A filha de Rabi Akiva

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A filha de Rabi Akiva certa vez foi ao mercado fazer algumas compras. Ao passar por um grupo de astrólogos e adivinhos, um deles falou: "Estão vendo esta linda moça? Uma terrível calamidade a espera: morrerá a caminho de suas bodas. Anotem minhas palavras!"

A jovem ouviu aquele trágico comentário, mas não deu atenção. Ela ouvira muitas vezes de seu ilustre pai que quem observa as mitsvot da sagrada Torá nada precisa temer.

O dia de seu casamento estava próximo e já tinha esquecido por completo aquele incidente. Na véspera de suas bodas, havia muito o que fazer e à noite ela foi dormir, exausta mas feliz. Antes de se deitar, tirou dos cabelos um grampo de ouro e o espetou na parede, como fazia de hábito todas as noites.

Na manhã seguinte, puxou o grampo e eis que ao fazê-lo arrastou junto uma serpente pequena mas muito venenosa. Horrorizada deu um grito ao perceber que havia matado a cobra que estava à espreita na fenda, quando ela enfiou o grampo na parede, na véspera. Que milagre maravilhoso! Lembrou das palavras do astrólogo e estremeceu.

Ouviu uma batida na porta. "Estás bem, minha filha? Ouvi teu grito," disse seu pai e então viu a cobra morta ainda pendurada no grampo. Ela contou-lhe o que havia acontecido.

"De fato isto é um milagre," disse Rabi Akiva. "Diga-me filha, o que fizeste ontem? Deve ter sido alguma mitsvá especial que certamente lhe salvou desta grande tragédia."

"Bem, a única coisa de que lembro é que à noite, quando todo mundo estava ocupado com os preparativos do meu casamento, um homem pobre se aproximou, mas ninguém pareceu notá-lo, pois estavam muito atarefados. Percebi que estava faminto e então peguei minha porção do banquete das bodas e dei a ele."

Rabi Akiva sempre soubera que sua filha era muito sensível e dedicada aos pobres, mas aquilo era algo especial e sentiu-se muito feliz. "A tsedacá (caridade) livra da morte," exclamou.

       
   
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