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Foi
na primeira noite de Sucot de 1812 que Mayer Anschel Rothschild faleceu
em Frankfurt,
Alemanha. Era
o pai da famosa família Rothschild.
Todos prantearam a perda deste grande banqueiro judeu, de lendária
personalidade. Mayer Anschel era muito respeitado por sua total honestidade
e orgulho por seu Judaísmo. Era admirado até por reis, príncipes
e pela nobreza.
Os judeus de Frankfurt contavam muitas histórias interessantes
sobre este cavalheiro excepcional. Dentre essas, havia uma história
que causara furor nos altos círculos do mundo não-judeu.
Aqui trazemos esta história para você.
Certo dia de primavera, uma elegante carruagem passou pelo portão
de ferro do gueto de Frankfurt. Um homem idoso e um menino com cerca de
dez anos saíram da carruagem. Entraram no gueto e começaram
a caminhar pelas ruas estreitas e tortuosas.
"Por que me trouxe aqui?" perguntou o garoto ao homem idoso,
que era seu professor e guardião.
"O futuro governante deste país deve conhecer todos os moradores
e cidadãos, e os judeus têm um papel importante na economia
da nação" – respondeu o homem.
"Tenho ouvido algumas histórias, não muito agradáveis,
sobre estes judeus errantes. Não são eles que se recusam
a seguir nossa fé, e por isso foram punidos por sua obstinação
em manter sua própria religião? indagou curioso o jovem
príncipe.
"Meu filho, nem tudo que escutou é verdade. Deve-se ver com
os próprios olhos o que é verdadeiro e o que é falso.
Este é o motivo pelo qual eu o trouxe aqui hoje, para que conheça
pessoalmente estas pessoas" – disse o homem idoso.
"Sim, de fato! Muitas histórias falsas têm sido divulgadas
sobre nós, e muitas vezes somos perseguidos sem qualquer motivo"
– uma voz estranha inesperadamente imiscuiu-se na conversa.
Os dois visitantes do gueto voltaram-se para ver de onde vinha a voz.
Ficaram atônitos ao ver um garotinho judeu, que aparentemente aparecera
do nada. Estava vestido com roupas simples porém limpas, com uma
kipá na cabeça, e com peyot encaracoladas. Tinha olhos brilhantes
e vivazes, que agora encaravam desafiadoramente os visitantes.
"E quem convidou você para juntar-se a nós e tomar parte
na conversa?" perguntou o velho, fingindo estar aborrecido.
"Bem, não pude deixar de ouvir o que vocês estavam conversando"
– explicou seriamente o menino.
O jovem príncipe tirou do bolso uma moeda de prata e deu-a ao menino.
O príncipe observou, esperando que o garoto agradecesse e pusesse
a moeda no bolso. Para sua surpresa, porém, ele apenas olhou com
interesse a moeda em sua mão, e então atirou-a a alguns
mendigos que estavam reunidos ali perto.
"Nada fiz para merecer esta moeda de prata" – disse o
garoto – "e a necessidade destas pessoas é maior que
a minha" – disse ele com simplicidade. "Espero que não
se incomode pelo que fiz."
"Pelo contrário" – respondeu o príncipe.
"Embora você pareça um tanto ‘metido’, até
que gosto de você. Diga-me, qual é o seu nome?"
"Meu nome é Mayer Anschel Rothschild. E qual o seu?"
"Wilhelm."
"Oh! Wilhelm de Hesse Cassel? Prazer em conhecê-lo! Gostaria
que eu lhe mostrasse o bairro? Você poderia facilmente se perder
em nosso gueto."
O príncipe e seu acompanhante aceitaram prontamente a oferta.
Mayer Anschel tomou os visitantes "sob sua asa", por assim dizer.
Mostrou-lhes o antigo Shul (sinagoga), a grande Yeshivá, o orfanato,
o hospital e muitas outras instituições. Em cada local,
tinha algo a dizer e a explicar. Aproveitou a oportunidade para contar
aos visitantes dobre os diversos incêndios que haviam assolado o
gueto. Contou também os problemas que tinham sofrido nas mãos
do famoso anti-semita Vincent Fettmilch, antes que esse fosse enforcado.
O garoto judeu percebeu com quanto interesse o príncipe e seu idoso
acompanhante ouviam tudo que ele tinha a dizer, portanto sentiu-se encorajado
a aproveitar ao máximo aquele momento. Falou sobre as taxas de
impostos excepcionalmente altas que os judeus do gueto deviam pagar, apesar
de suas vultosas contribuições à cidade de Frankfurt
e a todo o país.
Depois desta "excursão com guia", Mayer Anschel acompanhou
os visitantes até o portão do gueto. Profundamente comovido
por tudo que ouvira do menino judeu, o homem idoso tirou do bolso três
moedas de ouro, e entregou a ele.
"Obrigado" – disse Mayer Anschel, aceitando as moedas.
"Desta vez aceitarei o dinheiro, pois sinto que o mereci" –
e colocou as moedas no bolso.
O jovem príncipe estendeu a mão ao garoto, dizendo:
"Mayer Anschel, se você aceitasse minha religião, de
bom grado eu o indicaria para uma alta posição em meu governo,
quando me tornar o governante."
"Isso está fora de questão" – respondeu
Mayer Anschel. "Jamais abandonarei minha fé, por nada deste
mundo" – concluiu orgulhosamente.
"Que seja assim" – disse o príncipe – "mas
se precisar de algum favor, será bem vindo a meu palácio,
e ficarei contente em ajudá-lo."
"E se você precisar de um favor meu, também é
bem vindo para pedir-me o que quiser. Lembre-se de meu nome: Mayer Anschel
Rothschild de Judengasse (Rua dos Judeus) no Gueto de Frankfurt."
Ele falou tão seriamente, que o príncipe segurou a risada
que estava prestes a desferir pelo quê, ele considerava, era uma
possibilidade engraçada e muito pouco provável.
Sorrindo, o príncipe e seu professor se despediram do jovem guia,
e subiram na luxuosa carruagem.
II
Muitos anos se passaram desde o acontecimento narrado acima. Ocorreram
grandes reviravoltas em diferentes países da Europa, incluindo
uma guerra de sete anos. A vida no Gueto Judeu de Frankfurt também
sofreu várias mudanças. Mas de modo geral, tornou-se um
importante centro financeiro.
Mayer Anschel tinha se casado com uma fina moça judia, Gitele,
que conduzia um verdadeiro lar judaico. Ele estava empregado num dos bancos
judeus em Frankfurt e mais tarde, abriu um banco em seu próprio
nome. Envolveu-se também em grandes empreendimentos comerciais,
conquistando um nome por negociar honestamente e por ser hábil
mercador e banqueiro.
O Príncipe Wilhelm nomeou Mayer Anschel como seu Conselheiro de
Finanças (aceitando o fato de que Mayer Anschel permanecia um judeu
leal). A fama do banco Rothschild crescia dia a dia, chegando a diferentes
círculos governamentais. O governo da Dinamarca pediu-lhe para
arranjar um empréstimo de dez milhões de táleres!
Apesar de sua grande fortuna, Mayer Anschel e sua mulher Gitele, com seus
cinco filhos, continuavam a viver na casa modesta na Judengasse do Gueto
de Frankfurt.
Quando irrompeu a Guerra Napoleônica, toda a Europa ficou abalada.
O Imperador Napoleão conseguiu muitas vitórias, e seus exércitos
chegaram até os portões de Frankfurt. Naquela época,
Mayer Anschel voltou para casa certa noite completamente exausto após
um dia duro de trabalho. Porém, antes mesmo de colocar-se à
vontade, um empregado avisou-o de que um estranho esperava por ele devido
a um problema urgente.
Os planos de Mayer Anschel para a noite, após rezar Maariv e jantar,
eram relaxar estudando Guemara. Portanto, pediu ao empregado que dissesse
ao estranho para visitá-lo no escritório na manhã
seguinte, pois agora não teria tempo para atendê-lo. O criado
deixou o aposento mas retornou quase imediatamente, dizendo: "O estranho
disse-me para lembrar o senhor de uma promessa que fez a ele muitos anos
atrás, de que se algum dia precisasse de um favor de Mayer Anschel
Rothschild, ele deveria procurá-lo na Judengasse no Gueto de Frankfurt
em busca de ajuda."
Ao ouvir estas palavras, Mayer Anschel levantou-se, esquecendo o cansaço,
e disse ao empregado para deixar o estranho entrar de imediato; para manter
a porta fechada e para não perturbá-los sob hipótese
alguma.
Quando o Príncipe Wilhelm entrou (é claro que você
adivinhou quem era o estranho), tirou a capa e o chapéu que tinha
usado como disfarce, e cumprimentou calorosamente seu Conselheiro de Finanças.
Era óbvio que estava bastante preocupado, pois um profundo suspiro
escapou-lhe dos lábios.
"O que aconteceu?" perguntou Mayer Anschel com simpatia ao príncipe.
"Mas primeiro, você deve tomar algo para refrescar-se. Podemos
conversar depois."
Gitele trouxe pessoalmente um bolo feito em casa e serviu-o aos homens,
que tomaram um gole de whisky e brindaram um ao outro. Nesse ínterim,
Gitele se atarefava preparando uma refeição para o hóspede
inesperado.
Quando o príncipe se recobrou do cansaço, contou a Mayer
que tivera sorte por ainda estar vivo. Tinha acabado de escapar do campo
de batalha e não poderia demorar-se, pois deveria fugir para ainda
mais longe. Porém antes de fazê-lo tinha vindo pedir um grande
favor a Mayer Anschel, favor esse que poderia até colocar sua vida
em risco. Anschel era o único de seus muitos amigos em quem ele
sentia que poderia confiar.
"Já faz mais de cinqüenta anos desde que nos encontramos
no gueto pela primeira vez. Você disse então que, se eu algum
dia precisasse de um favor, deveria procurá-lo. Naquela ocasião,
pensei que fosse uma grande piada. Eu, o Grão Duque de Hesse-Cassel
– poderia precisar do favor de um judeu? Absurdo! Porém o
destino colocou-me exatamente nessa situação. Tenho muitos
amigos, mas você é o único no qual sinto que posso
confiar nesta situação difícil e perigosa.
"Perdi meu país, e Napoleão colocou minha cabeça
a prêmio. Felizmente, consegui mandar minha mulher e filhos para
um refúgio seguro na Dinamarca, e espero juntar-me a eles ali.
"Enquanto isso, aqui estou, pedindo que você me ajude"
– continuou humildemente o príncipe.
"Como posso ajudá-lo, caro príncipe" perguntou
Mayer Anschel.
"Consegui salvar o ouro, prata e outros valores de meu castelo. Tenho
tudo empacotado em quatro sacos simples, que estão na carroça
de camponês na qual viajei para cá, e que deixei lá
fora para ajudar a proteger meu disfarce.
"Talvez chegue o dia em que serei afortunado o suficiente para voltar
e reivindicar tudo novamente. Sei que posso confiar em você. Tenho
fé absoluta em sua honestidade e bondade."
"Farei todo o possível para guardar seus tesouros, e que D’us
me ajude a devolvê-los pessoalmente a você" – disse
Mayer Anschel, sabendo muito bem o risco que correria.
Quando Mayer Anschel pôde certificar-se de que os criados já
tinham se retirado para a noite, ele ajudou o príncipe e seu servo
a levarem para dentro os sacos de ouro, prata e outros artigos valiosos
– doze sacos pesados – até os aposentos privados de
Mayer Anschel.
O príncipe – cheio de gratidão – agradeceu a
Anschel, e saiu no meio da noite, por precaução.
Enquanto isso, Mayer Anschel não foi dormir. Passou a noite toda
cuidando do tesouro do príncipe. Afastou a mesa, removeu diversas
tábuas do piso e ali estava o porão secreto que Mayer Anschel
ocultava de olhos curiosos. Com esforço sobre-humano, ele baixou
os sacos um a um e, quando estavam guardados em segurança, recolocou
as tábuas soltas do piso e fixou-as com pregos. Colocou então
a mesa de volta em seu lugar, e ninguém poderia perceber que algo
incomum se passara naquele aposento.
Somente então Mayer Anschel percebeu o quanto estava exausto. Acomodou-se
em sua espreguiçadeira e imediatamente adormeceu.
Nos dias que se seguiram, os franceses ocuparam a cidade, e o governo
foi dominado por eles. Emitiram uma proclamação declarando
que uma grande recompensa seria entregue a qualquer pessoa que ajudasse
a localizar a fortuna desaparecida do príncipe e, por outro lado,
um castigo severo esperava aquele que a escondesse.
Os boatos corriam por toda a cidade, especulando sobre a fortuna real
desaparecida. A suspeita logo caiu sobre Mayer Anschel Rothschild, que
fora o tesoureiro real. Tudo ficou pior quando se soube que uma carruagem
de aparência suspeita fora avistada certa noite em frente da casa
do banqueiro judeu na Judengasse.
Certa manhã, como era de se esperar, a casa de Mayer Anschel foi
cercada por soldados franceses. Um oficial bateu à porta, e Mayer
atendeu, perguntando friamente ao oficial o que desejava.
"Em nome do Imperador Napoleão Bonaparte, exijo que o senhor
entregue a fortuna que o Príncipe Wilhelm deixou aos seus cuidados!"
respondeu ele altivamente.
"Não imagino quem poderia tê-lo enganado, falando tal
coisa" – replicou Mayer Anschel – "mas pode entrar
e revistar minha casa."
"Eu o advirto que" – continuou o oficial – "caso
encontremos o tesouro real aqui, você será preso e julgado
por traição!" Assim dizendo, ele ordenou aos soldados
que fizessem uma busca completa na casa, do porão até o
telhado. Chegaram a cavar o jardim, mas finalmente desistiram, pois não
acharam nem sombra do tesouro desaparecido.
O oficial encarregado, no entanto, não ficou satisfeito, e novamente
começou a advertir o banqueiro judeu:
"Temos motivos para acreditar que o tesouro real está aos
seus cuidados. Lembre-se, temos os meios para forçá-lo a
revelar onde o escondeu. Está sendo preso agora e sendo acusado
de traidor. E não somente você, mas todos os líderes
da comunidade judaica de Frankfurt pagarão caro pelo seu ato."
Mayer Anschel foi então levado, sob pesada guarda. Sua esposa,
Gitele, que até então tinha permanecido calma, correu atrás
dele, chorando:
"Meu querido, tenha pena de mim e das crianças! E por que
deveriam os líderes inocentes da comunidade também sofrer
por causa da fortuna do príncipe!"
"Minha querida Gitele, não se trata apenas da fortuna do príncipe,
mas eu dei a ele minha palavra; é isso que me incomoda. No entanto,
vejo que não me resta outra opção, sob estas circunstâncias…"
O oficial levou Mayer Anschel novamente para dentro da casa. Entraram
numa sala. Anschel dirigiu-se então a um quadro grande na parede
e tirou-o. Uma porta secreta foi revelada. Mayer Anschel tirou uma pequena
chave de sua corrente e abriu a porta. Um enorme cofre de ferro apareceu.
Abriu-o, mostrando diversas prateleiras repletas de sacos de ouro e todos
os tipos de valores. Virando-se ao oficial, disse:
"Aqui encontrará cerca de três milhões em ouro.
Este é o tesouro que estava procurando. Leve-o e vá em paz."
Os soldados franceses, encantados com o sucesso, juntaram tudo e se foram.
Depois da partida deles, Mayer Anschel chamou a mulher e os filhos e disse-lhes:
"Devemos agradecer ao Todo Poderoso por estarmos vivos. Quero que
saibam e que se lembrem que um judeu em geral, e um Rothschild em particular,
devem ser sempre honestos e manter sua palavra. Prometi ao Príncipe
Wilhelm que guardaria sua fortuna mais do que a minha própria,
e assim preferi entregar minha riqueza para salvar a dele. Chegará
a hora em que o Príncipe Wilhelm ou seus herdeiros, virão
reivindicar a fortuna que foi deixada aos meus cuidados. Quero que todos
vocês saibam onde está escondida; então devolverão
a eles. Mas até lá, ninguém deve saber coisa alguma
sobre tudo isso."
Mayer Anschel contou-lhes então onde ficava o esconderijo secreto.
Espalhou-se a notícia, em Frankfurt e também fora da cidade,
que a fortuna do Príncipe Wilhelm fora encontrada pelos soldados
franceses na casa de Mayer. Isso de forma alguma abalou os negócios
bancários de Rothschild. Pelo contrário, foi considerado
como um crédito para Mayer Anschel Rothschild que o príncipe
tivesse confiado nele a tal ponto que deixara a fortuna real aos seus
cuidados.
Assim, a empresa de Rothschild prosperou enormemente.
III
Passaram-se os anos. Napoleão sofreu uma pesada derrota em sua
guerra contra a Rússia, e seu poder diminuiu. Vários países
na Europa recuperaram a liberdade, e reis e príncipes começaram
a voltar aos seus antigos governos e reinos. O Príncipe Wilhelm
era um desses a voltar.
Logo depois que o príncipe colocara alguma ordem no reino, não
perdeu tempo em enviar um convite a Mayer Anschel para visitá-lo.
Estava ansioso para encontrar novamente seu amigo e conselheiro de confiança.
No entanto, Mayer Anschel adoecera. Ainda conseguiu jejuar no último
Yom Kipur de sua vida, e permaneceu na sinagoga durante todo o dia. Porém,
no dia seguinte, sentiu-se muito fraco para sair da cama e, na primeira
noite de Sucot, aos sessenta e oito anos, faleceu. Portanto, quando chegou
o convite do príncipe, foi o filho mais velho que fez a viagem
no lugar de seu querido pai.
Quando o príncipe soube do falecimento de seu estimado, velho amigo,
exclamou:
"De fato, uma terrível perda! Ele era uma pessoa maravilhosa,
Um homem tão honesto!" E suspirando profundamente, continuou:
"Não confiei em ninguém mais para cuidar da fortuna
real, somente no meu bom amigo, seu pai. Sei muito bem que não
foi culpa dele os franceses encontrarem o tesouro em sua casa. Gostaria
de ter conseguido dizer pessoalmente a ele os meus sentimentos a respeito
desse assunto. Gostaria também de assegurar a ele que eu desejava
que continuasse a cuidar de minhas finanças. Que pena! A perda
do tesouro não é nada para mim, comparada à perda
de meu querido amigo de confiança" – disse o príncipe
tristemente.
"Mas a fortuna real não está perdida" –
disse o jovem Rothschild.
"O que está dizendo – 'não está perdida?'
Não entendo! Os franceses a levaram, não foi?"
"É verdade que os franceses levaram embora uma fortuna, mas
pertencia a meu querido pai, de abençoada memória, e não
ao senhor. Ele estava determinado a cumprir a palavra que dera ao senhor,
de que guardaria sua fortuna acima da sua própria. E assim seu
tesouro está a salvo, intocado."
O jovem Rothschild contou então ao príncipe tudo que tinha
acontecido desde que ele deixara Frankfurt às pressas, para salvar
a vida. Disse também ao príncipe que uma quantidade razoável
de juros tinha se acumulado sobre a fortuna do príncipe no decorrer
dos anos, pois os Rothschild tinham usado parte do capital para seus empreendimentos
bancários. Agora, a firma estava preparada para devolver o capital,
acrescido dos juros, ao príncipe.
"Mas seu pai pagou com seu próprio capital para proteger o
meu! Você não me deve nada!" exclamou o príncipe.
"O Todo Poderoso nos compensou por nossa perda financeira, e sua
fortuna permanece intacta, integral. Temos de cumprir os desejos de meu
pai que, infelizmente, não pôde fazê-lo pessoalmente.
Ele sempre pretendeu devolver pessoalmente a fortuna às suas mãos,
mas não foi possível. Tudo que podemos fazer agora é
obedecer suas instruções."
Os irmãos Rothschild não perderam tempo em cuidar do assunto,
e a gratidão do príncipe foi ilimitada.
A história e a reputação dos Rothschild espalhou-se
em toda parte, nas cortes reais e outros círculos. Assim, Mayer
Anschel Rothschild deixou aos filhos como herança, não somente
uma grande fortuna, mas, algo muito mais valioso: um nome bom e honesto.
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