A Vela  
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A alma no corpo é semelhante à chama no pavio. O fogo consome a cera ou o azeite, sem se desgastar. O corpo, não a alma, é consumido pela vida.

Mesmo que haja várias chamas, haverá somente uma única luz na sala. Embora haja muitas almas no aposento, há apenas uma vida presente. A vela tem forma, porém a chama não tem um formato que possa chamar de seu. O corpo tem forma definida, ao passo que a alma é disforme. A chama é dirigida e movida pelo vento. Vento em hebraico é a mesma palavra que Espírito, Ruach, que dirige e move a alma.

O tamanho da chama não é determinado pelo tamanho da vela. O "tamanho" da alma não é determinado pelo tamanho do corpo. Uma pessoa com um corpo pequeno não necessariamente possui uma alma "pequena".

Embora a vela tenha muitas características ou usos possíveis tais como selar e lubrificar, seu propósito básico é iluminar. O mesmo se aplica ao corpo. Embora tenha muitas funções, sua tarefa essencial é abrigar a alma para trazer luz ao mundo.

Não importam a cor e o formato da vela, a cor da chama não muda. Não importa a cor ou o tamanho do corpo, a "cor" da alma não é afetada. A porção mais quente da chama é a parte superior. A alma é o aspecto superior do homem.

Pode-se acender milhares de velas a partir de uma única vela sem perder nenhuma parte da sua luz original. Na verdade, cercada por outras velas acesas, ela mostra ainda mais luz. A alma também pode acender outras almas, tornando-as conscientes do objetivo da vida, e então se torna ainda mais iluminada, porque foi fundamental na missão de espalhar a luz.

É mais fácil reacender um pavio do que acendê-lo na primeira vez. Uma alma que já soube, mas se desviou, aquela que esqueceu, é mais fácil de reacender, de relembrar e de voltar, do que aquela que jamais soube.

No fim, depois que a chama consumiu toda a vela, ela deve desaparecer. Assim é com a alma. Depois que os seus desejos estiveram no corpo durante 70 ou 80 anos, este é consumido e então a alma também deve partir.

A chama sempre se eleva, chegando até o céu. A alma também se esforça para subir, para lembrar sua verdadeira identidade e retornar à sua fonte…

Acenderemos muito mais que seis milhões de velas para muito mais que seis milhões de almas judias. O ódio continua. O mal no mundo se recusa a ceder ao bem. O ódio sem motivo continua a formar exércitos; às vezes visíveis, mas na maioria das vezes ocultos, disfarçados em pacotes, prontos a explodir.

A todas as almas que não puderam esperar o sopro Divino que as leva e eleva suavemente a outro mundo, a maior homenagem que podemos lhes prestar é a do triunfo, da vitória do bem sobre o mal, da luz sobre a escuridão, de incontáveis chamas retornando à sua verdadeira fonte de vida, e àqueles cujo trabalho levaram milhares de “acendedores de lampiões”, que desconhecem fronteiras, a iluminarem o planeta revolucionando a história do judaísmo e de cada judeu.

Hoje somamos muitas velas. Velas de Yizcor, velas de Shabat, velas de Yom Tov que são acesas em cada ciclo da vida, do ano, dos meses e semanas.

Somos um povo de luz. Mal nenhum neste mundo tem capacidade de ofuscar nossas chamas. Não cremamos corpos; revestimos eles com a luz da Torá, um código eterno de vida.

Que o brilho das velas que partiram continuem a iluminar nossas almas e multiplicar seus frutos. Elas vivem em nós para sempre.

       
   
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