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Tishá
Be Av marca o final das "Três Semanas" de luto pela destruição
do Bet Hamicdash (O Templo Sagrado em Jerusalém), que foi o começo
do longo e negro período da nossa história, chamado Galut
- Exílio. É uma ocasião dedicada a urna séria
afirmação de dois aspectos da Galut:
1º. o "exílio" individual e "descida" da sublime
alma espiritual de cada pessoa para o seu ínfimo corpo material.
2º. o "exílio- geral do nosso povo, como um todo.
A Torá se refere ao povo judeu como "Filhos do Todo Poderoso".
Somente através do exemplo do amor paterno por seus filhos, podemos
compreender como os judeus são queridos, preciosos e amados por
D’us, como são profundamente ligados e unidos à Ele.
Mais ainda, cada judeu individualmente é considerado por D’us
como se ele fosse o seu filho único.
Os Chassidim freqüentemente utilizam-se de uma famosa parábola
para lançar luz sobre a razão de ser do judeu, para esclarecer
e explicar a meta e o objetivo final da nossa nação. Essa
parábola é chamada "O filho do Rei".
Um sábio e poderoso Monarca tinha um filho único, que se
criara junto ao seu real progenitor. 0 príncipe gostava de viver
no palácio e o rei tinha, naturalmente, prazer na companhia de
seu único filho. Ele ficava feliz ao ver a nobreza inata do caráter
de seu filho e sua conduta exemplar, apropriada ao filho de um rei.
Mas, porque o amor do rei por seu único filho era ilimitado e infinito,
e porque ele queria aperfeiçoar o caráter do príncipe
ao mais elevado grau possível, e queria trazer à tona os
talentos potenciais do filho, fazendo com que seus melhores traços
de caráter alcançassem sua expressão máxima,
o rei chegou à conclusão de que, enquanto o filho vivesse
no palácio real, esse auto-desenvolvimento total não seria
possível; o príncipe não poderia "brilhar"
como um indivíduo, com sua própria luz, pois ele estava
rodeado pela majestosa beleza do palácio, onde a glória
do rei irradiava uma luz intensa que ofuscava tudo. Desta forma o rei
decidiu enviar seu amado filho para um país remoto, bem longe do
palácio real, e onde as condições de vida fossem
exatamente opostas às da magnífica vida palaciana.
Naquele país estranho, o príncipe enfrentaria todo tipo
de dificuldades, obstáculos e testes duros. Somente tais circunstâncias
difíceis e desafiadoras propiciariam oportunidade e possibilidade
ao príncipe de desenvolver suas capacidades potenciais e aprender
a vencer obstáculos. A própria adversidade do meio ambiente
despertaria no príncipe sua inteligência inata e seus talentos
naturais, fazendo com que esses poderes alcançassem o aprimoramento
máximo e se manifestassem, revelando assim sua personalidade como
o legítimo e digno filho de um rei.
A Neshamá - a alma judaica - é exatamente como o filho do
rei. Está enraizada nas mais elevadas esferas do que é Divino.
Em essência é verdadeiramente "uma parte de D’us,"
da mesma forma como um filho é, em sua essência, uma parte
real de seu pai.
É compreensível que a alma, enquanto se encontrava no sublime
"palácio" espiritual do Rei dos Reis, estivesse num Plano
de existência de sublime exaltação, envolvida pela
bondade Divina, iluminada pela luz de D’us e aquecendo-se na glória
e radiação da proximidade revelada do Todo Poderoso.
No entanto, dessas alturas, a Neshamá é mandada para baixo,
para os mais profundos abismos do nosso universo material - o mais ínfimo
de todos os mundos, uma descida que é caracterizada como sendo
"de um sublime pináculo a um profundo abismo."
A parábola do filho do Rei mostra, no entanto, que a descida por
si só não é o objetivo almejado. Pelo contrário,
a descida da alma para o interior do corpo deveria conduzir, numa etapa
final, à maior elevação da alma e a um final infinitamente
bom.
Justamente porque a Neshamá é tão preciosa para D’us
(a tal ponto que nada mais tem importância similar aos olhos do
Todo Poderoso), este deseja que os poderes e as capacidades da alma, profundamente
enraizados, nenhum à superfície, encontrem uma expressão
prática e alcancem um total desenvolvimento do seu potencial ilimitado.
Na Divindade pura de seu habitat-prêmio, envolta na radiação
ofuscante da presença do Todo Poderoso, a alma não podia
encontrar uma auto-expressão prática, ativar seus grandes
poderes que estavam sob uma forma passiva, latente, potencial, como o
príncipe no palácio do seu pai.
Porém, não obstante todas as dificuldades, durante a sua
descida para o "abismo profundo" deste mundo, a alma se comporta
como convém ao filho de um rei, utilizando seus poderes recebidos
de D’us, preenchendo os objetivos, alcançando as metas e
a missão de Seu Pai atingindo desta forma o mais alto grau de elevação
possível para a alma.
Por ser um resultado de esforço e dedicação pessoais,
a unidade e a identificação com D’us que é
atingida agora pela Neshamá são mais intensas, mais profundas
e mais básicas do que em sua intimidade prévia, quando se
encontrava no "palácio do Rei," e como na parábola
podemos imaginar o enorme prazer, a satisfação e o imenso
amor do rei por seu filho único, quando o príncipe retorna
ao lar após ter completado com êxito a missão de seu
pai. |