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  O Cotel  
     
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A Muralha Ocidental, também conhecida como Cotel ou Muro das Lamentações, é a última parte remanescente do Templo Sagrado que havia no alto de Jerusalém, no Monte Moriyá. É o local mais sagrado para o Judaísmo na atualidade, e não possui conexão, seja arqueológica, espiritual ou não, com qualquer outra religião.

O Templo Sagrado, centro do universo espiritual, era o condutor do fluxo de Divindade neste mundo, e um local onde concentra-se a existência Divina na terra. Quando existia o Templo, havia respeito por D'us, pela Sua Torá, e por cada ser humano. O mundo estava repleto do conhecimento, temor e amor a D'us.


O Cotel em 1844

O Templo Sagrado servia também ao mundo não judaico. Quando o Rei Shlomo (Salomão) construiu o Templo, ele especificamente pediu a D'us para reservar um local para as preces dos não-judeus que viessem ao Templo (Reis I 8:41-43). O profeta Yeshayáhu (Isaías) refere-se ao Templo como "Um lar a todas as nações".

Após a destruição do Segundo Templo pelos romanos, no ano 68, D'us garantiu a presença da Shechiná (percepção física de D'us) em três locais: nas sinagogas, nas crianças... e na Muralha Ocidental. O Muro é, portanto, uma porta de entrada para o céu, um lugar onde a história ganha vida, um local onde ateus confessos derramam lágrimas inexplicáveis, onde toda a identidade judaica se expressa, e um local onde as preces são atendidas. Por fim, é um símbolo de D'us e do povo judeu: ambos são eternos, e a Muralha Ocidental é a eternidade de D'us e do povo judeu escritas na rocha.

Contrário à opinião pública, a Muralha Ocidental não é uma verdadeira parte do próprio Templo - é um segmento de um muro de sustentação que seguia ao longo do perímetro mais ocidental do Templo. Mesmo assim, como este muro de arrimo era uma parte integral do conjunto do Templo, a santidade etérea do Templo permanece eternamente embebida em suas pedras.

Construído com amor e dedicação

Quando o Templo estava sendo construído, o trabalho foi dividido entre as diferentes classes da população. A construção do Muro Ocidental foi destinada como responsabilidade dos pobres, e eles trabalharam duro para erguê-lo, pois não tinham condições de arcar com o custo de operários para ajuda-los na obra.


Em 1967, soldados, religiosos ou não, fitavam o Cotel com admiração, tomados por uma emoção indefinível, que não poderia ser explicada, nem controlada. Tudo o que sabiam era que estavam retornando a um único, inestimável e sagrado tesouro

Quando o inimigo destruiu o Templo, anjos desceram dos Céus e - abrindo suas asas protegeram o Muro declarando: "Este Muro, trabalho dos pobres, jamais será destruído."

O que fazemos na Muralha Ocidental?

Três vezes ao dia, durante milhares de anos, as preces do povo judeu de todas as partes do mundo são direcionadas ao Muro das Lamentações. Como Rabi Yehudá Halevi tão bem expressou: "Estou no ocidente, mas meu coração se encontra no oriente (Jerusalém)."

Nossa tradição nos ensina que todas as preces do mundo todo ascendem ao local do Templo Sagrado, e de lá aos Céus. O Talmud fala: "Se alguém se encontra rezando fora da Terra de Israel, deve dirigir seu coração na direção de Israel. Se a pessoa está rezando em Israel, deve dirigir seu coração em direção à Jerusalém. Aqueles em Jerusalém devem dirigir seus corações ao Templo. Como a Torá estabelece: 'E eles rezarão para Você através da terra a qual Tu destes aos seus pais, a cidade a qual Tu escolhestes, e a casa a qual eu construí em Teu nome. (Reis I 8:48)'"

Local de peregrinação e lágrimas

Durante a época do Templo Sagrado, judeus de toda a Terra de Israel faziam peregrinações três vezes ao ano a Jerusalém. Durante os 1900 anos de exílio, o povo judeu viajava a Jerusalém correndo grandes riscos e despesas, somente para terem a chance de rezarem no Muro. Lá, eles abririam seus mais íntimos segredos e angústias a D'us, implorando pela Redenção. Banhavam o Muro com suas lágrimas e lambuzavam suas pedras com seus beijos.

O Talmud nos ensina que quando o Templo Sagrado foi destruído, todos os portões dos Céus foram imediatamente fechados - exceto um. Este é o Portão das Lágrimas. O Muro Ocidental por este motivo ficou conhecido tornando-se famoso no mundo inteiro como o Muro das Lamentações, por todas as lágrimas lá depositadas.

Celebramos

Centenas, ou talvez milhares de bar/bat mitsvás são celebrados no Muro a cada ano. Pois o Muro - e o Monte do Templo - pertencem a todos os judeus, e o júbilo de um é o júbilo de todos.

Conseguimos inspiração

Destruíram o Templo. Tentaram destruir o Muro. Mas não conseguiram. Destruíram nossa terra. Tentaram destruir-nos. Mas não conseguiram.

O Muro sobreviveu. Nós sobrevivemos.

Fomos banidos. Exilados. Violados. Assassinados. Espoliados. Massacrados. Em todos os países, em todas as épocas. Mas continuamos a viver.

Foi acobertado. Ignorado. Desonrado. Atacado. Enterrado. Por muitas civilizações. Muitas vezes. Mas o Muro permaneceu.

Finalmente, voltamos para casa. Não nos esquecemos do Muro.

O Muro estava esperando. E o Muro não nos esqueceu.

     
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