Um bar-mitsvá solidário

  por Elana Kahn-Oren
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  Aos três anos de idade, Moshê Baruch Maiman de Mequon já possuía um firme senso de tsedacá. Por ocasião de seu opshernish (ritual do primeiro corte de cabelo), não permitiu que amigos e familiares cumprissem o costume de pegar um cachinho de suas madeixas, a menos que pusessem dinheiro numa caixinha de tsedacá.

Desde então, Moshê acredita que "o melhor lugar para um centavo é uma pushke [caixinha de tsedacá]", segundo seu pai, Dr. David Chaim Maiman (Dennis).

No outono passado, a noção de caridade de Moshê chegou a proporções quase épicas; para seu bar-mitsvá em setembro, pediu às pessoas que doassem dinheiro para causas beneficientes, em vez de dar presentes a ele. Quando chegou o dia, já tinha levantado uma quantia bem significativa.

A idéia nasceu depois que o pai de Moshê planejou uma festa de aniversário para sua esposa, Dina Chana (Donnalyn), que recentemente recuperou-se de um câncer. Num convite às famílias da Congregação Agudat Achim Chabad, Dovid pediu que os celebrantes cumprissem mais mitsvot – das mais simples às mais elaboradas, desde afixar mezuzot e recitar Tehilim a casherizar suas casas.

Quando a época do bar-mitsvá de Moshê se aproximou, ele disse aos pais: "Quero fazer algo parecido com o que vocês fizeram." Escreveu uma carta, que foi enviada junto com o convite do bar-mitsvá, explicando: "nesta ocasião, estou adotando tsedacá como minha mitsvá especial."
Pediu aos quase duzentos convidados que fizessem doações em vez de trazer presentes, e que doassem a uma ou mais das seis entidades beneficentes que seu pai ajudara a escolher.

"Este será um grande presente para mim!" dizia a carta, que também pedia às pessoas que começassem a recitar determinados Salmos pelo bem-estar dos judeus em Israel e no mundo inteiro.

"Tenho tudo aquilo que preciso" – declarou Moshê a respeito de seus esforços. "Existe um ditado: 'Você dá e você recebe.' Eu recebi e agora chegou a hora de doar." E acrescentou: "Sempre penso sobre Israel" – que já visitou seis vezes. "Quando morrem pessoas na Terra Santa, sempre penso: 'Como eu poderia ajudar Israel e impedir que as pessoas morram?'

Segundo uma lista preparada pelo pai de Moshê, as seis entidades que ele e Moshê selecionaram são: Amigos Americanos de Ateret Cohanim, uma yeshivá no Monte das Oliveiras; Instituto Mayanot de Estudos Judaicos; uma yeshivá em Jerusalém envolvida no Programa de Direito de Nascimento; Magen David Adom, a primeira organização de primeiros socorros e serviços paramédicos em Israel; o Fundo Hebron, uma organização americana que representa a comunidade judaica em Hebron; e o Fundo Solidariedade de Alívio para Emergências de Israel, que fornece ajuda financeira às vítimas do terrorismo.

Os pais de Moshê, evidentemente, estão orgulhosos da tsedacá do garoto, mas não surpresos. "Todos nossos filhos são assim" – diz David, referindo-se aos outros três filhos do casal: Nehama, de 22 anos, Shoshana, 19, e Yehudit, 17.

"Estes são valores com os quais eles foram criados, estudando em escolas judaicas e recebendo o reforço em casa. Aprendem a não ser egoístas" – declarou Dina sobre o forte valor que é dado à tsedacá na Academia Hillel e em toda a comunidade.

A princípio, os Maiman não queriam tornar público o feito de Moshê. Mas conforme cresciam as doações, eles se convenceram que as pessoas deveriam ser informadas a esse respeito. Como David explicou: "O ato de doar freqüentemente estimula outras pessoas a doarem também."

"Um bar-mitsvá" – disse ele – "é mais como um casamento ou que uma formatura. É a celebração de uma oportunidade de aceitar responsabilidades e amadurecer. Esta perspectiva, não importa quem seja o jovem, deve ser enfatizada."

Moshê arrepende-se apenas de uma coisa – a celebração de seu bar-mitsvá passou depressa demais. "Você trabalha durante um ano inteiro, mas tem apenas um dia para comemorar" – disse ele.
       
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