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Tenho
um amigo, Ariel, estudante da Yeshivá Lubavitch que me inclui em
suas visitas semanais. Ele tem assegurado, entre suas muitas outras mitsvot,
de que eu não esqueça de colocar tefilin ao menos uma vez
por semana.
Certa sexta-feira à tarde, tive um vislumbre do significado de
bashert (predestinado) durante uma de suas visitas semanais. Ele tinha
chegado ao meu escritório próximo do Shabat, e imediatamente
começou a colocar o tefilin e me ajudar a recitar as preces. Estava
ficando tarde e Ariel preferiu, em vez de se arriscar a tomar um táxi,
passar o Shabat numa sinagoga local deixando sua mochila comigo.
Eu disse a Ariel quando ele estava saindo: "Creio que há algum
significado no fato de você ter chegado tarde hoje. Talvez fosse
para nos lembrar que devemos nos guiar por regras, e que devemos obedecer
os prazos da vida.
Fora do mundo de Torá, nós judeus seculares nos esquecemos
disso. Não podemos celebrar o Shabat na hora que desejamos, ou
quando nos é conveniente; temos de observar o Shabat quando o relógio
nos informa que é Shabat.
Ariel sorriu, beijou a mezuzá em minha porta, desejou-me um Shabat
Shalom e apressou-se a sair.
Momentos depois, percebi que não acendera minha chanukiá
por alguns dias. Se Ariel não tivesse se atrasado naquele dia eu
teria esquecido o último dia de Chanucá! Procurei velas
mas não pude encontrar nenhuma. Percebi que Ariel tinha deixado
sua mochila comigo para o Shabat – certamente ali haveria velas
e ele não se importaria se eu as usasse. Acendi a menorá
e ela preencheu a noite com sua luz sagrada, reconfortante.
Nada na vida é coincidência, e é preciso abrir bem
nossos olhos para enxergar a Divina Providência ao nosso redor,
em todos os momentos (até o fato de você estar vivo e respirando
neste momento, lendo minha história!).
Bem, foi então que percebi: às vezes o atraso de um amigo
é previdente – a mitsvá de Ariel, deixando sua mochila
comigo para preservar o mandamento do Shabat fora responsável por
salvar Chanucá para mais um judeu.
Cada mitsvá traz consigo uma nova…
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