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Daniel
era um bebê quando seus pais se mudaram da Rússia para Israel.
Seu pai era médico e logo encontrou trabalho em Israel, e as coisas
pareciam correr bem, até que surgiu a "alergia".
Daniel tinha apenas quatro anos quando seus olhos começaram a coçar.
A princípio era apenas incômodo, mas depois progrediu mais
e mais. A coceira não cedia, e estava ficando dolorosa.
Os médicos pediram todos os tipos de exames. Pensaram que talvez
fosse um problema nervoso, talvez algo hereditário, uma infecção
talvez, ou reação alérgica a certas substâncias.
Enquanto isso, a dor estava ficando insuportável. Por fim os médicos
concluíram que era uma doença rara dos olhos, causada por
um vírus que fazia os olhos reagirem violentamente à luz.
O pequeno Daniel teve de tomar comprimidos, injeções e usar
óculos de sol especiais para que nenhuma luz atingisse os seus
olhos. Embora houvesse algum alívio, o problema não foi
resolvido.
Até no escuro, os olhos de Daniel coçavam sem parar. E se
houvesse uma luz forte – o flash de uma câmera, o farol de
um carro sobre a parede, nuvens se abrindo e deixando passar o sol num
dia nublado – Daniel começava a gritar com uma dor alucinante.
Seus pais se recusavam a aceitar aquilo. Não poupavam dinheiro,
tempo ou sacrifícios em busca da cura. Levavam Daniel de um especialista
a outro. A cada vez, os médicos vinham com novas teorias e tentavam
novos tratamentos, mas estes inevitavelmente também falhavam.
Além da medicina convencional, os pais de Daniel não desprezaram
"métodos alternativos". Foi levado aos maiores especialistas
em acupuntura, massagens, ervas, dietas, meditação, amuletos,
pedras raras, medicina chinesa, japonesa, indiana, russa, etc., mas nada
deu certo.
Então vieram as bênçãos de grandes rabinos.
Quando os pais de Daniel souberam que havia rabinos sagrados cujas bênçãos
traziam cura, suas esperanças ressurgiram.
Foram de rabino em rabino, de cidade em cidade. Visitaram todos os rabinos
famosos em Israel que tinham feito coxos caminharem e mulheres estéreis
terem filhos. Mas por algum motivo, com Daniel era diferente. Ele continuava
sofrendo.
Daniel precisa de uma hora e meia todas as manhãs para abrir os
olhos; as pálpebras simplesmente permaneciam fechadas. Na escola
ele precisava sentar-se uma repartição especial na classe,
onde não entrava qualquer luz forte sem mencionar que não
podia brincar com as outras crianças.
Finalmente, depois que tudo fora tentado e Danny estava com onze anos,
o maior especialista israelense em visão disse tristemente aos
pais de Danny que eles deveriam fazê-lo aprender Braille. Se possível,
ele deveria ser preparado psicologicamente para, dentro de mais um ano,
ficar cego.
Foi nessa época que os pais de Danny resolveram mudar para os Estados
Unidos. Tinham arrumado bons empregos em Nova York, amigos tinham encontrado
um local para eles morarem e também um renomado especialista para
Danny. Antes que se dessem conta, estavam num avião que os levaria
a um novo capítulo na vida. Talvez a mudança de local lhes
mudasse seu "mazal" (sorte) também.
O primeiro Shabat nos Estados Unidos eles passaram na casa de um amigo
em Crown Heights, onde fica a sede mundial dos chassidim de Chabad-Lubavitch.
No Shabat, os pais de Daniel compareceram a um farbrenguen (reunião
chassídica) do Rebe. Daniel também foi e lembra-se que foi
interessante olhar para o rosto do Rebe.
O dia seguinte era domingo. Já fazia alguns anos que o Rebe distribuía
semanalmente notas de um dólar para serem dadas à caridade
a milhares de judeus e não-judeus que vinham de todas as partes
do mundo.
Naquele domingo, Daniel e seus pais também ficaram na longa fila
e esperavam sua vez de terem um momento precioso com o Rebe.
Quando chegou a sua vez, o jovem Daniel estava um tanto intimidado. Olhou
através dos seus olhos espessos e escuros para o Rebe e disse em
russo: "Eu quero ser saudável e ser um erudito talmúdico.
E desejo ao Rebe saúde e sucesso."
O Rebe sorriu, deu um dólar a Daniel e disse: "Amen."
Quando Daniel estava para ir embora, o Rebe acrescentou: "B'karov
Mamash – muito, muito em breve."
Uma semana depois, no domingo pela manhã, Daniel acordou e abriu
os olhos! Era a primeira vez em seis anos que os olhos não estavam
cerrados.
Daniel percebeu que não havia coceira. Colocou os óculos,
foi até a janela, abriu-a e olhou para fora. Era um lindo dia de
verão. Ele abriu os olhos o mais que podia, tirando devagarinho
os óculos e começando a gritar de alegria.
A dor desaparecera.
No dia seguinte foram a um especialista, que após um exame minucioso,
concluiu que Daniel provavelmente precisaria de óculos de leitura,
mas era só esse o problema. Segundo os exames que eles fizeram,
jamais tinha havido outro problema. Se não fossem os registros
médicos que o pai de Daniel tinha guardado meticulosamente no decorrer
dos anos, ninguém acreditaria o contrário.
Daniel foi receber sua ordenação rabínica da yeshivá
Chabad-Lubavitch em Morristown. New Jersey. Ele se casou há alguns
anos e há pouco tempo tornou-se um emissário do Rebe abrindo
um Beit Chabad muito ativo e em crescimento na Rússia, onde conheci
Daniel e ouvi esta história diretamente dele.
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