Uma bênção para os Rothschild

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Rabi Tzvi Askenazi foi um dos mais notáveis rabinos e eruditos de Torá do seu tempo. Infelizmente, devido a sua oposição a Shabat-Tzvi, o infame falso messias do início do século dezoito – ele foi forçado a fugir da cidade de Amsterdã. Ele prometeu à família que, quando estivesse em segurança, daria notícias sobre seu paradeiro.

Após vagar de um local a outro, Rabi Tzvi chegou na tarde de certa sexta-feira a Frankfurt-au-Maine. Sem deixar ninguém saber quem ele era, entrou numa sinagoga e juntou-se a um grupo de outros judeus errantes que tinham ido rezar.

Depois dos serviços, um dos membros importantes da comunidade, Meir Anshel Rothschild, convidou Rabi e diversos outros pobres para as refeições do Shabat. À mesa do Shabat, Meir Anshel reconheceu que um dos convidados pobres era, na verdade, Rabi Tzvi Askenazi, o Rabino Chefe de Amsterdã. Ficou óbvio para Meir Anshel que o Rabino não desejava tornar pública sua identidade, portanto tratou Rabi Tzvi como os demais convidados.

Depois do Shabat, Rabi Tzvi desejou "uma boa semana" a seu anfitrião e prosseguiu seu caminho. Meir Anshel não conseguia parar de pensar sobre Rabi Tzvi. Por que ele era forçado a perambular com um grupo de mendigos? Como poderia prestar a Rabi Tzvi a atenção e o respeito que ele merecia? De repente, Meir Anshel chamou um criado e pediu-lhe que aprontasse a carruagem. Acomodou-se e partiu.

Meir Anshel fez os cavalos diminuírem o passo ao ver a figura de Rabi Tzvi caminhando ao longo da Rua dos Judeus rumo à saída da cidade. Meir Anshel chamou o Rabino e então desceu da carruagem. "Por favor, desculpe-me, caro Rabino. Eu o reconheci à mesa do Shabat mas pude ver que não desejava tornar pública sua identidade. Portanto, não o tratei com a honra e o respeito que o senhor merece."

"Eu sabia que tinha me reconhecido" – sorriu Rabi Tzvi – "e fiquei contente por não trair meu segredo."

"Eu não o segui somente para desculpar-me" – começou Meir Anshel – "mas também para lhe entregar isso." E com estas palavras, Meir Anshel entregou-lhe uma bolsa repleta de moedas de ouro. "Estou certo de que, tão longe de casa, e perambulando como está, achará este dinheiro muito útil."

"O Rei Salomão disse: 'Aquele que detesta receber presentes viverá mais tempo'" – lembrou-o Rabi Tzvi.

Vendo que não poderia fazer com que Rabi Tzvi aceitasse o presente, Meir Anshel pôs a bolsa no chão e disse: "Céu e terra são testemunhas de que estou declarando que esta bolsa de dinheiro não tem dono." Meir Anshel disse adeus, subiu na carruagem e voltou para casa.
Rabi Tzvi ficou por uns instantes ponderando sobre a situação. Decidiu que, agora que a bolsa não pertencia a ninguém, não havia razão para deixá-la cair em mãos que não a mereciam. Apanhou a bolsa, olhou dentro dela e levantou os olhos na direção do céu. Rezou a D’us para que Meir Anshel tivesse sucesso nos negócios, e que a bênção do sucesso continuasse para seus filhos e netos por todas as gerações.

A bênção de fato foi cumprida, pois a partir daquele dia, Meir Anshel prosperou extraordinariamente nos negócios. A "Casa de Rothschild" tornou-se famosa em todo o mundo.

       
   
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