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Os seis
dias da criação
O primeiro dia: D’us
criou a Luz, o Céu e a Terra.
No primeiro dia da Criação, D’us criou a Luz antes
de tudo.
Ele o fez do mesmo modo que um rei quer construir seu palácio.
Uma parábola
O rei que não pôde criar a luz
A noite toda, o rei e sua companhia marcharam através da flo-resta.
Os soldados da escolta real sussurravam excitados entre si. Quando vão
chegar lá? Como será? Durante meses – não,
anos – o rei planejou construir o mais suntuoso palácio do
mundo. Agora, finalmente, a construção seria iniciada e
o rei pessoalmente estava-os conduzindo para o lugar que havia escolhido
para esta obra.
De repente, os sussurros pararam, porque o rei se deteve. Ele apontou
para uma enorme clareira e comandou: "Agora! Vamos começar
a construção!"
As ordens do rei foram recebidas com um silêncio terrível.
Os construtores reais baixaram suas cabeças e não conseguiam
falar.
"Majestade," propôs tremendo um trabalhador, ‘é
noite agora e no escuro da floresta mal podemos enxergar qualquer coisa!"
"Luzes", vociferou o rei. "Os trabalhadores precisam de
luz! Luzes, imediatamente!"
Ouviu-se desesperada correria de pés, enquanto todos procuravam
os eletricistas reais. Finalmente, eles descobriram um eletricista em
meio aos trabalhadores da construção, mas, em voz baixa,
ele confessou que não havia trazido consigo nem fios elétricos
e nem interruptores.
"Vocês não têm velas nem fósforos, ao menos?"
grunhiu o rei. "Acendam tochas!"
Mas o vento da floresta estava soprando tão forte que era impossível
acender uma chama.
Atrapalhado e zangado, o rei foi forçado a anunciar que a construção
seria adiada. Ele não tinha meios de criar a luz que era necessária
para começar a construção do palácio.
A chave para a parábola
D’us criou a luz bem no início.
Mas como D’us é diferente de um rei humano! O rei humano
pode se enfurecer, bradar e bater os pés, mas sem fósforos,
luz elétrica ou alguma outra espécie de luz conhecida, ele
não pode criar a luz.
D’us, porém, criou a luz do nada, pronunciando somente três
palavras: "Que haja luz!" E, de repente, saída do nada,
a luz apareceu do meio da escuridão.
D’us decidiu, "Que haja sempre luz durante o dia, para que
as pessoas enxerguem e possam fazer seu trabalho. Todas as noites Eu trarei
a escuridão para que as pessoas possam descansar."
Depois, D’us criou o Céu e a Terra. D’us não
precisou colocar suportes embaixo do globo para segurá-lo. Ele
o suspendeu no espaço.
Segundo dia:
D’us fixa o firmamento
A Terra que D’us criou no primeiro dia estava coberta de água,
que estava amontoada sobre o chão a grande altura. Não havia
firmamento. No segundo dia, porém, D’us ordenou para as águas:
"Dividam-se em duas! Uma das metades ficará no alto e a outra
afunde na Terra e Eu fixarei o firmamento no meio."
D’us chamou o firmamento Shamáyim, Céu. Ele manteve
água nas nuvens em forma de vapor para mandar mais tarde em forma
de chuva, a fim de que as plantas na Terra pudessem crescer.
Terceiro dia:
D’us criou a terra seca, a grama, as árvores e todas as espécies
de plantas
No terceiro dia, a água ainda cobria toda a Terra. Não havia
um único ponto seco. D’us ordenou ao anjo do mar:
"Reúna toda a água em alguns lugares para que o restante
se torne seco."
O anjo do mar perguntou: "Onde porei toda a água que sobrar?
Dificilmente haverá lugar suficiente na Terra para tanta água!"
D’us então juntou toda a água da Terra e a derramou
nos oceanos, lagos e rios. O restante da Terra se tornou seca. A água,
porém, ficou tão aborrecida por estar aprisionada que ameaçou
transbordar e cobrir tudo outra vez.
"Fique onde a deixei!", ordenou D’us. Não inunde
a terra seca!" D’us pegou um pouco de argila, escreveu sobre
ela Seu grande Nome de quarenta e duas letras e jogou-a no fundo d’água.
Enquanto a argila estiver lá embaixo, nas profundezas da água,
esta não inundará a terra. (Antes do Dilúvio, D’us
a removeu). Então D’us ordenou:
"Que a relva cubra a terra seca!"
Imediatamente, a relva começou a brotar da terra. Além da
grama para os animais, D’us criou todos os tipos de grãos,
vegetais e ervas comestíveis. Ele também ordenou à
terra que produzisse uma grande variedade de flores, para dar prazer à
visão e ao olfato; além de todos os tipos de folhas e arbustos.
Estes maravilhosos exemplos das obras de D’us podem ser admirados
nos jardins e campos, nas florestas e montanhas e todas elas foram produzidas
por D’us no terceiro dia da Criação. Então
D’us ordenou:
"Que árvores frutíferas cresçam na terra!"
Imediatamente, emergiram milhares de tipos de árvores; macieiras,
pereiras e laranjeiras, ameixeiras, pessegueiros e o que se pudesse imaginar,
cada uma com frutas deliciosas, de cores e formas diferentes.
Quarto dia:
D’us suspende o Sol, a Lua e as estrelas no firmamento
No quarto dia, D’us colocou o sol, a lua e as estrelas no firmamento.
Existem sete Céus, um sobre o outro. D’us pôs o Sol
no Segundo Céu e não no mais baixo, pois queimaria o mundo
inteiro com seu intenso calor.
O Midrash explica: A lua é punida por reclamar
Quando D’us criou o Sol e a Lua, Ele fez os dois exatamente do mesmo
tamanho. A Lua disse para D’us:
"Sempre que criastes um par, fizestes um maior que o outro. Fizestes
dois mundos – olam hazê, este mundo e olam habá, o
mundo vindouro. Dois olam habá é o maior. Criastes o Céu
e a Terra, o Céu é maior, por ser Tua morada. De fogo e
água, a água é mais forte, porque extingue o fogo.
Só o Sol e eu, a Lua, fizestes do mesmo tamanho. Um de nós
tem que ser maior."
"Ahá!" exclamou D’us. "Sei qual é seu
verdadeiro propósito, Lua! Você gostaria que a fizesse maior
e o Sol se torna-se o menor. Mas por ter se queixado, Eu a farei menor."
"O meu castigo será tão grande, só porque me
ter reclamado?" perguntou a Lua.
"Bem," respondeu D’us, "no futuro, quando Mashiach
chegar, Eu farei a sua luz mais forte, tão forte como a luz do
Sol agora."
"Serei então igual ao Sol?"
"Não," respondeu D’us, "porque então
o Sol brilhará sete vezes mais do que agora."
Quinto dia:
D’us criou os peixes e os pássaros
No quinto dia, D’us encheu as águas com milhares de espécies
de peixes e criaturas marinhas. Ele também criou os pássaros
que voam no firmamento.
Sexto dia:
D’us cria os animais e o homem
No sexto dia, D’us fez todos os animais, grandes e pequenos. Ele
pôs sobre a Terra elefantes, ursos, leões, tigres, panteras,
vacas, carneiros, cachorros, gatos bem como camundongos, ratos, doninhas,
esquilos e tantas outras espécies de animais. Não se pode
esquecer dos insetos. Pode-se conhecer apenas alguns poucos insetos, como
moscas, pernilongos, formigas, aranhas, baratas e, naturalmente, zangões
e gafanhotos, mas na realidade existem milhões!
Mesmo o corpo dos menores insetos foi feito por D’us para funcionar
como um mecanismo complexo. Ao serem estudadas as partes do corpo de um
inseto, começa-se a entender um pouco sobre a fantástica
sabedoria de D’us.
Finalmente, D’us formou a maior de suas Criações:
o homem.
Uma história:
Ninguém pode se comparar ao Criador
O imperador romano, Adriano, voltou de Êrets Yisrael, após
tomar parte na destruição do Segundo Bet Hamicdash.
"Vocês vêem," gabou-se ele para os romanos,"
eu lutei contra o D’us dos judeus. Destruí Sua terra, queimei
Sua casa e escravizei Seu povo, os judeus. Por isso, agora também
sou um deus. Obedeçam-me e sirvam-me!"
Três de seus mais sábios ministros estavam presentes. O primeiro
se levantou respeitosamente e disse:
"Oh, Imperador! Como você pode dizer que venceu D’us
se você ainda está em Seu palácio? Deixe o Seu palácio
e o declararemos deus. O céu e a terra são o palácio
de D’us. Se você pode sair do céu e da terra, nós
o serviremos!"
O segundo ministro respondeu à arrogância de Adriano:
" Desejo fazer um pequeno pedido," anunciou. "Se você
realizar, nós o serviremos. Este é o meu pedido. Uma forte
tempestade se levantou e não nos deixa aportar. Sou um homem infeliz,
porque todo o meu dinheiro estará perdido. Só faça
o navio aportar e eu, certamente, irei servi-lo como a um deus!"
"Muito bem," respondeu Adriano. "Mandarei toda a minha
frota para ajudá-lo. Os marinheiros jogarão cabos e puxarão
seu navio para a costa."
"Por que você dá ordens tão complicadas?"
perguntou o ministro. "Mande apenas um vento para trazer meu navio
para a costa."
"Eu não sei como comandar o vento," disse Adriano.
"Então, como você nos pede para servi-lo?" disse
o ministro. "D’us criou o vento e o governa. Como você
pode pretender ser um deus?"
O terceiro ministro disse para Adriano:
"Nós o serviremos se você ordenar ao mar que se retire,
para que a terra seca apareça e as pessoas possam se instalar nela."
"Isto é impossível para mim," admitiu Adriano.
"Mas quando D’us criou o mar," disse o ministro intencionalmente,
"Ele foi capaz de dar ordens e dizer–lhe como fluir. Como então
você se compara a D’us?"
Adriano ficou furioso com seus ministros. Foi para casa e se queixou para
sua mulher que seus ministros se recusavam a servi–lo. Sua mulher
era muito esperta e disse:
"Faça só uma pequena coisa e você será
considerado deus."
"O que devo fazer?" perguntou-lhe Adriano.
"Devolva sua alma a D’us," disse ela.
"Você perdeu o juízo?" perguntou-lhe ele. "Se
minha alma deixar meu corpo, não estarei mais vivo!"
"Como você pode querer ser um deus?" perguntou sua mulher.
"Nem ao menos consegue comandar sua própria vida e quer fazer
de conta que governa o céu e a terra?!Vamos servir melhor a D’us
Que criou o céu e a terra, fez as plantas e os animais e criou
todas as pessoas e as mantêm vivas."
Sétimo dia
Shabat O desfile dos anjos
No sétimo dia, D’us sentou-Se em Seu Trono e Ordenou a todos
os anjos que marchassem a sua frente, num grande desfile.
Primeiro, o anjo a quem Ele tinha nomeado para se encarregar dos oceanos
passou marchando feliz, seguido do anjo encarregado dos rios.
Depois, marchou o anjo nomeado para cuidar das montanhas; o anjo das águas
profundas; o anjo da relva; o anjo do Guehinom (inferno); o anjo do Gan
Eden (paraíso); o anjo dos insetos e répteis; o anjo dos
animais selvagens; o anjo dos gafanhotos e, finalmente, o anjo encarregado
de todos os outros anjos.
Todos os anjos dançaram em santidade e alegria. Encheram os céus
com felicidade! Louvaram D’us e gritavam: "A glória
de D’us durará para sempre!" Também cantavam:
"Que D’us se regozije com a maravilhosa Criação
que Ele fez!"
Então D’us acenou para o anjo encarregado do Shabat e sentou-o
no trono de honra. Todos os anjos dançaram ao seu redor e cantaram,
"Hoje é Shabat Côdesh, o santo Shabat para D’us!"
Depois que D’us criou Adão, Ele o ergueu e deixou-o ver como
era grande a felicidade do Shabat no Céu. O dia do Shabat era como
um grande siyum, uma festa de celebração, porque D’us
havia terminado Sua obra. Quando Adão viu os anjos cantando e dançando,
compreendeu como é santo o dia de Shabat e a felicidade que ele
poderia trazer para as pessoas na Terra.
O Midrash explica:
Shabat recebe um sócio eterno
Depois que D’us fez o Shabat, o Shabat exclamou: "Estou tão
triste e solitário. Sou o único dia que não tem sócio.
Domingo vai junto com a Segunda; Terça é vizinha da Quarta;
Quinta tem Sexta. Mas eu não tenho ninguém que esteja junto
comigo, porque sou o último dia da semana!"
D’us respondeu: "Não se preocupe, Shabat. Um povo inteiro
será seu amigo. O povo judeu terá o privilégio de
mantê–lo santificado. Por isso você, Shabat e o povo
judeu irão sempre pertencer um ao outro!"
O Midrash explica:
Todas as criações louvam D’us
Você sabia que todas as criações cantam louvores a
D’us? Elas Lhe agradecem por tê-las feito tão perfeitas
e porque Ele designou tarefas no mundo a cada uma. As árvores louvam
a D’us com os graciosos movimentos do balanço de seus galhos.
A água canta para Ele com o barulho das ondas e o poderoso rugir
da rebentação. Os animais O louvam com seus variados chamados
e sons. O Sol e a Lua O louvam com seu brilho sobre o mundo. Isto é
o que diz o Passuk no Tehilim (capítulo 148): "Louvem D’us,
da terra; as cobras grandes e todas as criaturas que vivem nas profundezas;
fogo e granizo; neve e neblina; o vendaval que cumpre as ordens de D’us;
montanhas e todos os morros; árvores frutíferas e todos
os cedros; bestas selvagens e todo o gado; animais rastejantes e pássaros
alados."
Mas quem deveria louvar D’us mais do que todos?
Certamente nós, que devemos lembrar que tudo no mundo foi criado
para a humanidade e que fomos criados para servir a D’us. |