Passando pela Prisão e além dela

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  Por Raphael Avrohom Goldberg
 

Tendo crescido num lar judaico, eu não estava preparado para passar dez anos de minha vida numa prisão estadual em Nova York. Não creio que muitos de nós o estejam, qualquer que seja a nossa formação. Cometi um crime e de acordo com a lei tinha de ser punido. Compreendo isso muito bem, mas o castigo mesmo assim foi assustador.

Em Rikers Island durante meu confinamento, conheci outros internos judeus e encontrei uma certa camaradagem. E mais ainda, fui reintroduzido ao Judaísmo. Eu tinha me afastado depois de meu casamento, e embora sempre fosse à sinagoga em Rosh Hashaná e Yom Kipur, esse era todo meu envolvimento na vida religiosa. Comecei a ir com mais freqüência na prisão, e também a rezar regularmente. O consolo que encontrei tornou a prisão mais tolerável.

É claro que eu tinha amigos e família que me davam apoio moral, mas a comunidade judaica em geral e a Organização Lubavitch em particular se tornaram a maior fonte de consolo. Eu não conhecia pessoalmente qualquer membro da comunidade Lubavitch, mas fui aceito porque eu era judeu, e recebi ajuda e apoio simplesmente por este motivo. A filosofia Lubavitch parece ser de que qualquer judeu merece ajuda.

Durante meu tempo na prisão, comecei a conduzir os serviços no Shabat, e todos os serviços dos Dias Festivos, pois eu lia em hebraico e tinha um pouco de conhecimento sobre os costumes. Percebi que o tempo devotado a estas atividades eram mais que um estímulo; fui mais que reintroduzido ao Judaísmo. Encontrei um despertar espiritual e um renascimento que me disseram que não somente eu conseguiria passar por meu tempo na prisão, mas poderia passar por qualquer coisa. E foi isso o que aconteceu.

Fui diagnosticado com câncer e minha crença em D’us, minhas preces e o aconselhamento e cartas de Rabi Shmuel Sptritzer de Lubavitch, bem como o apoio de outros internos judeus me ajudaram a passar por isso. Eu era efetivamente uma nova pessoa, colocando o passado de minha transgressão do Judaísmo para trás.

Estou livre agora, e sigo a religião ainda mais que quando estava preso. Caminho até a sinagoga e acendo velas no Shabat, recito a bênção "borê pri hagafen" sobre o vinho e "hamotzê" sobre o pão todas as semanas em minha casa, e não deixo que entre alimento algum que não seja casher. Estou me mantendo casher fora de casa, também, e isso é novo para mim. Ainda mantenho contato com Rabi Spritzer, que fez um arranjo para que eu freqüentasse aulas semanais de estudo de Torá dadas por Lubavitch.

O tempo passado na prisão criou-me muitos obstáculos. Estou tendo dificuldade para conseguir emprego. Dizem-me que minha experiência e conhecimento são "o melhor que já vimos", e assim que vem à tona o fato de que já estive preso, mostram-me a porta da rua. Descobri que obter uma boa moradia também é bastante difícil.

Não vou mentir e dizer que não sinto a rejeição. Sinto. É humano, e esta é uma falha que sempre admitirei. Sou humano. Para lidar com isso, volto-me para minha fé, para D’us, e para a comunidade judaica em busca de apoio; embora o céptico possa rir, eu percebo que estou melhor.
Descobri que posso passar por qualquer coisa, e passo, Não sou de desistir, mas há vezes em que preciso de forças para continuar a fazer coisas como procurar emprego, devido à expectativa da rejeição. Minhas preces matinais me dão o estímulo necessário.

Por que estou escrevendo isso?

Tenho sido ajudado por tantas pessoas que me levaram de volta ao Judaísmo. Minha vida tornou-se calma e serena, e mais controlável. Quero retribuir o amor que tenho recebido. Se conseguir tocar uma pessoa, já me considero bem sucedido. Tudo que posso dizer é que sou um ofensor, passei dez anos na prisão e era tão céptico quanto qualquer pessoa. Sou uma nova pessoa agora: D’us funciona.

Desejo o melhor a quem ler este artigo, e uma rápida libertação. Não sou incomum. D’us ajuda toda pessoa que se volta para Ele. Tente. Você não se arrependerá.

       
   
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