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"E formou, o Eterno
D'us o homem, do pó da terra, e soprou em suas narinas o alento
da vida; e foi o homem, alma viva." (Bereshit 2:7)
"E retornarás
ao pó da terra como era antes; e o espírito retorna a D'us
que o deu." (Cohelet 12:7)
Em 29 de junho de
2001, a agência de notícias Reuters noticiou que um cientista
britânico estudando pacientes que sofreram ataques do coração
afirma que está encontrando provas que sugerem que a consciência
pode continuar depois que o cérebro parou de funcionar, e o paciente
está clinicamente morto.
Reproduzimos aqui
a reportagem
completa da Reuters, e em seguida vejamos o que a Torá fala
sobre este assunto.
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Cientista afirma
que a mente continua após a morte do cérebro
Um cientista
britânico estudando pacientes que sofreram enfarte afirma
que está encontrando evidência de que a consciência
pode continuar após o cérebro ter parado de funcionar,
e o paciente ter sido declarado clinicamente morto.
A pesquisa,
apresentada a cientistas na última semana no Instituto de
Tecnologia da Califórnia (Caltech) faz ressurgir o debate
sobre se há vida após a morte e se existe aquilo que
chamamos de alma
humana.
"Os estudos
são muito importantes, pois temos um grupo de pessoas sem
função cerebral... que tem processos de pensamento
lúcidos e bem estruturados, com raciocínio e formação
da memória mesmo quando se demonstrou que seu cérebro
não funciona," declarou Sam Parnia, um dos dois médicos
do Hospital Geral de Southampton, na Inglaterra, que têm estudado
as assim chamadas experiências na proximidade da morte (NDE).
"Precisamos
de estudos em maior escala, mas a possibilidade certamente está
lá" para sugerir que a consciência, ou a alma, continua
a pensar e raciocinar mesmo se o coração da pessoa
parou, não está respirando e sua atividade cerebral
é nula, disse Parnia.
Ele disse ter
conduzido, juntamente com colegas seus, um estudo inicial com um
ano de duração, cujos resultados apareceram na edição
de fevereiro do jornal Resuscitation. O estudo foi tão promissor
que os médicos formaram uma fundação para avançar
mais a pesquisa e continuar a coleta de dados.
Durante o estudo
inicial, disse Parnia, 63 pacientes enfartados foram considerados
clinicamente mortos, mas posteriormente revividos, foram entrevistados
dentro de uma semana após suas experiências.
Destes, 56 disseram
não se recordar do tempo em que ficaram inconscientes, e
sete relataram ter lembranças. Destes, quatro foram classificados
NDE por terem reportado lembranças lúcidas de pensamento,
raciocínio, movimentos e comunicação com outros
após os médicos determinarem que seu cérebro
não estava funcionando.
Sentimentos
de paz
Entre outras
coisas, os pacientes contaram lembrar-se de sentimentos de paz,
alegria e harmonia. Para alguns, o tempo passou mais depressa, os
sentidos se aguçaram e eles perderam consciência de
seu corpo.
Os pacientes
também relataram ter visto uma luz brilhante, entrarem em
uma outra dimensão e comunicarem-se com parentes falecidos.
Outro, que chamou-se de católico afastado, relatou um encontro
próximo com um ser místico.
Experiências
de quase morte têm sido relatadas por séculos, mas
no estudo de Parnia, descobriu-se que nenhum dos pacientes recebeu
baixo nível de oxigênio, o que alguns céticos
acreditam que possa contribuir para o fenômeno.
Quando o cérebro
é privado de oxigênio, as pessoas tornam-se totalmente
confusas, agitadas, e geralmente não têm quaisquer
lembranças, disse Parnia. "Aqui há uma séria
lesão cerebral, mas perfeita memória."
Os céticos
sugeriram também que as lembranças dos pacientes ocorreram
nos momentos em que estavam perdendo a consciência, ou voltando
a ela. Mas Parnia disse que quando um cérebro é traumatizado
por um ataque ou acidente de carro, geralmente o paciente não
se lembra dos momentos imediatamente antes ou depois de perder a
consciência.
Ao contrário,
geralmente há um lapso de horas ou dias. "Fale com eles,
e lhe dirão mais ou menos isso: 'Só consigo me lembrar
do carro e a próxima coisa que sabia foi que estava no hospital,'"
disse ele.
Com um ataque
cardíaco, o dano ao cérebro é tão sério
que pára o cérebro por completo. Portanto, seria de
se esperar uma profunda perda de memória antes e depois do
incidente," acrescentou ele.
Desde a experiência
inicial, Parnia e seus colegas encontraram mais de 3500 pessoas
com memórias lúcidas que aparentemente ocorreram durante
o tempo em que foram consideradas clinicamente mortas. Muitos desses
pacientes, disse ele, estavam relutantes em compartilhar suas experiências,
temendo ser chamados de loucos.
O caso da criança
Um paciente
tinha 2 anos e meio quando sofreu um ataque e seu coração
parou. Seus pais contataram Parnia depois que o menino "desenhou-se
como estando fora do corpo, olhando para si mesmo. No desenho, havia
como que um balão ligado a ele. Quando perguntaram o que
era o balão, ele disse: 'Quando você morre, vê
uma luz brilhante e está ligado a um cordão.' Ele
ainda não contava três anos quando passou pela experiência,"
disse Parnia.
"Os pais perceberam
que, após receber alta do hospital, seis meses depois do
acidente, ele continuava desenhando a mesma cena."
Acredita-se
que a função cerebral que estes pacientes têm
quando inconscientes seja incapaz de manter processos de raciocínio
lúcidos, ou permitir que se formem lembranças duradouras,
disse Parnia - enfatizando o fato de que ninguém entende
totalmente como o cérebro cria os pensamentos.
O próprio
cérebro é constituído de células, como
todos os outros órgãos do corpo, e não é
realmente capaz de produzir o fenômeno subjetivo de pensamento
que as pessoas têm, disse ele.
Ele especulou
que a consciência humana possa trabalhar independentemente
do cérebro, usando a matéria cinzenta como um mecanismo
para manifestar os pensamentos, assim como o aparelho de TV transforma
ondas no ar em quadros e sons.
"Quando o cérebro
é lesionado ou perde algumas características da mente
ou personalidade, isso não significa necessariamente que
a mente está sendo produzida pelo cérebro. Tudo que
demonstra é que o aparato está danificado," disse
Parnia, acrescentando que pesquisas mais profundas poderiam revelar
a existência da alma.
"Quando estas
pessoas estão tendo experiências dizem que: 'Tive esta
dor intensa em meu peito e de repente estava flutuando no canto
de meu quarto, e estava tão feliz, tão confortável.
Olhei para baixo e percebi que estava vendo meu corpo, e os médicos
todos à minha volta, tentando salvar-me, e eu não
queria voltar.'
"O principal
é que eles estão descrevendo ver esta coisa no quarto,
que é seu corpo. Ninguém jamais diz: 'Eu tive esta
dor e em seguida minha alma me abandonou.'"
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Vejamos agora o que
dizem nossos Sábios no Talmud, Midrash e no Zôhar, obras
que foram escritas aproximadamente 1800 anos atrás.
A alma pairando
sobre o corpo
Muitos relataram
que sua alma pairava sobre, e ao redor do corpo.
"Durante três
dias após o falecimento, a alma paira por cima do corpo, pensando
que irá retornar a ele." (Talmud Yerushalmi Moed Catan 3:5, Yevamot
16:3)
"Durante os sete dias
a alma vai e vem entre a casa e a sepultura." (Zôhar Vaychi 218b,
226a)
Um túnel
escuro
Alguns relataram
que quando deixaram o corpo passaram por uma caverna escura.
"Quando a alma parte
deste mundo, ela sobe pela Caverna da Machpelá [local em Hebron
onde os patriarcas estão enterrados], já que lá é
o portal do paraíso." (Zôhar Vayechi 219 - 250)
A luz brilhante
Muitos relataram
a presença de uma luz muito forte acompanhada de uma profunda sensação
de amor atraente.
"Rabi Dossa diz: está
escrito (Shemot 33:20) '...pois não poderá ver-Me o homem,
e viver', na vida eles não enxergam, porém na morte sim."
(Midrash Bamidbar Rabá Nasso)
"A alma tem uma grande
dificuldade em se separar do corpo, e o ser humano não falece até
que enxergue a Luz Divida, e em razão da ânsia por esta visão,
a alma sai para receber a face da divindade." (Zôhar Kedoshim cap.
8)
Encontro com familiares
Muitos relataram
que amigos e familiares já falecidos vieram alegremente ao seu
encontro.
"Quando um justo falece...
D'us fala para eles: 'Venham justos para recepciona-lo', e eles falam
para o falecido: 'Venha com paz.'" (Talmud Ketuvot 104)
"Quando um ser humano
falece ele recebe permissão de enxergar, e ele vê seus colegas
e parentes do Mundo Acima e os reconhece; eles estão com a mesma
aparência que estavam neste mundo. E se tiver o mérito, todos
se mostram felizes perante ele... e o acompanham." (Zôhar Vaychi
218b)
O Talmud (Berachot
28) relata que quando Rabi Yochanan estava falecendo disse: "Preparem
uma cadeira para Chizkiyahu, rei de Yehudá, que veio me acompanhar".
Imagens nítidas
da vida
Muitos relataram
que os acontecimentos de sua vida, desde o dia que nasceram até
o momento, passaram na sua frente, como se fosse um vídeo em tela
grande.
"Quando o homem falece,
todos seus atos são detalhados perante ele, e lhe falam: 'Assim
fizeste no dia tal, e certamente você poderá conferir.' Ele
responde: 'Certamente.'" (Sifri Haazinu)
"Reconheça
o que existe acima de você: um Olho que vê, um Ouvido que
escuta, e todos seus atos estão registrados em um Livro." (Ética
dos Pais, 2:1)
Vista panorâmica
Muitos que voltam
a viver, viram e escutaram tudo ao seu redor, inclusive os mínimos
detalhes do processo de sua reanimação com precisão
surpreendente.
"Tudo que é
dito perante o defunto, ele sabe, até tamparem a cova." (Talmud
Shabat 152b)
"Disse Rav para Rabi
Shemuel bar Shilat: 'Capriche no meu elogio fúnebre, já
que estarei presente lá ouvindo suas palavras." (Talmud Shabat
153a)
| Conclusão:
acreditamos na vida após a vida? |
Não há
nada após a vida, porque a vida jamais termina. Apenas vai mais
e mais alto. A alma é liberada do corpo e retorna para mais perto
da sua fonte, como jamais anteriormente.
A Torá assim
presume várias vezes em sua linguagem - descrevendo a morte de
Avraham, por exemplo, como "indo para descansar com seus pais" e frases
similares. O Talmud discute as experiências de muitas pessoas que
fizeram esta viagem e voltaram. Obras clássicas do judaísmo
como Maavor Yaboc descrevem o processo de entrar no mundo superior da
vida como um reflexo das experiências da alma dentro do corpo: se
a alma ficou presa a prazeres materiais, passa pela dor de ser arrancada
deles, para que possa vivenciar o prazer infinitamente mais elevado de
aquecer-se na luz Divina. Se estiver impura e ferida por atos que a separaram
de seu "eu" verdadeiro enquanto estava aqui embaixo, então deve
ser purificada e curada.
Por outro lado, as
boas ações e a sabedoria que adquiriu em sua missão
na terra servem como proteção para sua jornada rumo ao alto.
Você deseja uma roupa espacial realmente boa para fazer esta viagem.
O Zôhar nos
diz que, se não fosse pela intercessão das almas puras lá
em cima, nosso mundo não duraria nem por um momento. Cada uma de
nossas vidas sofre o impacto forte da obra de nossos ancestrais no outro
mundo. A vovó, portanto, continua tomando conta de você.
Por que as almas de
nossos antepassados, que estão confortavelmente banhando-se na
luz Divina lá em cima, deveriam se preocupar sobre o que está
acontecendo com a nossa vida tão inferior e mundana aqui embaixo?
A resposta é
simples. É que estando lá em cima, estas almas passaram
a conhecer o que lhes foi revelado (tão fácil de ignorar
enquanto estamos vivendo aqui em baixo). Na verdade, passam a entender
que o mundo no qual vivemos é na realidade o centro do grande palco
da vida e de todo o propósito da Criação; a razão
de D'us ter criado tudo que existe.
O mundo real, onde
ocorreu o início e onde ocorrerá o final, a história
conclusiva, enfim, tudo será revelado aqui, quando atingirmos a
época da Ressurreição
dos Corpos, onde todas as almas retornarão aos seus corpos
físicos neste mundo. E eles sabem disto e aguardam ansiosos.
A vida após
a vida, será entendida na verdade como a continuidade da própria
vida que por si só, representa o plano que D'us nos reservou...
desde o principio.
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