O pacto | |||||
Rabino Chefe da inglaterra, Professor Jonathan Sacks | |||||
Pessoas
gordas teriam de fazer dieta se quisessem consultar o médico, li
em uma reportagem no jornal. A proposta sendo lançada era a de que
pacientes teriam de assinar contratos com seus médicos, comprometendo-se
a perder peso, ou parar de fumar, ou fazer mais exercícios, e aqueles
que deixassem de fazê-lo perderiam o direito a tratamento grátis.
Xiii… pensei eu, lembrando minha batalha perdida contra alguns kilos
a menos. Que idéia maluca – perder os serviços de seu
médico quando você mais precisa deles.
Em breve estaremos celebrando a Festa de Shavuot – quando nos lembramos da entrega dos Dez Mandamentos a Moshê e aos judeus, o ponto culminante da jornada de sete semanas do Egito ao Monte Sinai, da escravidão ao grande momento da revelação – a jornada dos direitos às responsabilidades da liberdade. Ao outorgar aos israelitas um conjunto de leis, foi como se D’us estivesse dizendo: “Eu os protegerei, mas vocês precisam fazer sua parte. Eu os ajudarei, mas vocês têm de me ajudar a ajudar vocês.” A Torá tem um nome para este tipo de parceria. Chama-se pacto, significando que ambas as partes se comprometem mutuamente, cada qual concordando em manter seu lado do acordo. E eu sempre senti que pacto é um modelo não apenas para nosso relacionamento com D’us, mas para os relacionamentos em geral – com nosso parceiro no casamento com quem partilhamos a vida, com os professores que cuidam de nossos filhos, e com os médicos que cuidam de nossa saúde. Portanto, talvez a idéia de um pacto entre médicos e pacientes não seja tão maluca, afinal. Eles nos ajudam, mas temos de ajudá-los a nos ajudar. Então, apesar do fato de que as Festas Judaicas geralmente envolvem uma boa quantidade de comida, este ano vou optar por um pouco menos de alimento para o corpo e um pouco mais para a alma – na esperança de que meu médico continuará a me atender, ou melhor ainda, de que não precisarei vê-lo. |
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