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Chegou
um mensageiro na cidade de Szchedrin, enviado por rabinos e líderes,
para angariar dinheiro a ser doado a uma causa importante. Foi programada
uma reunião pelos anciãos da cidade para discutirem como
ajudar o hóspede naquela sagrada missão.
Na reunião foi sugerido que o mensageiro fosse acompanhado em suas
visitas de porta em porta por um membro respeitado da comunidade. Assim,
aqueles que talvez resmungassem para entregar uma contribuição
a um estranho seriam mais generosos na presença de alguém
a quem conheciam e respeitavam.
Naturalmente,
todos se voltaram para Reb Peretz, o dono do moinho, que se encaixava
naquela descrição: instruído, piedoso e rico, ele
era sem dúvida o morador de maior prestígio na sala.
Reb Peretz, no entanto, não estava tão entusiasmado. "Ouçam"
– disse ele finalmente – "eu estive pensando: quanto
poderemos angariar batendo à porta de cada pequeno lojista ou carroceiro?
Eu conheço esta cidade, e estimo que levantaremos, no máximo,
dezoito rublos de prata. Vou lhes dizer uma coisa – estou disposto
a contribuir eu mesmo com os dezoito rublos, se vocês me liberarem
desta 'honra'…"
Presente à reunião estava o rabino da cidade, Rabi Shaul
DovBer Zislin. A esta altura, ele interveio: "Reb Peretz" –
disse ele – "você acaba de explicar algo que me intrigou
durante toda a noite. Eu estava me perguntando: por que esta reunião
foi convocada? Certamente os queridos judeus de Szchedrin são almas
caridosas, que doarão tudo que puderem a uma causa nobre. Por que
o mensageiro não vai simplesmente fazer os pedidos, para conseguir
o dinheiro?
"Vou lhes dizer porquê. Quando nosso amigo veio à cidade,
o yetser hará (má inclinação) ficou frenético.
Centenas de mitsvot estavam para ser cumpridas em Szchedrin! O importante
não são os dezoito rublos que serão angariados –
considerando as quantias com as quais o yetser hará está
habituado a lidar, isso é apenas uma gota. Mas as mitsvot! Yankel,
o aguadeiro, Shepsel, o estalajadeiro, Mina, a lavadeira, e centenas de
outros, darão de boa vontade seus tostões duramente ganhos
para ajudarem seus irmãos em dificuldades. Que trabalho espera
o yetser hará! Ele deverá agora abrir caminho até
o coração de cada um dos preciosos judeus da cidade e procurar
diminuir sua generosidade, convencê-los a reduzir sua contribuição
ou recusá-la totalmente, D'us não o permita.
"Então o yetser hará teve uma idéia. Convocar
uma reunião! Sim – organizar uma reunião com os cidadãos
mais influentes de Szchedrin, para ajudar o mensageiro nesta sagrada missão.
Nesta reunião, será inevitavelmente sugerido que Reb Peretz
acompanhe o mensageiro para estimular uma doação ainda mais
generosa. Ora, o trabalho do yetser hará será muito, muito
mais fácil – tudo que precisa fazer é convencer Reb
Peretz a doar ele próprio os dezoito rublos…"
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