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Devemos começar a entender a importância da memória.
Memória não é apenas história ou arquivo morto.
Por definição, a memória passada cria o presente.
Repressão da memória cria o desequílibro mental.
A saúde depende da recuperação da memória.
Ditadores consolidam seu poder distorcendo a memória. Stalin apagou
Trotsky e Bukharin de fotografias. Revisionistas negam que o Holocausto
tenha acontecido. Que diferença faz? O homem é memória.
Ninguém pode apagar o que foi visto (testemunhado) e documentado.
Pessoas
que perdem a memória não perdem apenas suas referências,
perdem também suas identidades. Ficam perdidas no tempo,
pois sem memória, o presente não tem contexto e
nem significado.
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Pessoas que perdem a memória não perdem apenas suas referências;
perdem também suas identidades. Ficam perdidas no tempo, pois sem
memória, o presente não tem contexto e nem significado.
Yerushaláyim é para nós judeus como a luz, a água
e o ar. O centro para o qual nos voltamos três vezes ao dia, dirigindo
nossas preces a D’us; voltamos nossa mente e coração
em direção a Yerushaláyim; onde quer que estejamos,
judeus na Europa, Ásia, Africa, não importa, todos estarão
voltados para a direção em que nasce o sol, onde se encontrava
erguido o Bet Hamicdash, o Templo Sagrado.
Quando os judeus foram exilados de Jerusalém pela primeira vez,
o profeta Yirmiyáhu escreveu: "Se eu esquecer de ti Yerushaláyim,
que minha mão direita perca sua destreza. E que minha língua
fique grudada a meu palato. Se eu não me lembrar de ti. Se não
elevar Yerushaláyim acima de minha maior alegria".
Yerushaláyim fez, faz e eternamente fará parte da vida do
Povo Judeu.
É lembrada nos momentos mais felizes. Em todos os casamento judaicos,
a cena mais emocionante sob a chupá é aquela que dá
desfecho à cerimônia em que um copo é quebrado pelo
noivo em lembrança à destruição do Templo
Sagrado de Jerusalém.
Em outros
lugares D'us é teoria, mas em Jerusalém Ele pode ser sentido
como uma presença tangível, em incontáveis fatos
históricos relatados na Torá, que marcaram cada pedra, cada
estrada que conduzia a ela. O exato local onde seria construído
o Templo Sagrado foi testemunha da cena em que Yaacov teve o sonho de
anjos subindo e descendo de uma escada; foi também palco do sacrifício
de Yitschac levado por seu pai Avraham, o qual declarou sobre o lugar:
"Este é o local onde D'us é visto.". Jerusalém
foi cenário de batalhas e glórias, de liberdade e exílio,
onde sempre alimentou nossa memória e esperança. Foi de
construção, destruição e se D’us quiser,
será de reconstrução definitiva.
Antigamente o Monte do Templo era o ponto mais alto da cidade de Yerushaláyim,
mas no ano 135, escravos romanos levaram a sujeira para fora da montanha,
transformaram-a no vale que vemos hoje em dia na Cidade Velha. Os romanos
expeliram os Judeus de Yerushaláyim e os impediram de retornar,
causando a dor da morte. A vida judaica, proclamaram, terminava agora.
Yerushaláyim
fez, faz e eternamente fará parte da vida do Povo Judeu.
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Os Cruzados reescreveram a importância de Yerushaláyim,
não mais como o centro unificador do povo judeu, mas o local de
outras paixões alheias ao judaísmo. Como os romanos eles
expulsaram os judeus, e destruíram sinagogas. Os muçulmanos
vieram depois, e como os outros, reescreveram a memória de Jerusalém,
banindo judeus e cristãos. Construíram mesquitas sistematicamente,
em todo local santo para os Judeus. Eles apagaram o passado. Cada uma
destas culturas reescreveu nosso lugar, o lugar judaico na história.
Nos reduziram, acreditavam eles, à caixa de pó da história
-- certa vez um grande povo, mas agora, abandonado por D'us e ultrapassado
pelo tempo.
No entanto, contrariando qualquer lógica ou estatística,
continuamos aqui. Nossa memória jamais nos traiu. Todos os anos,
ao final do sêder de Pêssach, data em que celebramos nosso
Êxodo do Egito e liberdade rumo a Terra Santa, declaramos: "No
próximo ano em Jerusalém", o desejo de chegar a uma
época em que não precisaremos mais viver na galut, diáspora,
o sonho de um mundo no qual amor e justiça, paz e união
nos reconduzirão ao centro do universo, a moradia de D’us.
Yerushaláyim
está viva e sempre presente. Quando construímos nossas casas,
deixamos um pequeno quadrado sem acabamento, e quebramos um copo em casamentos,
em memória a Yerushaláyim. Do mundo inteiro nos viramos
e rezamos para Yerushaláyim, e porque a memória foi mantida
viva, o povo judeu sobreviveu.
Quando Yerushaláyim foi liberada, tempo era confuso. O passado
ficou presente. O que nós tínhamos almejado se tornou nosso.
O que nós tínhamos sonhado ficou real, e os soldados choraram,
pois um país mediterrâneo adolescente recuperava uma memória
perdida durante 2000 anos, repentinamente. O passado estava imediatamente
presente, inacreditavelmente transformando-nos no que sabíamos
que sempre fomos.
Quem somos nós?
Nós não somos itinerantes menosprezados e empobrecidos,
sobrevivendo às custas da benevolência inconstante de outras
nações. Não somos uma nação de fazendeiros
que recuperam pântanos, nem de guerreiros - entretanto quando nós
precisamos, somos todas estas coisas. Somos uma nação de
sacerdotes e profetas, que tem servido de exemplo, inspiração
e luz a toda a humanidade.
O Talmud diz que o nome Yerushaláyim vem de D'us, composto de duas
partes: "Yira", que significa 'ver' e 'shalem', 'paz'; portanto,
"Visão da paz".
A cidade, capital espiritual do mundo, nos dá força para
almejar e alcançar esta visão. A matemática de nossos
atos no cumprimento de Torá e mitsvot, desde Avraham até
nossos dias, envolvendo todos os judeus que trilham o caminho da teshuvá
(retorno), tem nos conduzido verdadeira e irremediavelmente a Jerusalém
e ao início de uma nova era… quase palpável!
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