BEIT CHABAD

  Midrash Bereshit
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As letras competem por uma preciosa oportunidade

As letras do Alef Bet estavam reunidas em volta de D’us, com muita expectativa e alvoroço. Uma feliz letra seria escolhida em breve para iniciar a primeira palavra sagrada da Torá, o mais precioso tesouro do mundo. Qual seria ela? Cada uma esperava que D’us a escolhesse entre todas as outras e juntas clamavam por sua atenção.

"Por favor, D’us, comece a Torá comigo!" gritavam todas juntas.

A letra Tav moveu-se para a frente. "D’us", gritou ela. "Sou a maior de todas as letras! Sou Tav, a primeira letra da amada palavra Torá! Sei que cada letra do Alef Bet corresponde a um número; meu valor equivale a quatrocentos, o número mais alto de todos! 1 Não concordas que devo ser o começo da Torá?

"Acho que não", respondeu D’us, "porque um dia te usarei como um mau sinal. Muitos anos mais tarde, quando destruirei o Bet Hamicdash usarei a ti Tav, para marcar os judeus que merecem morrer."

"Nesta época", continuou D’us, "ordenarei ao Anjo da Morte para voar sobre Jerusalém e escolher os judeus que são Tsadikim (justos). Na testa de cada Tsadic ele marcará a letra Tav com tinta invisível."

"O Tav significará a palavra hebraica "tu viverás" e aos judeus assim marcados será permitido viver a salvo de seus inimigos."

"Então ordenarei ao Anjo da Morte, ‘Separa os judeus que são perversos, os Resha'im. Marque em cada testa do Rashá a letra Tav, não com tinta, mas com sangue. O Tav sangrento significará a palavra hebraica "tu morrerás" e os judeus perversos assim marcados serão destruídos por seus inimigos."

Você vê agora, Tav, porque não quero usá-la para começar a Torá: porque, um dia, você servirá como sinal nos judeus que devem morrer."

Ao ouvir isto, Tav saiu profundamente desapontada.

A letra Shin veio para a frente esperançosa. Ela se inclinou e pediu em voz alta:

"Por favor, D’us, usa a mim como a primeira letra de sua Torá! Depois de Tav sou o número mais alto do Alef Bet, igual a trezentos. Eu sou até o começo de um de seus nomes sagrados, Sha-dai."

"Absolutamente não," respondeu D’us, "pois, apesar de ser verdade que és importante, inicias os nomes de coisas tão odiosas como shav, que quer dizer "falsidade" e sheker, que quer dizer "mentira". Odeio mentiras e falsidades. Construí Meu mundo sobre a verdade."
Shin saiu abatida.

Isto não desencorajou Reish de se aproximar do trono de D’us. Ele sentiu que tinha um argumento convincente. "Tem piedade de mim, D’us" pediu ela, "e honra–me com o início de sua Torá. És conhecido como um D’us Misericordioso e sou a primeira letra da palavra Rashum, que significa ‘misericordioso’. Também devo lembrar que sou o começo da palavra refuá, ‘curar’..."

A voz de Reish parecia embaraçada, pois sentiu que D’us ia recusar seu pedido.

Seus temores foram confirmados, pois D’us explicou: "No futuro, Moshê Rabênu conduzirá os judeus através do deserto. Alguns judeus ingratos não irão aceitá-lo como líder. Em seus corações irão resmungar, ‘Nós preferimos servir ídolos no Egito a servir D’us como homens livres no deserto’. Eles vão gritar, ‘Vamos nos revoltar contra Moshê, escolher um outro líder e voltar para o Egito’."
D’us perguntou: "Estás consciente, Resh que és a primeira letra da palavra Rosh (líder) a ser clamada pelos judeus rebeldes?" "Para piorar as coisas" continuou D’us, " és o começo da palavra Rá, que significa ‘maldade’ e Rashá, uma pessoa perversa." Reish compreendeu que não seria aceita e concordou com relutância. Mais do que depressa, a letra Kuf agarrou a oportunidade:

"Que tal eu?" falou. "Sou uma letra maravilhosa. Quando os judeus forem rezar, irão me usar para começar a recitar a Kedushá. Irão proclamar, ‘Cadosh, cadosh, cadosh, sagrado é ēD’us.’" "No entanto," persistiu D’us, "não podes ser a primeira letra da Torá. És o começo da palavra Kelalá, ‘maldição’. Não quero que as pessoas perversas digam, "Quando D’us fez o mundo, Ele o amaldiçoou, por isso começou a Torá com um Kuf."

Uma a uma, todas as outras letras se aproximaram do trono de D’us, tentando tomar para si a glória de se tornar o começo da Torá. Elas persuadiam, imploravam, pediam e argumentavam, mas inutilmente. D’us rejeitou todas elas.

Finalmente, ficaram apenas duas letras, Alef e Bet. Estas duas esperaram, ficando mais tensas a cada momento. Bet estava tão nervosa que, após a longa espera, o pequeno ponto dentro dela estremecia, como uma batida de coração.

"Por favor, D’us," exclamou meio excitada, meio soluçando, "eu gostaria tanto de ser a primeira letra da Torá! Sou o começo de muitas coisas boas. Seus filhos, os judeus, dizem seus louvores na s preces: "Baruch D’us – louvado seja D’us; e ‘Louvado seja o nome de D’us para sempre’; e ‘Louvado seja D’us para sempre, amen, amen.’ Todos estes louvores começam com um Bet!"
Desta vez, D’us concordou.

"Sim, respondeu Ele. "Começarei a Torá contigo. Bet é o começo de Berachá, bênção. Quero que todo o povo da Terra saiba que o amo e o abençôo. Por isso, a Torá vai começar com um Bet, com a palavra Bereshit."

Ao ouvir que Bet foi escolhida, Alef se afastou em silêncio.

"Alef", chamou D’us, "não queres pedir por ti também?"

Alef suspirou:
"Sou uma letra tão sem importância," disse com humildade. "Todas as outras letras do Alef-Bet merecem muito mais do que eu. Bet é igual a dois, Guímel a três, Dalet a quatro -– mas sou apenas um pequeno número, igual ao número um."

"Ao contrário, Alef," exclamou D’us. "Alef, és o rei de todas as letras! És um e Eu também sou Um, e a Torá é uma."

"Portanto, quando Eu der a Torá no Har Sinai, não vou começar com nenhuma outra a não ser tu. Estarás no começo dos Dez Mandamentos: "Anochi", D’us, Eu sou D’us."

A criação do Céu e da Terra e a importância da paz

Quando D’us estava para criar o mundo, o Céu suplicou: "D’us, primeiro cria todas as coisas relativas a mim – o firmamento, o sol, a lua e as estrelas."

A Terra insistiu: "D’us, deixa-me ser a primeira! Cria as plantas, os animais e as pessoas que viverão na Terra."

Esta discussão egoísta não agradou a D’us, pois Ele deseja que todos vivam em paz e harmonia. Por isso respondeu:

"Vou deixá–los se revezar, Céu e Terra, para ver a criação realizada. No primeiro dia, farei o Céu e a Terra. No segundo dia, darei a vez para o Céu, farei o firmamento. No terceiro dia, a Terra terá a sua vez, reunirei as águas e cobrirei o chão com grama. No quarto dia, o Céu terá outra vez a chance e Eu colocarei nele o sol, a lua e as estrelas. No quinto dia, será novamente a vez da Terra, encherei os oceanos com peixes e criaturas do mar. O sexto dia, porém, será dividido entre o Céu e a Terra. Criarei Adão dos dois, da Terra e do Céu: seu corpo será feito do pó da Terra, mas a sua Neshamá, sua alma, virá de Mim, do Céu."

Quem é o primeiro a fazer a paz?

Nossos sábios sempre se esforçaram de todas as maneiras possíveis para viver em paz com todos.
Há uma história que ilustra esta afirmação:

"Certa vez, um açougueiro começou uma briga com Rabino Abba, conhecido como Rav, o grande estudioso da Torá. Rav estava ansioso para fazer as pazes com o açougueiro e decidiu esperar os dias que antecedem Yom Kipur. ‘’Esta é uma ocasião,’ ele pensou consigo mesmo, ‘na qual as pessoas fazem as pazes umas com as outras. Certamente, o açougueiro virá e irá me pedir perdão. Seremos novamente amigos.’

Mas a véspera de Yom Kipur chegou e não havia sinal do açougueiro.

Não é suficiente esperar que o açougueiro venha a mim fazer as pazes," pensou Rav. "Se eu realmente desejo paz, tenho que ir atrás dela. Se o açougueiro não vem a mim, irei a ele."
Apesar da briga ter sido, de fato, culpa do açougueiro, Rav estava pronto para se humilhar diante dele e pedir-lhe perdão. Quando Rav chegou, viu o açougueiro brandindo um enorme machado com o qual cortava fora as cabeças dos animais. O açougueiro levantou os olhos de seu trabalho e percebeu Rav.

Zangado, ele gritou:

"É você, Abba? Vá para casa, não quero nada com você,

Imediatamente, D’us, castigou o açougueiro por se recusar a fazer as pazes e ofender o Rav.

Quando o açougueiro ergueu seu machado para dar o próximo golpe, o ferro se soltou do cabo de madeira e bateu na própria cabeça do açougueiro, matando-o.

É uma Mitsvá ser o primeiro a fazer as pazes e se desviar do seu caminho para fazer isso, como diz o Passuk no Tehilim. Isto quer dizer que devemos ir em busca da paz e não ficar esperarando por ela.

Os seis dias da criação

O primeiro dia: D’us criou a Luz, o Céu e a Terra.

No primeiro dia da Criação, D’us criou a Luz antes de tudo.

Ele o fez do mesmo modo que um rei quer construir seu palácio.


Uma parábola


O rei que não pôde criar a luz

A noite toda, o rei e sua companhia marcharam através da flo-resta. Os soldados da escolta real sussurravam excitados entre si. Quando vão chegar lá? Como será? Durante meses – não, anos – o rei planejou construir o mais suntuoso palácio do mundo. Agora, finalmente, a construção seria iniciada e o rei pessoalmente estava-os conduzindo para o lugar que havia escolhido para esta obra.
De repente, os sussurros pararam, porque o rei se deteve. Ele apontou para uma enorme clareira e comandou: "Agora! Vamos começar a construção!"

As ordens do rei foram recebidas com um silêncio terrível. Os construtores reais baixaram suas cabeças e não conseguiam falar.

"Majestade," propôs tremendo um trabalhador, ‘é noite agora e no escuro da floresta mal podemos enxergar qualquer coisa!"

"Luzes", vociferou o rei. "Os trabalhadores precisam de luz! Luzes, imediatamente!"

Ouviu-se desesperada correria de pés, enquanto todos procuravam os eletricistas reais. Finalmente, eles descobriram um eletricista em meio aos trabalhadores da construção, mas, em voz baixa, ele confessou que não havia trazido consigo nem fios elétricos e nem interruptores.

"Vocês não têm velas nem fósforos, ao menos?" grunhiu o rei. "Acendam tochas!"

Mas o vento da floresta estava soprando tão forte que era impossível acender uma chama.

Atrapalhado e zangado, o rei foi forçado a anunciar que a construção seria adiada. Ele não tinha meios de criar a luz que era necessária para começar a construção do palácio.


A chave para a parábola


D’us criou a luz bem no início.

Mas como D’us é diferente de um rei humano! O rei humano pode se enfurecer, bradar e bater os pés, mas sem fósforos, luz elétrica ou alguma outra espécie de luz conhecida, ele não pode criar a luz.

D’us, porém, criou a luz do nada, pronunciando somente três palavras: "Que haja luz!" E, de repente, saída do nada, a luz apareceu do meio da escuridão.

D’us decidiu, "Que haja sempre luz durante o dia, para que as pessoas enxerguem e possam fazer seu trabalho. Todas as noites Eu trarei a escuridão para que as pessoas possam descansar."
Depois, D’us criou o Céu e a Terra. D’us não precisou colocar suportes embaixo do globo para segurá-lo. Ele o suspendeu no espaço.


Segundo dia:


D’us fixa o firmamento

A Terra que D’us criou no primeiro dia estava coberta de água, que estava amontoada sobre o chão a grande altura. Não havia firmamento. No segundo dia, porém, D’us ordenou para as águas:
"Dividam-se em duas! Uma das metades ficará no alto e a outra afunde na Terra e Eu fixarei o firmamento no meio."

D’us chamou o firmamento Shamáyim, Céu. Ele manteve água nas nuvens em forma de vapor para mandar mais tarde em forma de chuva, a fim de que as plantas na Terra pudessem crescer.


Terceiro dia:


D’us criou a terra seca, a grama, as árvores e todas as espécies de plantas

No terceiro dia, a água ainda cobria toda a Terra. Não havia um único ponto seco. D’us ordenou ao anjo do mar:

"Reúna toda a água em alguns lugares para que o restante se torne seco."

O anjo do mar perguntou: "Onde porei toda a água que sobrar? Dificilmente haverá lugar suficiente na Terra para tanta água!"

D’us então juntou toda a água da Terra e a derramou nos oceanos, lagos e rios. O restante da Terra se tornou seca. A água, porém, ficou tão aborrecida por estar aprisionada que ameaçou transbordar e cobrir tudo outra vez.

"Fique onde a deixei!", ordenou D’us. Não inunde a terra seca!" D’us pegou um pouco de argila, escreveu sobre ela Seu grande Nome de quarenta e duas letras e jogou-a no fundo d’água. Enquanto a argila estiver lá embaixo, nas profundezas da água, esta não inundará a terra. (Antes do Dilúvio, D’us a removeu). Então D’us ordenou:

"Que a relva cubra a terra seca!"

Imediatamente, a relva começou a brotar da terra. Além da grama para os animais, D’us criou todos os tipos de grãos, vegetais e ervas comestíveis. Ele também ordenou à terra que produzisse uma grande variedade de flores, para dar prazer à visão e ao olfato; além de todos os tipos de folhas e arbustos.

Estes maravilhosos exemplos das obras de D’us podem ser admirados nos jardins e campos, nas florestas e montanhas e todas elas foram produzidas por D’us no terceiro dia da Criação. Então D’us ordenou:

"Que árvores frutíferas cresçam na terra!"

Imediatamente, emergiram milhares de tipos de árvores; macieiras, pereiras e laranjeiras, ameixeiras, pessegueiros e o que se pudesse imaginar, cada uma com frutas deliciosas, de cores e formas diferentes.


Quarto dia:


D’us suspende o Sol, a Lua e as estrelas no firmamento

No quarto dia, D’us colocou o sol, a lua e as estrelas no firmamento. Existem sete Céus, um sobre o outro. D’us pôs o Sol no Segundo Céu e não no mais baixo, pois queimaria o mundo inteiro com seu intenso calor.

O Midrash explica: A lua é punida por reclamar

Quando D’us criou o Sol e a Lua, Ele fez os dois exatamente do mesmo tamanho. A Lua disse para D’us:

"Sempre que criastes um par, fizestes um maior que o outro. Fizestes dois mundos – olam hazê, este mundo e olam habá, o mundo vindouro. Dois olam habá é o maior. Criastes o Céu e a Terra, o Céu é maior, por ser Tua morada. De fogo e água, a água é mais forte, porque extingue o fogo. Só o Sol e eu, a Lua, fizestes do mesmo tamanho. Um de nós tem que ser maior."

"Ahá!" exclamou D’us. "Sei qual é seu verdadeiro propósito, Lua! Você gostaria que a fizesse maior e o Sol se torna-se o menor. Mas por ter se queixado, Eu a farei menor."

"O meu castigo será tão grande, só porque me ter reclamado?" perguntou a Lua.

"Bem," respondeu D’us, "no futuro, quando Mashiach chegar, Eu farei a sua luz mais forte, tão forte como a luz do Sol agora."

"Serei então igual ao Sol?"

"Não," respondeu D’us, "porque então o Sol brilhará sete vezes mais do que agora."


Quinto dia:


D’us criou os peixes e os pássaros

No quinto dia, D’us encheu as águas com milhares de espécies de peixes e criaturas marinhas. Ele também criou os pássaros que voam no firmamento.


Sexto dia:


D’us cria os animais e o homem

No sexto dia, D’us fez todos os animais, grandes e pequenos. Ele pôs sobre a Terra elefantes, ursos, leões, tigres, panteras, vacas, carneiros, cachorros, gatos bem como camundongos, ratos, doninhas, esquilos e tantas outras espécies de animais. Não se pode esquecer dos insetos. Pode-se conhecer apenas alguns poucos insetos, como moscas, pernilongos, formigas, aranhas, baratas e, naturalmente, zangões e gafanhotos, mas na realidade existem milhões!

Mesmo o corpo dos menores insetos foi feito por D’us para funcionar como um mecanismo complexo. Ao serem estudadas as partes do corpo de um inseto, começa-se a entender um pouco sobre a fantástica sabedoria de D’us.

Finalmente, D’us formou a maior de suas Criações: o homem.
Uma história:

Ninguém pode se comparar ao Criador

O imperador romano, Adriano, voltou de Êrets Yisrael, após tomar parte na destruição do Segundo Bet Hamicdash.

"Vocês vêem," gabou-se ele para os romanos," eu lutei contra o D’us dos judeus. Destruí Sua terra, queimei Sua casa e escravizei Seu povo, os judeus. Por isso, agora também sou um deus. Obedeçam-me e sirvam-me!"

Três de seus mais sábios ministros estavam presentes. O primeiro se levantou respeitosamente e disse:

"Oh, Imperador! Como você pode dizer que venceu D’us se você ainda está em Seu palácio? Deixe o Seu palácio e o declararemos deus. O céu e a terra são o palácio de D’us. Se você pode sair do céu e da terra, nós o serviremos!"

O segundo ministro respondeu à arrogância de Adriano:

" Desejo fazer um pequeno pedido," anunciou. "Se você realizar, nós o serviremos. Este é o meu pedido. Uma forte tempestade se levantou e não nos deixa aportar. Sou um homem infeliz, porque todo o meu dinheiro estará perdido. Só faça o navio aportar e eu, certamente, irei servi-lo como a um deus!"

"Muito bem," respondeu Adriano. "Mandarei toda a minha frota para ajudá-lo. Os marinheiros jogarão cabos e puxarão seu navio para a costa."

"Por que você dá ordens tão complicadas?" perguntou o ministro. "Mande apenas um vento para trazer meu navio para a costa."

"Eu não sei como comandar o vento," disse Adriano.

"Então, como você nos pede para servi-lo?" disse o ministro. "D’us criou o vento e o governa. Como você pode pretender ser um deus?"

O terceiro ministro disse para Adriano:

"Nós o serviremos se você ordenar ao mar que se retire, para que a terra seca apareça e as pessoas possam se instalar nela."

"Isto é impossível para mim," admitiu Adriano.

"Mas quando D’us criou o mar," disse o ministro intencionalmente, "Ele foi capaz de dar ordens e dizer–lhe como fluir. Como então você se compara a D’us?"

Adriano ficou furioso com seus ministros. Foi para casa e se queixou para sua mulher que seus ministros se recusavam a servi–lo. Sua mulher era muito esperta e disse:

"Faça só uma pequena coisa e você será considerado deus."

"O que devo fazer?" perguntou-lhe Adriano.

"Devolva sua alma a D’us," disse ela.

"Você perdeu o juízo?" perguntou-lhe ele. "Se minha alma deixar meu corpo, não estarei mais vivo!"
"Como você pode querer ser um deus?" perguntou sua mulher. "Nem ao menos consegue comandar sua própria vida e quer fazer de conta que governa o céu e a terra?!Vamos servir melhor a D’us Que criou o céu e a terra, fez as plantas e os animais e criou todas as pessoas e as mantêm vivas."


Sétimo dia


Shabat O desfile dos anjos

No sétimo dia, D’us sentou-Se em Seu Trono e Ordenou a todos os anjos que marchassem a sua frente, num grande desfile.

Primeiro, o anjo a quem Ele tinha nomeado para se encarregar dos oceanos passou marchando feliz, seguido do anjo encarregado dos rios.

Depois, marchou o anjo nomeado para cuidar das montanhas; o anjo das águas profundas; o anjo da relva; o anjo do Guehinom (inferno); o anjo do Gan Eden (paraíso); o anjo dos insetos e répteis; o anjo dos animais selvagens; o anjo dos gafanhotos e, finalmente, o anjo encarregado de todos os outros anjos.

Todos os anjos dançaram em santidade e alegria. Encheram os céus com felicidade! Louvaram D’us e gritavam: "A glória de D’us durará para sempre!" Também cantavam: "Que D’us se regozije com a maravilhosa Criação que Ele fez!"

Então D’us acenou para o anjo encarregado do Shabat e sentou-o no trono de honra. Todos os anjos dançaram ao seu redor e cantaram, "Hoje é Shabat Côdesh, o santo Shabat para D’us!"

Depois que D’us criou Adão, Ele o ergueu e deixou-o ver como era grande a felicidade do Shabat no Céu. O dia do Shabat era como um grande siyum, uma festa de celebração, porque D’us havia terminado Sua obra. Quando Adão viu os anjos cantando e dançando, compreendeu como é santo o dia de Shabat e a felicidade que ele poderia trazer para as pessoas na Terra.

O Midrash explica:

Shabat recebe um sócio eterno

Depois que D’us fez o Shabat, o Shabat exclamou: "Estou tão triste e solitário. Sou o único dia que não tem sócio. Domingo vai junto com a Segunda; Terça é vizinha da Quarta; Quinta tem Sexta. Mas eu não tenho ninguém que esteja junto comigo, porque sou o último dia da semana!"

D’us respondeu: "Não se preocupe, Shabat. Um povo inteiro será seu amigo. O povo judeu terá o privilégio de mantê–lo santificado. Por isso você, Shabat e o povo judeu irão sempre pertencer um ao outro!"

O Midrash explica:

Todas as criações louvam D’us

Você sabia que todas as criações cantam louvores a D’us? Elas Lhe agradecem por tê-las feito tão perfeitas e porque Ele designou tarefas no mundo a cada uma. As árvores louvam a D’us com os graciosos movimentos do balanço de seus galhos. A água canta para Ele com o barulho das ondas e o poderoso rugir da rebentação. Os animais O louvam com seus variados chamados e sons. O Sol e a Lua O louvam com seu brilho sobre o mundo. Isto é o que diz o Passuk no Tehilim (capítulo 148): "Louvem D’us, da terra; as cobras grandes e todas as criaturas que vivem nas profundezas; fogo e granizo; neve e neblina; o vendaval que cumpre as ordens de D’us; montanhas e todos os morros; árvores frutíferas e todos os cedros; bestas selvagens e todo o gado; animais rastejantes e pássaros alados."

Mas quem deveria louvar D’us mais do que todos?

Certamente nós, que devemos lembrar que tudo no mundo foi criado para a humanidade e que fomos criados para servir a D’us.

Como D’us criou Adão e Eva no sexto dia

D’us criou cada ser em apenas alguns segundos. Adão foi uma exceção. D’us se ocupou com sua Criação por muitas horas. (Ele fez isso para nos mostrar como Adão era importante).

Durante a primeira hora D’us juntou pó de toda a Terra.

Durante a segunda hora D’us misturou o pó com a água e amassou–o até formar uma substância parecida com massa.

Durante a terceira hora D’us formou o corpo de Adão, seus braços e pernas.

Durante a quarta hora D’us soprou a Neshamá (alma) no corpo de Adão. O corpo de Adão era de terra, mas sua alma era um sopro Divino. É por isso que cada pessoa é capaz de se tornar um grande Tsadic, porque nossas almas são fonte de santidade, do Próprio D’us.

Durante a quinta hora, Adão se levantou.

Durante a sexta hora, D’us trouxe todos os animais perante Adão. Com a sabedoria que D’us lhe deu, Adão pôde dar a cada animal o nome apropriado pelo qual deveria ser chamado.

Durante a sétima hora, D’us falou: "Não é bom que Adão fique só. Vou lhe dar uma esposa para ajudá-lo!" D’us provocou em Adão um sono profundo. De um dos ossos que retirou do corpo de Adão, criou a mulher, Eva. D’us fez Eva de uma parte de Adão para que este gostasse de sua esposa tanto quanto dele mesmo.

Durante a sexta hora, D’us deu a Adão uma ordem.

Adão e Eva no Gan Eden (Paraíso)

D’us colocou Adão e Eva no Gan Eden, o jardim mais encantador da Terra. Todas as árvores preenchiam o ar com frutas doces e perfumadas de todas as espécies. Adão e Eva só tinham que estender a mão para pegar uma das deliciosas frutas ou beber água do rio cintilante e límpido que corria através do Gan Eden.

D’us ordenou a Adão para cumprir certas mitsvot. Sempre que ele cumpria estas Mitsvot, as plantas do Gan Eden cresciam. D’us mandou um anjo para o Gan Eden. O anjo escreveu um livro para Adão que continha muitos segredos de D’us. Adão estudou este livro.

Ambos, Adão e Eva eram pessoas santas e puras, onde o mal e a má inclinação não existiam. Eles estavam sempre pensando e fazendo o bem.

D’us põe Adão e Eva à prova

D’us ordenou a Adão:

"Vocês podem comer as frutas de todas as árvores do Gan Eden, exceto de uma: Não comam da árvore do centro do jardim! No dia em que vocês comerem o seu fruto, vocês merecerão a morte. Se vocês não o comerem viverão para sempre."

D’us deu à serpente o entendimento e o poder de falar. Naquele tempo, a serpente tinha pernas e andava ereta. Ela se chegou a Eva e perguntou-lhe astutamente:

"D’us realmente lhes disse para não comerem nenhuma fruta do Gan Eden?"

"Não, Ele não o fez," respondeu Eva. "D’us nos deixa comer as frutas de todas as árvores, exceto daquela no centro do jardim. D’us nos proibiu de comer daquela árvore para nosso próprio bem. Se comermos dela ou a tocarmos, mereceremos a morte."

"Sua boba!" retrucou a serpente. "Esta não é a verdadeira razão. A verdadeira razão é que D’us sabe que tão logo vocês comam do seu fruto, vocês ficarão muito inteligentes, iguais aos anjos. Vocês então conhecerão todos os segredos de D’us!"

Ao contrário das palavras da serpente, D’us preveniu Adão e Eva para não comerem daquela árvore para protegê-los contra o mal. Mas a astuta serpente distorceu tudo, e foi convincente. Eva acreditou em suas palavras.

Olhou para a árvore. Seus frutos pareciam lindos e eram muito perfumados. Como podia ser que comer desta árvore causasse a morte? Talvez a serpente estivesse certa – comendo dos frutos, ela e Adão se tornariam tão sábios quanto os anjos.

A serpente reparou que Eva estava em dúvida como agir. Rapidamente, ela a empurrou para a árvore.

"Veja, você a tocou!" exclamou a serpente. "Aconteceu alguma coisa a você? Assim como você não morreu tocando nela, você não morrerá comendo dela. Ao contrário, você se tornará igual ao próprio D’us." Se você esperar e não comer isso agora, D’us criará outro que mandará em vocês. Olhe, qualquer coisa que for criada depois, mandará no que foi criado antes.

Eva convence Adão também a comer o fruto da árvore proibida e ambos são castigados.

O castigo Divino

Quando eles ouviram a voz de D’us, ficaram muito assustados. D’us perguntou a Adão:
"Adão, você comeu da árvore proibida?"

Ao invés de responder, "Agi errado, e me arrependo sinceramente" Adão respondeu: "Isto foi culpa da mulher que me destes, D’us. Ela me deu dessa fruta. Ela me fez pecar!"

D’us se virou para Eva e disse:

"Como você pôde fazer uma coisa tão terrível? Você trouxe a morte sobre você e Adão!"

"Foi culpa da serpente," chorou Eva. "Ela me contou mentiras e discutiu comigo!"

"Não culpe aos outros ao invés de admitir a própria culpa," disse D’us. "Vocês são culpados e serão castigados. Quanto a você, serpente perversa, cortarei suas pernas para que tenha de rastejar sobre seu corpo. Você comerá pó por toda a vida e carregará veneno em sua boca. Todos os humanos serão seus inimigos. Se eles pecarem, você os morderá. Mas se eles seguirem os Meus mandamentos, eles conseguirão pisar sobre sua cabeça e matá-la."

D’us amaldiçoou a serpente, fazendo os homens serem seus inimigos. Os homens pisarão em sua cabeça para esmagá-la.

D’us castiga Adão e Eva

D’us disse a Eva:

"Se você não tivesse pecado, você e Adão viveriam para sempre. Agora, vocês devem morrer! Além disso, Eva, você sofrerá dores quando der à luz a filhos e será difícil criá-los."

Disse D’us para Adão:


"Por não ter guardado Meu mandamento nem por uma hora, irei castigá-lo. Se não fosse pelo seu pecado, você poderia viver no Gan Eden para sempre. Agora terá de sair. No Gan Eden toda sua comida vinha pronta, agora você terá de semear, plantar, ceifar, colher e preparar seu alimento. Se você for mantido muito ocupado, terá menos tempo para pecar!"

Adão e Eva deixam o Paraíso

D’us conduziu Adão e Eva para fora do Gan Eden. Primeiro, D’us pôs Adão num lugar escuro da Terra chamado Êrets. Não havia luz alguma naquele lugar e Adão estava profundamente assustado. Tudo o que conseguia enxergar era a lâmina de uma espada girando a sua volta, sem parar. Adão fez Teshuvá. Estava arrependido por ter escutado a Eva.

Para se purificar, Adão imergiu nas águas do rio Guishom. D’us teve pena dele o e colocou num lugar melhor, chamado Adamá. Mais tarde, quando o filho de Adão, Shais nasceu, D’us colocou-o em Tevel, o melhor lugar do mundo.

A briga de Caim e Abel

Adão tinha dois filhos, Caim e Abel. Os dois eram diferentes. O filho mais velho, Caim, era orgulhoso e egoísta. Abel, porém, era humilde. Adão disse a seus filhos: "É conveniente que vocês ofereçam um sacrifício a D’us no altar (Mizbêach) que eu construí."

Caim era agricultor e colhia lindas frutas em toda as estações. Mas decidiu guardar as melhores para si. Caim comeu até que ficou satisfeito e então ofereceu para D’us as sobras. Ele nem mesmo ofereceu para D’us as frutas das árvores, mas apenas frutos da terra. O irmão mais novo, Abel, era pastor. Ele matava suas melhore e mais gordas ovelhas e colocava-as no altar.

D’us viu que Abel O honrava com o melhor que tinha, enquanto o orgulhoso Caim trazia um sacrifício miserável. E porque Ele estava satisfeito com o sacrifício de Abel, D’us mandou um fogo do Céu que devorou o sacrifício de Abel e não o de Caim.

Caim ficou com ciúmes e com vergonha, porque D’us aceitou o sacrifício do irmão mais novo e não o seu. D’us viu o embaraço de Caim e falou-lhe, encorajando-o.

"Você pode melhorar se quiser," disse Ele. "Você não trouxe um sacrifício digno, mas pode aprimorar-se no futuro e tornar-se maior do que seu irmão Abel."

Mas, ao invés de fazer Teshuvá, Caim não quis escutar.

Quando Caim e Abel estavam juntos no campo, Caim começou a discutir com o irmão.

"Não é justo," queixou-se ele. "D’us aceitou seu sacrifício e não aceitou o meu."

"D’us é sempre justo," respondeu Abel. "Ele aceitou a minha oferenda porque Ele gostou do modo como o ofereci. Ele recompensa os tsadikim e castiga os resha'im."

"Você está errado," respondeu Caim.

Enquanto continuavam discutindo, Caim ficou irado, ergueu uma pedra e acertou na cabeçade Abel, matando-o.

Como Abel era um tsadic, sua alma voou direto para o Gan Eden e D’us lhe deu as maiores recompensas.


Caim queimou o corpo de Abel; depois, pegou todas as ovelhas do irmão e trouxe-as para sua própria tenda.

D’us perguntou a Caim:

"Onde está teu irmão Abel?"

"Eu guardo os campos", respondeu Caim, "devo guardar também meu irmão para saber onde ele está?"

Caim pensava que D’us sabia apenas o que se passava lá no alto e que não estava a par de tudo o que se passava na Terra. D’us falou:

"Eis que o sangue de seu irmão clama por Mim."

"Como podes saber?", falou Caim.

"Tolo, Eu sei tudo," respondeu D’us, "e vou castigá-lo. De agora em diante, quando você cultivar a terra, ela só produzirá uma pequena quantidade de grãos. Além disso, não poderá viver em paz em um lugar fixo; irá perambular de um país a outro."

Quando Caim ouviu as palavras de D’us, admitiu:

"Realmente, pequei muito. Tenho medo que enquanto perambular pela terra sem abrigo os animais me matarão."

"Vou protegê-lo," assegurou D’us, pondo em sua testa Meu Nome. Quando os animais a virem, ficarão com medo e não o atacarão."

Os descendentes de Caim foram maus; não sobrou nenhum, todos morreram mais tarde no Mabul (Dilúvio).

Adão teve um terceiro filho, Shais, e dele descendeu o justo Noé.

       
 
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