Blintzes

indice

     
     

Num frio dia de inverno em Chicago, um pobre judeu caminhava lentamente da fábrica onde trabalhava para casa, quando passou por um restaurante luxuoso e muito caro. Parou defronte à enorme vitrine de vidro, e por vários minutos quedou-se contemplando as pessoas sentadas na suntuosa sala aquecida, conversando e rindo, enquanto comiam deliciosas blintzes de queijo, tão completamente alheias a ele como se estivessem em um outro plano de existência, mais elevado.

"Blintzes," murmurou ele consigo mesmo, enquanto se voltava e continuava seu caminho para casa.

"Sara," anunciou à mulher enquanto fechava a porta atrás de si e jogava o casaco sobre uma cadeira. "Sara, estive pensando, será que você poderia preparar blintzes para mim? Eu realmente gostaria de comer algumas blintzes."

"Claro, Max," respondeu ela. "Farei o melhor que puder."

Sara pegou o antigo livro de receitas e abriu na página de "Blintzes." Aha! exclamou alegremente. "Aqui estão... blintzes!"

Duas xícaras de farinha, uma xícara de água... "Veja, Max, aqui diz que precisamos de queijo cremoso. Não temos queijo cremoso," disse ela tristemente. "Escute, Sara, quer saber de uma coisa? Esqueça o queijo," consolou Max.

"Olhe só," chamou ela novamente. "Aqui diz que precisamos de nozes, mel e passas!" "Esqueça esse negócio também," aconselhou ele. "Oh, Max, você é uma marido tão bom! Mas o que é isso/ Precisamos de canela e açúcar mascavo," leu ela no livro. "Não necessariamente!" decretou ele. "Simplesmente comece a assar, Sara, estou bastante faminto."

Então ela acendeu o fogo cerimoniosamente, misturou a farinha e a água, enrolou-a no formato de charutos e colocou-os para assar. Em alguns minutos, lá estavam eles, colocados sobre um prato perante um Max muito feliz, um guardanapo enfiado no colarinho.

A faca e o garfo começaram a trabalhar imediatamente e dentro de segundos ele realmente estava fazendo aquilo! Estava comendo blintzes igualzinho aos caras ricos naquele restaurante de luxo!

Sara observava-o orgulhosamente enquanto ele engolia devagar. Após vários segundos de completo silêncio, ela não pôde resistir. "E aí, o que está achando? Gosta?"

"Sabe de uma coisa, Sara," disse Max. "Não consigo realmente entender qual a graça que os ricos vêem nas blintzes."

Narrado por Rabino Tuvia Bolton, da Yeshivá Ohr Tmimim, Kfar Chabad, Israel.

         
       
top