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Respeito
através da atitude
Até que ponto deve-se mostrar respeito aos pais?
O respeito pelos pais também significa garantir que tenham comida,
bebida e outras necessidades satisfeitas. Mas a atitude do que se tem
ao fazer é mais importante do que o ato em si.
Houve certa vez um homem idoso que foi morar com o filho, fraco demais
para viver sozinho.
Todo dia o filho alimentava o pai com frango recheado e outros pratos
deliciosos, mas era evidente que não gostava de fazer isso. Ele
o servia com a cara amarrada, mostrando ao pai que considerava aquilo
um fardo do qual não podia escapar.
O pai gostaria de saber como o filho arrumava dinheiro para alimentá-lo
com iguarias tão saborosas, mas ficava intimidado pela cara soturna
do filho e comia em silêncio, sem lhe perguntar nada.
Certa vez, porém, não conseguiu mais se conter e comentou:
"Meu filho, onde consegue tanto dinheiro para me servir pratos tão
saborosos todos os dias? Você não é tão rico
assim".
"Cale
a boca!", o filho exclamou rispidamente, "coma o que lhe é
oferecido, assim como faz o cachorro; quando comem não latem."
Profundamente insultado, o pai terminou a refeição em silêncio.
Nossos Sábios se referem a este filho quando dizem: "Uma pessoa
pode servir frango recheado ao pai e ainda assim merecer o Guehinom!"Há
outra forma de se demonstrar respeito aos pais.
Nossos Sábios disseram que uma pessoa pode colocar seu pai movendo
um pesado moinho e fazê-lo trabalhar exaustivamente e ainda assim
ganhar um lugar no olam habá.
Um governo maléfico certa vez decretou que cada família
judia deveria mandar um homem para empurrar as pedras dos moinhos do palácio.
Naquele tempo, as pessoas costumavam moer o trigo em imensas pedras redondas.
Para movê-las, usavam bois e burros. Os animais andavam em círculo,
fazendo girar as pedras. Desta forma, o trigo era transformado em farinha.
O novo decreto estipulava que deveriam ser usados os próprios judeus,
e não animais, para fazer funcionar os moinhos do rei.
Havia no reino uma família judia pobre cujo chefe todo dia preparava
um pouco de farinha de trigo em seu pequeno moinho doméstico. Porém,
quando soube do decreto, e que teria que trabalhar no moinho do palácio,
ficou muito preocupado com o destino de sua família.
"Quem irá moer a farinha para o nosso pão de cada dia?",
perguntou.
Ele não podia mandar seu pai servir o rei, pois o trabalho lá
era muito pesado e os funcionários do rei estavam constantemente
humilhando os judeus que substituiam os animais, na moagem do trigo.
Por fim, o filho não teve saída. Decidiu pedir ao pai que
moesse a farinha da família, para que ele pudesse ir ao palácio.
Ele explicou a situação em voz baixa e suplicante.
O pai, embora idoso, concordou sem hesitar. Assim todo dia ele se curvava
no moinho, para que a família tivesse farinha para o pão.
Quando os Sábios souberam disso, disseram: "Um filho pode
alimentar o pai com frango recheado, e ainda assim ir para o Guehinom.
Outro filho pode colocar o pai para trabalhar num moinho – e contudo
chegar ao Gan Eden!"
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