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  O trem está esperando
 
Por Chaya Devorah Welner
  Este artigo é baseado num discurso proferido por Chaya Welner, aluna do Machon Chana, para moças e mulheres na Convenção Chof Bais Shevat (janeiro de 2008) e publicado na revista N’shei Chabad Newsletter.Um dos tesouros mais prezados pela minha família é a nossa coleção de fotografias, algumas com mais de 100 anos. Estas fotos contam uma história familiar do que aconteceu com a maior parte dos judeus durante o último século.

Há uma foto de meu tataravô, simpático em seu capote preto, barba longa e peyot, e minha tataravó usando uma shaitel (peruca). Em seguida, há uma de meu bisavô, barbeado mas com a cabeça coberta, e minha bisavó, parecendo moderna mas shomer (observante do) Shabat e estritamente casher. Então, meus avós que não são observantes, mas ainda falam yidish e são ativos nos assuntos comunitários judaicos. Finalmente, meus pais: completamente assimilados; eles se casaram com judeus, mas se perguntando se ser judeu pós-Holocausto significava alguma coisa.

Todas as pessoas, frum (religiosas) ou não, crescem com determinadas crenças que aceitam sem questionar, as crenças da sociedade na qual nasceram e as opiniões de seus pais e professores. À medida que amadurecem, geralmente durante o ensino médio e nos anos seguintes, as pessoas começam a questionar a direção que suas vidas estão levando e se perguntam se poderia haver algo melhor. Graças ao Rebe, o estudante universitário tem muitas oportunidades de ser exposto à filosofia da Chassidut. Por um lado, seus pais e líderes religiosos estão sempre os avisando para ficarem longe daqueles loucos de Lubavitch. Isso garante que eles entrarão em um Beit Chabad na primeira oportunidade que tiverem.

Ele disse: “Há um trem saindo na direção de Mashiach. Não faz diferença para mim ou para o trem se você está ou não a bordo, mas é bom que você seja um passageiro,” Que contraste com a atitude do Rebe e seus sheluchim! “Todos devem estar a bordo, e o próprio trem não consegue se mover até que todos os judeus estejam lá dentro.”Portanto digamos que uma universitária participa de uma refeição de Shabat em um Beit Chabad no campus. Ela gosta daquilo que ouve, faz mais sentido do que tudo que já viu antes, mas… ela realmente deseja abrir mão de tudo apenas para ser intelectualmente sincera? E não se engane, o preço é alto. A baalat teshuvá (aquela que retorna ao caminho de Torá e mitsvot) perde as amigas, aliena a família, é ridicularizada, desiste de honras acadêmicas, bolsas escolares para atletismo, oportunidades de emprego… em resumo, tudo aquilo que ela cresceu acreditando ser importante ou valioso. Então, por que ela o faz?

Imagine que, chas v’shalom (D’us não o permita), alguém acredita estar vivendo num mundo onde não há D’us, ou que D’us na verdade não tem impacto imediato em sua vida. Ele está completamente livre! É seu próprio chefe, e pode fazer tudo que deseja consigo mesmo, atingir qualquer objetivo que desejar ou apenas usar as 24 horas do dia para se divertir, livre de culpa. Por que alguém deixaria uma vida assim pelas obrigações da Torá e mitsvot, onde cada ação é ditada por Hashem e até o pensamento e a fala estão sob Sua constante supervisão?

Porque uma vida sem Torá e Chassidut é realmente uma vida de medo. Imagine novamente um mundo onde não há ninguém tomando conta, A vida não tem um significado ou importância, apenas acontece: seja porque você fez a opção errada, ou você é um schlemazel (pobre coitado). Os bons chegam em último lugar. Os trapaceiros prosperam, e os criminosos não sofrem conseqüências desde que sejam espertos o suficiente para não serem apanhados. Todo o bem ou o mal em sua vida é resultado da atividade humana: suas próprias escolhas, boas ou más, e a caridade ou malícia daqueles que o cercam. O mundo é instável e incerto, e é impossível entender todas as coisas aterrorizantes que estão acontecendo a você e aos outros. Uma pessoa pode tornar-se arrogante ou amarga, mas jamais feliz. A felicidade é para os tolos. É difícil entender por que há uma epidemia de ansiedade, depressão, egoísmo, chutspá e medo? Os jovens bebem, usam drogas, deixam de comer ou comem demais, abusam de si mesmos e às vezes de outros em maneiras inimagináveis. Os médicos prescrevem tranqúlizantes, antidepressivos e antipsicóticos, mas nada parece ajudar.

A Torá, por outro lado, nos ensina a não temer nada exceto Hashem. Agora acrescente à equacão a idéia de que não apenas Hashem está dirigindo o mundo de maneira completa, como também todo e cada evento em sua vida tem significado e propósito – levar o mundo um passo mais perto da era de Mashiach. Tudo que acontece vem de Hashem, não existe estar no lugar errado na hora errada, e a vida não seria diferente “se pelo menos”. Seu trabalho é encontrar a mitsvá numa situação, cumpri-la e deixar os resultados com Hashem. Imagine só! Agora a vida pode ser relativamente calma e pacífica, É um prazer estar vivo.

Embora o pensamento secular ensine que as pessoas têm controle sobre aquilo que acontece no mundo, também ensina que não temos controle sobre nós mesmos. Eu estudei Psicologia na universidade, e uma das idéias que prevalecem na Psicologia é que os pensamentos e emoções não podem e não devem ser controlados. Aprendemos que as pessoas devem simplesmente deixar suas emocões fluírem e que TODAS as emoções são permitidas. Sentimentos são fatos, “minha percepção é realidade”, e portanto deve ser expressa ou prejudicará minha saúde mental.

As mães são criticadas por disciplinarem os filhos e não permitir que eles expressem seus sentimentos, mesmo que essa expressão signifique o uso de crayons nas paredes da sala. Pessoas que são diagnosticadas com depressão ou ansiedade ouvem que este é apenas seu estado natural, e que devem se sentar com um psiquiatra para “lidar” com a situação em vez de fazer um esforço para mudar. O fato de termos controle sobre o estado de nossa mente e nosso coração e que podemos escolher desempenhar todo aspecto de nossa avodá be simchá (serviço – a D’us – com alegria) pode não ser uma idéia nova para você, mas para alguém que jamais ouviu falar desse conceito, é extremamente liberador e dá à pessoa um novo senso de poder.

Em minha opinião, ver a Torá e o mundo através das lentes da Chassidut é o que motiva as pessoas atualmente a fazerem a mudança para um estilo de vida de Torá. A maioria dos baalei teshuvot [pessoas que retornaram ao caminho de Torá e ao cumprimento de mitsvot, seus preceitos] que conheço, incluindo aqueles que atualmente participam em sinagogas ortodoxas não-Chabad, atribui seus primeiros sentimentos de interesse ao contato com os sheluchim [emissários] de Chabad.

Quando eu estava no ensino médio, muitos amigos meus percebiam que os presentes caros que recebiam dos pais – carros de luxo, roupas de grife e bolsas Prada – eram na verdade suborno para fazê-los esquecer a falta de atenção paterna e materna, amor e orientação em suas vidas. Eles não se deixavam enganar. O importante na vida era impressionar os outros, e os filhos deveriam contribuir para a honra da família com as próprias conquistas acadêmicas e atléticas.

Mesmo naquela época, alguns de nós reconheciam que estas coisas eram metas sem valor, porém muitos judeus seculares pensam que na essência os judeus religiosos não são melhores. Eles pensam, sim, que estão realizando rituais religiosos em vez de freqüentarem festas, mas por quê? Para que sejam convidados a uma festa ainda maior: o Mundo Vindouro! É por isso que a idéia chassídica é tão satisfatória e renovadora. O que é uma mitsvá? É uma conexão com a vontade de Hashem. E ainda maior que isso, é que não se trata daquilo que estamos ganhando, mas sim do fato de sermos vitais para construir uma morada para D’us e dar a Ele grande prazer. A pessoa mais criativa do mundo jamais poderia criar um propósito de vida mais satisfatório e interessante.

Todos nós temos a tendência de aceitar o bem em nossa vida como algo a que temos direito. Se eu puder passar uma mensagem a você, por favor, perceba então como é abençoado, e agradeça aos seus pais por terem criado você num lar onde a Torá, mitsvot e Chassidut eram valorizados acima de tudo.

Lembro-me de uma palestra gravada que ouvi feita por um orador não-chassídico a uma platéia de judeus ainda não religiosos. Ele disse: “Há um trem saindo na direção de Mashiach. Não faz diferença para mim ou para o trem se você está ou não a bordo, mas é bom que você seja um passageiro,” Que contraste com a atitude do Rebe e seus sheluchim! Todos devem estar a bordo, e o próprio trem não consegue se mover até que todos os judeus estejam lá dentro.

Porém, mais persuasivos que os argumentos intelectuais são as experiências reais de visitar uma Casa de Chabad; o calor com o qual você é recebido e que pode sentir numa refeição de Shabat; conhecer pessoas que são completamente altruístas, que devotaram a vida a ajudar os outros, e apesar disso têm mais júbilo verdadeiro que qualquer pessoa que você conhece; ou saber que os sheluchim realmente se importam comigo, e continuarão a se importar quer eu me torne religioso ou não, apenas porque sou judeu.

Eu soube que o Rebe disse certa vez sobre Rebetsin Chaya Mushka: “Ninguém sabia quem ela era, exceto Hashem.” Da mesma maneira, embora sejam os sheluchim que com freqüência recebam o cavod [honras] e o reconhecimento pelo sucesso de seu Beit Chabad, nós conhecemos o segredo da Sheluchá. Estas deliciosas refeições de Shabat e programas criativos não se criam por si mesmos; o mito da oprimida esposa ortodoxa é instantaneamente descartado quando uma universitária conhece a linda e charmosa Rebetsin.

E graças ao Sheluchot, IY”H, quando meus netos olharem as fotos de família, eles notarão que os padrões mudaram. Mais uma vez, sua avó estará usando uma shaitel e o avô terá barba e capote. Porém eles também saberão por que isso aconteceu. Sua avó freqüentou uma escola chamada Machon Chana onde mulheres jovens têm a oportunidade de aprender, crescer e aceitar sua responsabilidade como pessoas que garantem o futuro do Yiddishkeit [judaísmo genuíno]. Porém fundamentalmente foi porque D’us, em Sua bondade, nos deu o Rebe, que se preocupou o suficiente para enviar sheluchim ao deserto espiritual do Arizona.

Chaya Welner cresceu em Scotsdale, Arizona. Seus pais se envolveram com os sheluchim em Arizona desde que Chaya tinha dois anos Ela agradece aos seus sheluchim, Rabino Zalman e Sra. Tzipora Levertov de Fênix, Rabino Yossi e Sra Dina Levertov de Scottsdale, Rabino Yossi e Sra. Chana Shemtov de Tucson, Rabino Shmuel e Sra. Chana Tiechtel da Arizona State Unniversity e Rabino Yossi e Sra. Naomi Winner da Universidade do Arizona por seu carinho e dedicação. Ela terminou recentemente seu segundo ano de estudo em Machon Chana.
     
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