Uma recompensa pela mitsvá do Kidush

  Fontes: Talmud Bavli, Meguilá 27b-28a; Talmud Yerushalmi, Sanhedrin 1:1
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Muito antes de Rav Huna tornar-se o líder da yeshivá de Sura, na Babilônia, ele era um fazendeiro. Até mesmo quando Rav Huna trabalhava arduamente nos campos, estudava Torá a cada momento livre do dia e por quase toda a noite. Depois de muitos anos, tornou-se um grande sábio, um dos mais eminentes de sua geração. Mas mesmo assim era um homem pobre.

Certa vez, enquanto ainda era um trabalhador, alguns homens dirigiram-se a ele e lhe pediram para decidir uma disputa. “Se vocês contratarem um operário para colher as tâmaras no meu lugar, darei uma opinião” - disse ele. “De outra maneira não posso parar o meu trabalho!”

Rav Huna nunca pediu por ajuda, nem desejou ser honrado pelas custas de alguém. Certa vez, retornando de seu trabalho no campo, com sua enxada no ombro, encontrou-se com Rav Chana bar Chanilai, um dos sábios mais jovens. Rav Chana quis honrar a Rav Huna carregando a enxada para ele. Mas este recusou. “Se está acostumado a carregar ferramentas para você mesmo, então eu concordarei; mas se não está, não posso deixá-lo carregar a enxada para mim. Não posso permitir que você se desgaste para me honrar!”

Rav Huna era tão pobre que nem sempre possuía dinheiro suficiente para o vinho do kidush. Um dia foi visitar seu professor, o ilustre sábio – chamado “Rav” por abreviação – o qual então chefiava a yeshivá de Sura. Rav notou que Rav Huna parecia diferente do que o habitual; Ele não estava usando um cinto. Em vez disso, usava uma corda feita de fortes sizênias. Rav perguntou surpreso: “O que é isso? O que você está usando? Onde está o seu cinto?”

“Não tinha dinheiro para comprar vinho para o Kidush. Mesmo que se possa fazer kidush num pão, aprendemos que é preferível recitar o kidush sobre o vinho. Portanto, pedi emprestado o dinheiro para comprar vinho para o Kidush e dei meu cinto como garantia até reembolsar o empréstimo com o meu salário.”

Rav parou diante de seu eminente aluno e o contemplou. Ele parecia um pobre com seu cinto de sizênias. Rav ficou comovido por sua devoção; nunca queixou-se sobre sua difíceis circunstâncias e nunca pediu nada. E agora, até empenhou o seu cinto para cumprir a mitsvá do kidush.
“Possa ser a vontade de Hashem que um dia você possa ser tão rico que chegue a se vestir com roupas de seda” – Rav o abençoou.

A bênção do Rav foi cumprida. Rav Huna tornou-se muito rico. Não lhe faltava nada. Logo chegou a época de seu filho, Rabá, se casar. O casamento foi um grande e magnífico evento. No final da noite, Rav Huna quis descansar de todas as incumbências do dia. Entrou num dos quartos e deitou-se numa cama.

Ele era um homem pequeno, e no escuro do quarto, sua família não notou que ele descansava na cama. Suas filhas e noras entraram no quarto, tiraram seus casacos de seda e colocaram-nos na cama. Quando Rav Huna acordou encontrou-se completamente coberto de seda.
Assim a bênçao do Rav cumpriu-se na íntegra!

       
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