A teoria

   
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  A chegada de uma carta, adornada com selos de aparência especial, foi um evento na pequena taverna em algum lugar próximo às florestas da Rússia Branca. O humilde taverneiro, que nunca havia dominado a palavra escrita, correu para encontrar o melamed que contratara para ensinar seus filhos.

Quando o professor leu a carta, o taverneiro empalideceu, deu um grito, e caiu desmaiado. A carta continha as notícias mais chocantes e trágicas para este judeu simples e de bom coração: seu querido pai havia falecido.

O mashpia Reb Michael de Opotzk contava esta história, dizendo:

"Um observador imparcial que testemunhasse os eventos descritos acima poderia pensar: por que o taverneiro reage de forma tão dramática à carta, ao passo que o professor fica relativamente impassível? Qual dos dois compreende melhor seu conteúdo, se não o professor instruído? O outro nem mesmo sabe ler e escrever!

"Obviamente, esta é uma questão ridícula. E daí, se o professor pode entender melhor o vocabulário, a estrutura das frases e a caligrafia artística com a qual a carta foi escrita? E daí se ele entende melhor a situação, as circunstâncias, as nuances do evento descrito? Não é seu pai que morreu!

"Certo", concluiu Reb Michael, "é importante aprender, estudar, compreender. E quanto mais a pessoa entende, mais fundo mergulha na natureza de sua própria existência, no mundo ao seu redor e em seu relacionamento com o Criador, e mais equipado está para cumprir sua missão na vida. Porém, apenas o conhecimento objetivo nada vale. Se a pessoa não se colocar no contexto, a mais profunda das teorias não produzirá resultados significativos. A menos que a pessoa veja o sujeito do assunto como "seu pai", uma vida inteira de estudo e descobertas terá pouco impacto sobre a própria vida."
       
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