Ayal e o Rebe

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   Adaptado de Beit Mashiach Magazine
   

Ayal era o filho de onze anos de um diplomata israelense que trabalhava no Consulado de Israel em Nova York. Numa festa que celebrava a libertação dos reféns judeus em Entebbe (julho de 1976), ele começou a ter fortes dores de cabeça.

O médico disse que era um vírus e recomendou repouso na cama. Após algumas semanas, as dores de cabeça desapareceram. Mas então certo dia, Ayal acordou com uma dor latejante no lado direito da cabeça. O médico enviou Ayal para fazer alguns testes.

Nas semanas que se seguiram, a tensão e a tristeza no ar eram palpáveis. Embora o pai sorrisse e a mãe lhe desse tapinhas encorajadores, o menino percebia seus olhos vermelhos e inchados. Alguma coisa estava errada. Ayal exigiu saber o que estavam lhe escondendo. Depois de muito hesitar, o pai contou ao filho que os médicos tinham encontrado um tumor. Não disse a Ayal que os médicos lhe tinham dado três meses de vida.

Era a véspera de Yom Kipur de 1976. Os judeus chegavam de todas as partes da área metropolitana para passar os feriados com o Lubavitcher Rebe. Esperavam durante horas para receber bolo de mel do Rebe, juntamente com uma bênção para um ano bom e doce.

Um amigo que trabalhava no Consulado Israelense sugeriu ao pai de Ayal para conseguir uma bênção do Rebe. Os milagres do Rebe eram bem conhecidos, e não havia uma maneira melhor de passar o dia sagrado de Yom Kipur que junto ao Rebe. Um chassid de Lubavitch que costumava visitar o Consulado fez os arranjos para hospedá-los, e agora esperavam pela bênção do Rebe.

O Rebe geralmente sorria para as crianças, mas naquela véspera de Yom Kipur ele não sorriu para Ayal. Desejou ao pai e ao filho um ano bom e doce com um olhar sombrio no rosto.

Fizeram a refeição pré-jejum com a família que os hospedava, e depois dirigiram-se à Sede Lubavitch na Eastern Parkway, 770, no Brooklyn, para participar das preces do dia santo. No dia seguinte, também, Ayal e o pai estiveram na sinagoga pela maior parte do dia.

A tarde de Yom Kipur passou. O pai de Ayal mandou-o à casa do anfitrião para quebrar seu jejum e descansar até Ne'ila, a prece final de Yom Kipur.

Yom Kipur estava quase no fim. A congregação aguardava ansiosamente a recitação das preces finais do dia. Todos os olhos estavam postos no Rebe. De repente, ele ergueu seu talit e contemplou a multidão com um olhar penetrante no rosto, antes de se voltar para seu secretário. Este então anunciou que todas as crianças da sinagoga deveriam ir até a plataforma onde estava o Rebe. Abriram-se espaços para as crianças, e as menores foram passadas de mão em mão acima das cabeças.

O Rebe assistia e esperava. "Por que eu mandei Ayal para casa?" censurava-se o pai do menino doente. "Ele poderia agora estar ao lado do Rebe! Faz tempo que ele saiu. Por que ainda não voltou?"

Centenas de crianças estavam sobre a plataforma. O chazan (cantor) esperou por um sinal do Rebe para concluir as preces. Mas o Rebe estava esperando. De repente, chegou outra criança. Era Ayal. Foi levantado acima da multidão até a plataforma do Rebe. Imediatamente, o Rebe começou a entoar Avinu Malkeinu - Nosso Pai, Nosso Rei. Aqueles que estavam perto do Rebe ouviram-no chorar.

As preces terminaram. O Rebe sorriu para as crianças, todas as crianças.

Ayal e sua família se despediram dos anfitriões e voltaram para casa. Mais tarde, naquela noite, Ayal anunciou aos pais: "Minha dor de cabeça passou. Quero que amanhã me levem para fazer testes."

Tinham uma consulta marcada para mais testes dali a quatro dias, mas Ayal insistiu que estava bem e queria ser testado imediatamente para prová-lo. Os pais conseguiram antecipar a consulta.

Alguns dias depois, durante o jantar, o pai de Ayal irrompeu na casa e chorando e rindo, dizia: "Você estava certo!"

Ayal e o pai foram agradecer pessoalmente ao Rebe em Simchat Torá. O embaixador israelense nas Nações Unidas, Sr. Chayim Herzog, levou um grupo de funcionários do Consulado até o Rebe, Ayal e seu pai dentre eles. Receberam um lugar próximo ao Rebe, que lhes deu atenção especial. Quando o Rebe voltou-se ao pai de Ayal, este apresentou-lhe o filho.

"Obrigado, Rebe, eu estou bem" - disse Ayal timidamente. O pai de Ayal acrescentou: "O Rebe salvou a vida dele!" O Rebe sorriu e dispensou os comentários, dizendo: "Agradeça a D'us, e lembre-se sempre que Ele fez este milagres para você."

       
   
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