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Há
muito tempo, existiu um homem justo, um tsadic, cujo nome era Binyamin.
Ele dedicou sua vida a fazer boas ações e dar tsedacá.
Por isso todos o chamavam Binyamin, o tsadic (o justo).
As pessoas sabiam que ele era digno de confiança, honesto, e extremamente
meticuloso na observância das mitsvot, portanto o designaram tesoureiro
dos fundos de tsedacá da cidade. Sua tarefa era arrecadar dinheiro
daqueles que contribuíam, e depois distribuí-lo entre os
pobres.
Certo ano, aconteceu uma seca rigorosa. A comida encareceu tanto que muitas
pessoas não tinham possibilidade de comprá-la. E assim dirigiram-se
a Binyamin, que sempre ajudava a todos que o procuravam. Mas agora, existia
tantos pobres e tão pouco dinheiro - só alguns podiam ainda
doar algo para tsedacá. Em certa ocasião, não se
encontrava nem mesmo uma prutá - um centavo (a moeda de menor valor)
- no fundo.
Exatamente
neste dia, uma pobre viúva veio procurar auxílio. Estava
pálida, fraca e mal podia andar. Com lentos e esforçados
passos, ela se aproximou de Binyamin, o tsadic e, com lágrimas
nos olhos, implorou: "Rabi, auxilie-nos! Por favor dê-nos algum
dinheiro para comprar pão ou farinha. Eu tenho sete filhos, órfãos
e todos nós estamos morrendo de fome!"
Binyamin ficou transtornado: "Que pena que você não
veio antes" - suspirou ele. "Agora que o fundo de tsedacá
está vazio, que posso fazer para ajudá-la?"
"Rabi, se o senhor não nos prover, meus sete filhos e eu morreremos
de fome" - clamou a mulher. "Nós não temos ao
menos um resto de comida em casa. Não temos nos alimentado há
alguns dias e não conseguiremos suportar tal sofrimento por mais
tempo!"
Binyamin viu quão perturbada a pobre mulher se encontrava, e percebeu
que ela dizia a verdade. Sua vida e a de seus filhos estavam em perigo.
Poderia ele permitir que morressem de fome; que D’us não
o permita?
Binyamin não era um homem rico e nem tinha o suficiente para se
alimentar. Apesar disto, decidiu auxiliar a viúva e seus sete filhos
com seus próprios recursos. Ele lhes deu parte de seu pão;
ele próprio comia, agora, menos ainda. Binyamin continuou a prover
a mulher e seus filhos durante toda a seca, até que D’us
teve misericórdia, e caiu um aguaceiro por toda terra. Como o produto
brotou nos campos, o pão ficou mais barato, e até os necessitados
o adquiriam. Nesse tempo, a viúva já podia se manter.
O tempo passou e Binyamin, o tsadic caiu muito doente. Os médicos
não conseguiram curá-lo, e ele estava à beira da
morte. Mas os anjos no Céu intervieram. Eles dirigiram-se a D’us
e imploraram.
"Senhor do Universo! Na sua Torá nós aprendemos que
toda a humanidade descende de um único homem, de Adam. Isto nos
ensina que quando um salva uma simples vida humana, é como se ele
tivesse salvo o mundo inteiro. A Torá nos ensina somente a verdade!
Portanto, por que deverá Binyamin, o tsadic que é tão
jovem, morrer? No final das contas, ele salvou não só uma
vida, mas oito vidas - da viúva e de seus sete filhos!"
D’us ouviu a súplica dos anjos e concedeu a Binyamin outros
vinte e dois anos de vida - um ano a cada letra do alef-bet da Torá.
Binyamin, o tsadic foi salvo pelo mérito de cumprir os mandamentos
da Torá tão altruisticamente.
Fonte: Talmud Bavli,
Bava Batra 11a |