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Na parashá
dessa semana, encontramos 53 mandamentos e um deles é emprestar
dinheiro sem cobrar juros certamente, ou pelo menos dar Tsedacá
(caridade) para judeus pobres. À primeira vista não dá
para entender por que D’us, que é Infinitamente bom e possui
todo o dinheiro do mundo deixa que existam judeus pobres e carentes.
Para entender aqui está uma história:
Uma senhora judia de meia idade foi até o grande Tsadic, Rabi Menasha
de Savron, com uma pergunta de partir o coração.
Ela e seu marido tinham sido muito ricos, sua casa era aberta aos pobres,
e suas mãos abertas para a caridade, mas então algo aconteceu.
Pouco a pouco eles perderam tudo até que tiveram que viver de caridade.
Ela não conseguia aguentar isso, como podia eles, que tinham sido
tão generosos, agora ficar em plena miséria?
O rabino após ouvir seu desabafo com grande interesse, contou-lhe
a seguinte história:
“Um rico homem de negócios viajou até um local distante
para fazer um bom negócio. Ele levou seu gerente junto e uma maleta
com uma grande soma de dinheiro. O negócio era praticamente certo
e teria lucros altos. Depois de algumas horas de discussão eles
chegou num acordo e apertou a mão dos seus novos parceiros dizendo
que voltaria no dia seguinte com o dinheiro que tinha deixado seguro no
cofre de seu quarto.
No entanto, no dia seguinte quando foi pegar o dinheiro percebeu que não
estava lá. De repente, quando olhou para seu gerente, lembrou que
tinham descansado na praça principal da cidade no dia anterior
e que devia ter deixado a maleta no banco daquela praça lotada!
‘Guevalt!’ Ele suspirou com seu coração totalmente
desesperançoso. Não tinha a menor chance de que o dinheiro
ainda estivesse lá. Certamente uma das milhares de pessoas que
passaram por lá deveriam ter notado a maleta e a levado consigo.
Mas ele rapidamente fugiu desse pessimismo que não o levaria a
nada e foi correndo até a praça junto com seu gerente. Milagre
dos milagres, a maleta com o dinheiro estava lá, intocada!
Eles foram até seus parceiros e concluíram o negócio.
No entanto, a partir deste dia o rico comerciante não foi mais
o mesmo, tinha se tornado um homem extremamente triste.
Sem explicação, depois desse dia seus negócios começaram
a cair e em menos de um ano perdeu todo o seu dinheiro, teve que demitir
seus funcionários, os credores pegaram sua casa e suas posses e
ele teve que passar a mendigar.
Por outro lado, seu gerente antigo tornou-se um homem proeminente até
que, por ironia do destino, anos após aquele incidente, a situação
estava completamente diferente: o homem que antes era rico acabou parando
na casa de seu ex-gerente junto com um grupo de mendigos para pedir dinheiro.
O homem rico não o reconheceu, mas o ex-gerente sim e este ficou
com o coração partido com compaixão por seu ex-chefe.
Ele lhe puxou para o canto, deu-lhe uma moeda de ouro e pediu para que
permanecesse Shabat como hóspede em sua casa.
O pobre ex-chefe ainda sem o reconhecer, lhe agradeceu profundamente e
escondeu a moeda no seu sapato, mas um dos outros pobres percebeu.
Quando eles estavam no micvê se preparando para o Shabat, ele roubou
o sapato do ‘chefe’ e levou ainda sua roupa toda, e saiu correndo
antes que alguém percebesse o seu roubo.
Naquela noite, vendo que seu ‘ex-chefe ‘ não chegava,
seu antigo gerente foi procurá-lo preocupado e acabou o encontrando
no micvê, cantando e dançando como se fosse o casamento de
sua filha… mas, vestia apenas com a roupa de baixo!
O gerente pediu para seus assistentes pegarem uma muda de roupas e pouco
tempo depois estavam sentados à mesa de Shabat bebendo vinho e
celebrando quando o gerente revelou sua identidade.
‘Mas tem uma coisa que eu não entendo’, ele perguntou
ao ex-chefe. ‘Por que quando o senhor achou aquela maleta cheia
de dinheiro há anos atrás o senhor ficou triste e agora
que perdeu seus sapatos e calças estava dançando como uma
criança feliz?’
‘A resposta é simples’, respondeu, ‘Existe uma
roda do sucesso nesse mundo. Naquele momento, quando achei aquela mala
sem que ninguém tivesse tocado nela no banco de uma praça
central e lotada, percebi que tinha chegado no topo da roda. Tive uma
premonição que daquele momento em diante só haveria
descida. E foi o que aconteceu! Mas agora, além de não ter
um centavo, perdi meus sapatos e roupa, sabia que tinha chegado no fundo
do poço… o que indica que estou prestes a subir ainda mais
alto do que antes!’
“E”, concluiu o Tsadic de Savron para a pobre senhora, “assim
aconteceu com aquele homem e assim acontecerá com a senhora! Sua
pobreza lhe deu um recipiente ainda maior para maiores bênçãos
e riqueza que estão a caminho. Apenas não desista!”
Isso responde à nossa pergunta: com a chegada do Mashiach não
haverá mais pobreza no mundo. Mas agora, no ‘exílio’,
quando a criação parece estar longe e separada do Criador,
temos pobreza espiritual e também física. E geralmente o
único meio de conseguir as riquezas que merecemos é através
da experiência com os altos e baixos da ‘roda do sucesso’. |