O Velho na Ilha |
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por Yanki Tauber | ||||
Durante
muitos anos, Rabi Zeev Kitzes, um dos discípulos mais antigos do
Báal Shem Tov, sonhou em viajar para a Terra Santa. Finalmente, chegou
a oportunidade tão esperada, e Rabi Zeev foi até o Báal
Sem Tov para receber a bênção do Rebe para uma viagem
segura. "Lembre-se, Reb Zeev" – foram as palavras de despedida do Báal Shem Tov para ele – "deve-se saber como responder adequadamente uma pergunta. Pese suas palavras cuidadosamente antes de falar." Rabi Zeev não tinha idéia do que o Rebe queria dizer com estas palavras, mas guardou-as em seu coração, certo de que sua relevância lhe seria revelada antes que se passasse muito tempo. Ele chegou ao mar sem incidentes, e embarcou no navio que o levaria à Terra Santa. Porém num dos portos de escala durante a viagem ocorreu um problema. O navio aportou para receber suprimentos, e os passageiros desembarcaram para passarem algumas horas em terra firme. Rabi Zeev, que estava profundamente imerso em pensamentos, não ouviu o chamado para reembarcar e foi deixado para trás. Numa preocupação crescente, Rabi Zeev perambulou pelo local estranho. Não fazia idéia de onde se encontrava – parecia ser algum tipo de ilha – nem quanto tempo precisaria esperar por outro navio. "Reb Yid! Por que está tão desanimado?" ouviu uma voz amigável perguntar, e erguendo os olhos, viu-se contemplando um rosto sagrado com feições luminosas e uma barba branca como a neve. Sua alegria e alívio não tinham limites. Sim, havia uma comunidade judaica na ilha, completamente equipada com uma sinagoga e um micvê (piscina de imersão ritual); haveria outro navio dali a alguns dias, e enquanto isso, o velho ficaria profundamente honrado em tê-lo como distinto convidado – nada menos que um discípulo do Báal Shem Tov! para o Shabat. O anfitrião de Rabi Zeev revelou-se um verdadeiro erudito de Torá, e os dois passaram o Shabat em prece e estudo; Rabi Zeev sentiu-se como se estivesse em Mezibush, à mesa do Rebe. Domingo pela manhã Rabi Zeev, acompanhado pelo anfitrião, voltou ao porto para encontrar uma navio que tinha chegado à ilha. Ao se despedir, o velho disse: "Diga-me, Reb Zeev, como é a vida para os judeus de seu país? Como eles vivem no exílio?" "Graças a D'us, tudo vai bem" – respondeu Rabi Zeev, correndo pela prancha de embarque. "O Todo Poderoso não abandona Seu povo." O navio já se distanciara do porto quando Rabi Zeev lembrou-se de repente daquilo que o Báal Shem Tov lhe dissera na véspera da sua partida. "Infeliz que sou!" gritou. "O que fiz?! O Rebe não me advertiu para ponderar cuidadosamente minhas palavras antes de responder? Por que eu não disse a verdade? Por que não contei àquele homem sobre a pobreza e as perseguições, da nossa luta diária para perseverar em face daqueles que procuram nos destruir em corpo e alma?" Rabi Zeev ficou tão desolado por sua falha em cumprir as instruções do Báal Shem Tov – pois agora estava certo de que era seu encontro com o velho na ilha que o Báal Shem Tov tinha em mente – que no próximo porto desceu do navio e viajou de volta a Mezibush para contar-lhe o que tinha acontecido. "Reb Zeev" – disse tristemente o Báal Shem Tov – "todos os dias nosso pai Avraham confronta o Todo Poderoso. 'Mestre do Universo!' clama ele. 'O que será de meus filhos? Por que eles ainda estão sofrendo no exílio?' E o Todo Poderoso responde: 'Não os abandonei.' Porém Avraham não se aplaca. Portanto, D'us diz a ele: 'Por que você não pergunta a eles por si mesmo? Olhe, lá vai Reb Zeev Kitzes, um judeu íntegro e honesto, a caminho da Terra Santa. Por que você não pergunta a ele?'" |
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