A escada

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  De Be'er Hachassidut, por Eliezer Steinman  
     

O grande mestre chassídico Rabi Yisrael Báal Shem Tov costumava rezar por diversas horas todos os dias. Seus discípulos, que há muito tinham concluído suas orações, formavam um círculo ao seu redor para ouvir a melodia de suas preces, e regalavam os olhos com o espetáculo de uma alma elevando-se em conexão meditativa com seu Criador. Era uma regra tácita entre eles que ninguém abandonava o posto até que seu mestre tivesse concluído suas preces.

Certo dia, grande fadiga e fome se abateram sobre eles. Um a um, esgueiraram-se para casa, a fim de comer alguma coisa e descansar por alguns momentos, certos de que as orações do mestre continuariam por várias horas ainda. Mas quando eles retornaram, viram que ele tinha terminado de rezar enquanto estavam fora.

"Diga-nos, Rebe" - perguntaram a ele - "por que concluiu suas preces tão cedo hoje?"

O Báal Shem Tov respondeu com uma parábola: Certa vez, um grupo de pessoas estava viajando através de uma floresta. Seu líder, que era abençoado com uma visão penetrante, avistou um lindo pássaro empoleirado numa árvore alta.

"Venham" - disse ele aos companheiros - "quero capturar este lindo pássaro, para que possamos nos deleitar com seu canto e contemplar suas cores."

"Mas como pode alcançar este pássaro que vê" perguntaram eles - "sendo a árvore tão alta e estando nós presos ao chão?"

"Se cada um de vocês subir no ombro de seu companheiro" - explicou o líder - "galgarei os ombros do homem no topo e alcançarei o tesouro que nos chama das alturas."

E assim fizeram. Juntos, formaram uma corrente que ia da terra ao céu, para erguer seu líder até o objetivo desejado. Porém logo cansaram-se do esforço e pararam para comer e descansar, e o homem que tinha avistado o pássaro caiu ao chão.

         
       
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