Sangue e ovos

   
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Na Europa Oriental, durante os séculos XVI e XVII, milhares de judeus inocentes, homens, mulheres e crianças perderam suas vidas nos assassinatos em massa que ficaram conhecidos como "libelos de sangue".

Turbas raivosas, muitas vezes incitadas por seus líderes religiosos, mataram judeus em retaliação por falsos rumores de que estes tinham assassinado crianças cristãs para obter sangue para suas Matsot de Pêssach.

Em uma certa aldeia, um "libelo de sangue" foi terminado devido à observância de Cashrut por uma simples mulher judia. A mulher e seu marido eram estalajadeiros. Certo dia, receberam um cavalheiro bem vestido como hóspede para o jantar. A mulher propôs preparar um omelete, que na época era considerado um prato requintado.

O hóspede ficou surpreso ao ver a mulher quebrar, verificar e descartar um ovo após o outro até que finalmente conseguiu usar o oitavo e o nono ovo para o omelete. O cavalheiro questionou seu estranho procedimento, ao que a mulher explicou que estava inspecionando os ovos para ver se não havia gotas de sangue, já que a Torá proíbe a ingestão do sangue.

Dois anos depois, aquele hóspede da estalagem, Jan Stephanski, que se tornara governador de uma das maiores províncias da Polônia, foi informado de que um "libelo de sangue" estava ocorrendo em uma das aldeias de sua província.

O governador, lembrando-se do "incidente do omelete" na estalagem do casal de judeus, sabia que o povo de Israel jamais consumiria nem mesmo uma quantidade ínfima de sangue. Reuniu os aldeões e ordenou- lhes que parassem com sua conduta irracional e violenta.

       
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