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  O Jogo de Xadrez
 
 
Por Rabi Simon Jacobson
 

Adaptado de uma palestra do Rebe à qual compareceu Shmuel Reshevsky, um Mestre Internacional de Xadrez.

O xadrez é uma batalha empreendida por um grupo de soldados. Ao centro está o Rei, ao redor do qual o jogo se desenrola. O Rei é indispensável, e a maior prioridade de todos os soldados é proteger o Rei, expandir seu domínio sobre o tabuleiro e vencer seus adversários. Com raras exceções, o Rei em si não entra no campo da batalha. O Rei move-se em qualquer direção, uma casa por vez, como convém ao seu limitado envolvimento na verdadeira batalha. Ao lado do Rei fica a versátil Rainha, que pode mover-se em todas as direções.

Flanqueando o Rei e a Rainha há três níveis de "oficiais", o Bispo, o Cavalo e a Torre, cada qual com seu próprio estilo de movimento e conquista. Seu poder e alcance é menor que o da Rainha, mas eles, também, podem mover-se em diversas direções e avançar mais que uma casa por vez.
Na linha de frente ficam os "soldados da infantaria", ou "peões". Inferiores aos oficiais, os soldados avançam somente um passo por vez. Porém o lento soldado de infantaria possui um poder e qualidade singulares, maior que a de seus superiores. Um oficial jamais troca sua patente: permanece o mesmo até o final do jogo. Porém quando um soldado consegue avançar, passo a passo, até o outro lado do tabuleiro, é elevado ao nível da Rainha. Ele não pode, no entanto, tornar-se Rei, pois há apenas um Rei.

A vida é uma batalha e um jogo, uma competição que nos lança contra os desafios que surgem e revelam nosso potencial. O xadrez é uma metáfora para os vários componentes desta batalha, seus métodos de combate, e seus objetivos.

O Rei no xadrez representa o "Rei dos reis" – D'us. A Rainha representa malchut d'atzilut – a fonte comum de todas as almas, que está num estado de "casamento" e unidade com D'us. Os três níveis de oficiais correspondem às três classes de anjos em três (dos quatro) mundos espirituais, Beriá, Yetzirá e Asiyá. O "peão" inferior é o ser humano finito num mundo confinado.

Este exército desafiador é um pseudo-exército, um batalhão virtual equipado com tudo, desde peões até um "rei". Pois "este oposto ao outro, D'us criou." Toda criação positiva tem seu oposto negativo; cada força espiritual tem sua força contrária malevolente; todo raio de luz Divina tem sua sombra que o obscurece.

A soberania de D'us é contrastada pela deificação do material e do temporal. A missão do exército de D'us é sobrepujar seu oponente, revelar a falácia de suas pseudo-verdades, destronar seu deus.
Os soldados da linha de frente nesta batalha são os "soldados de infantaria", almas investidas em corpos. Dentro de seus limitados poderes, avançam laboriosamente no campo de batalha, defendendo o lugar do Rei no mundo, a Divindade dentro de suas próprias almas (a "rainha"), e as linhas de suprimentos espirituais ("os oficiais") até o campo de batalha.

Os oficiais – com seu grande poder e alcance – fornecem a força espiritual para ajudar na eliminação do inimigo. O Rei permanece a maior parte do tempo alheio à batalha, pois esta é um desafio. Ele deseja que vençamos por nós mesmos; porém em tempos de crise extrema, Ele está acima dando uma ajuda decisiva, embora limitada, à batalha, mesmo que isso signifique expor-Se à linha de fogo, por assim dizer.

O "soldado" suporta o impacto da batalha. Lutando com recursos limitados, seu avanço é lento e impedido pelos estreitos horizontes de seu mundo. Porém quando sua firme determinação o faz avançar até seu objetivo, ele revela a Rainha dentro de si e vence a batalha.

 

 

 
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