|
19 de março,
10h50
A unida comunidade judaica de Toulouse entrou em pânico na manhã
dessa segunda-feira, a paz da cidade no sudoeste da França abalada
por tiros fatais. Enquanto a polícia contava as balas, as autoridades
anunciavam os nomes dos mortos, que tiveram a vida roubada a poucos passos
da Escola Ozar Hatorah, quando um homem dirigindo uma motocicleta abriu
fogo.
O assassino
desconhecido – a quem relatos estão afirmando que pode ter
ajudado num ataque semelhante ocorrido recentemente contra soldados franceses
na área – levou as vidas de Jonathan Sandler, um professor
de estudos judaicos de 30 anos, seus filhos de três e de seis anos
de idade, e a filha de um outro membro do corpo docente. As crianças
estavam esperando um ônibus para levá-las até a escola
primária Chabad-Lubavitch Gan Rashi.
“Toda a comunidade está ansiosa e com medo”, relatou
Rabi Haim Hilel Matusof da Jeunesse Lubavitch-Beth Habad Toulouse, um
centro Chabad na cidade. “Aquela escola fica numa pequena rua de
uma área calma. É um local muito seguro. Ele tinha de saber
que era uma escola judaica.”
Um garoto de 15 anos, cujo nome hebraico é Aharon ben Leah, foi
ferido no ataque. Matusof pediu para que pessoas no mundo inteiro rezem
pela sua recuperação.
“As escolas, é claro, ficarão fechadas pelo resto
do dia”, disse o rabino, acrescentando que psicólogos e conselheiros
já estavam ajudando os alunos e suas famílias a lidarem
com a crise. “As pessoas irão à sinagoga esta noite,
procurando entender essa horrível tragédia.”
Um amigo de Sandler, que se identificou para os repórteres como
Baruch, disse ter falado com ele pouco antes do ataque.
“Eu o vi, cumprimentei, e fui na direção da escola.
Segundos depois, ouvi os tiros. Não me virei para olhar, e comecei
a correr na direção da sinagoga que fica a cerca de 10 a
15 metros do portão de entrada,” detalhou ele. “Todos
começaram a gritar… e fugiram. A certa altura o atirador
entrou na escola e começou a atirar lá dentro. Nós
nos escondemos sob a sinagoga num abrigo, até que a polícia
chegou e nos escoltou para fora.”
A cena fora da escola poderia ser descrita como caótica, com grupos
de pais e alunos amontoados, alguns em choque, outros chorando. Meninos
maiores colocaram suas caixas de oração conhecidas como
tefilin, carregando seus xales apressadamente pela rua.
O Presidente francês Nicolas Sarkozy e seus oponentes nas eleições
desse ano cancelaram efetivamente a campanha, e Sarkozy ordenou mais segurança
nas escolas judaicas em todo o país. Ele visitou Toulouse com funcionários
da comunidade judaica.
Chamando o fato de um ataque a toda a comunidade da França, Sarkozy
disse àqueles reunidos numa conferência de imprensa organizada
às pressas na escola que os investigadores deveriam levar os responsáveis
à justiça. “Nós os encontraremos,” prometeu
ele.
O CRIF, Conselho Representante das Instituições Judaicas
Francesas, condenou o ataque e expressou revolta por atingir crianças,
relatou Haaretz.
“Não temos dúvidas de que o ataque foi antissemita.
Isso com certeza,” disse Meir Habib, membro da diretoria da CRIF.
“Matar crianças só porque são judias é
um terror inimaginável. São crianças inocentes.”
O ataque tem semelhanças com um ataque feito em 10 de março
a um fuzileiro em Toulouse, no qual um atirador numa motocicleta abriu
fogo. Na semana passada, um atirador numa motocicleta matou dois outros
fuzileiros em Montauban, a cerca de 50 quilômetros de distância.
Especialistas forenses disseram que provavelmente a mesma arma foi usada
nos ataques anteriores.
Em Jerusalém, funcionários israelenses condenaram unanimemente
o ataque, expressando confiança de que as autoridades francesas
fariam uma investigação rigorosa.
“Não importa se foi um ataque terrorista ou um crime de ódio,”
disse o Ministro da Defesa Ehud Barak, “a perda de vidas é
inaceitável.” |