele trouxe setenta dos descendentes de Avraham com ele!"
Og ficou furioso. Desejou que todos os descendentes perecessem!
"Seu malvado!" - disse D’us. "Por que lhe deseja
mal? No fim, você será destruído!"
Moshê contou a história: "Og tornou-se o governante
de Bashan. Quando ouviu que havíamos conquistado Sichon, preparou
seu exército para a guerra.
"Chegamos perto de Edrê, a cidade fortificada de Og. Lá
acampamos para passar a noite e preparamo-nos para invadir a cidade pela
manhã.
"D’us disse-me: ‘Veja Og sentado sobre a muralha!’
Ele era tão imenso que quando sentava-se sobre a muralha, seus
pés tocavam o solo.
"Eu estava com medo. Pensei: ‘Este é o malvado que zombou
de Avraham e Sara. Disse que eles eram como árvores próximas
da água, mas que não dão frutos.’ ‘Não
o tema,’ disse-me D’us.
"Og apanhou uma enorme pedra para jogar em cima de nós. Mas
D’us transformou-a em pedaços. Enquanto isso, apanhei um
machado e atingi Og no calcanhar. Caiu para trás e morreu."
"Enfrentamos o exército de Og. D’us fez o sol ficar
imóvel até que a batalha terminasse. Assim, o mundo inteiro
soube desta guerra e de nossa vitória."
Derrotamos o exército emorita. Agora possuímos enormes lotes
de terra a leste do Rio Jordão.Dividi a terra entre Reuven, Gad,
e metade de Menashê. Ordenei então: ‘Embora já
tenham recebido seu quinhão, devem acompanhar Benê Yisrael
até Êrets Yisrael e ajudá-los a lutar. Depois, podem
retornar à sua terra.’
"A Yehoshua, eu disse: ‘Você viu como D’us destruiu
os poderosos gigantes Sichon e Og. Assim Ele destruirá todos os
reis que vivem em Êrets Cnaan. Não tenha medo, pois D’us
está lutando por você!’"
Um conceito
importante a aprender
Sabemos que todo o livro de Devarim é um longo discurso. Benê
Yisrael não contradisse Moshê. Aceitaram cada palavra e fizeram
teshuvá.
Tomemos nós mesmos como exemplo. Como reagimos quando um amigo
nos repreende? É desagradável. Às vezes, podemos
negar que agimos errado. Outras vezes tentamos justificar nossas ações
com desculpas. É normal esquecer e não nos preocuparmos
após ouvirmos admoestação.
Nesta parashá, aprendemos que há um modo melhor. Há
um versículo em Mishlê (9:8) que diz: "Não diga
mussar a um tolo, pois ele o odiará. Diga mussar a uma pessoa sábia,
e ela o amará."
Qual o significado disto?
Um tolo não suporta aquele que lhe diz que está errado.
Não está interessado em aperfeiçoar-se. Quer ser
da maneira que deseja e que lhe convem.
O sábio pensa: "D’us trouxe-me a este mundo com um objetivo
em mente: Devo me esforçar para me tornar uma pessoa melhor. Deixe-me
aceitar a ajuda dos outros para alcançar isto!"
A pessoa que possui sabedoria ouve suas falhas com gratidão. Tenta
aprimorar a si mesmo se seus atos não foram muito sérios
ou se não foi tão culpado.
Nossos sábios chamam a geração de Moshê "dor
de’a", uma geração sábia. Ficaram envergonhados
por suas falhas, quando foram enumerados em voz alta. Perceberam que Moshê
apontava seus erros e pecados somente porque os amava profundamente e
se preocupava com eles.
D’us proclamou: "O mussar de Moshê Me é tão
caro como todas as mitsvot que dei a Benê Yisrael!"