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A
Torá é a verdade completa? Toda a verdade, no sentido que
nenhuma outra fonte tem alguma verdade que não esteja na Torá?
Ou é possível que alguma outra fonte de sabedoria tenha
uma outra parte da verdade que pareceria diferente, mas na verdade seria
complementar e não mutuamente exclusiva? A Torá é
uma verdade ou é a verdade?
Esta é uma das perguntas que realmente vai ao fundo das coisas.
Posso citar declarações como: “A Torá de D’us
é completa”1 ou, “Não há a
menor coisa que não seja citada na Torá”2,
ou ainda: “Toda sabedoria e todo evento que jamais acontecerá
está incluído nos Cinco Livros de Moshê.”3
Incluindo alguma exclusividade: “Não há outra verdade,
exceto a Torá.”4
Há uma bela, liberal e universalista citação do Talmud:
“Se lhe disserem que há sabedoria entre as outras nações,
acredite neles. Se lhe disserem que há Torá entre as nações,
não acredite neles.” (Midrash Rabá, Eichá,
17)
Você poderá então argumentar que o Talmud está
dizendo que existe sabedoria que não é Torá. Mas
acabamos de dizer que a Torá é a exclusiva verdade! Então,
se a Torá tem direitos exclusivos sobre a verdade, que tipo de
sabedoria existe que não seja verdade?
Maimônides aceitou aquela última declaração
do Talmud de maneira bem prática. A respeito de estudar astronomia
com os escritos dos gregos idólatras, ele escreve: “Aceita
a verdade, venha de onde vier.”5
Tudo bem, então ele se qualifica dizendo que esta sabedoria estava
originalmente entre a Tribo de Yissachar mas se perdeu para os judeus,
portanto agora temos de restaurá-la aprendendo com os gregos. Assim,
também, outros escrevem sobre todas as ciências que aprendemos
com os gregos, persas ou seja lá quem for – elas todas se
originaram de Avraham e mais tarde de Shelomo mas ficaram perdidas, somente
para as recuperarmos com as outras nações.
Apesar disso, o que isso diz para a alegação abrangente,
exclusiva da Torá sobre a verdade? Se “a Torá é
completa” e não há “outra verdade exceto a da
Torá” então por que Maimônides precisou estudar
Ptolomeu (e Aristóteles, Galeno e Averroes)?
Quantas verdades existem?
Você conhece o ditado: “Ponha dois judeus juntos e haverá
três opiniões.”
Bem, isso não é novo. Duvido que exista um tema na Torá
que não tenha sido sujeito a debates – e os lados com freqüência
tomam lados extremos. Não estamos falando apenas sobre qual cadarço
do sapato amarrar primeiro (na verdade, isso é algo sobre o qual
eles concordam). Estamos falando sobre debates como aqueles das escolas
de Hilel e Shamai: qual veio primeiro, o céu ou a terra?6
Foi melhor para o homem ter sido criado ou somos os derrotados neste jogo?7
Olhe o que está por trás de todos estes argumentos, e você
encontrará um tema comum: “Devemos ser idealistas ou pragmatistas?”
Ora, se você ainda não consegue se decidir sobre algo assim,
como reivindica os direitos exclusivos, abrangentes, da Torá?
A Torá vai além da sabedoria.
Fala sobre o certo e o errado, do
bem e do mal – i.e.,
aquilo que D’us deseja que façamos e não façamos
em Seu
mundo.O debate idealista/pragmatista deixa uma trilha longa e ininterrupta
através dos campos de batalha da Torá, de Moshê a
Shelomô ao Talmud, de Maimônides aos cabalistas até
os dias de hoje: o ascetismo é um bom caminho ou D’us deseja
que desfrutemos Seu mundo? O que tem prioridade, o estudo ou as boas ações?
Quem é mais elevado, o puro, imaculado tsadic ou o pecador arrependido?
Como recebemos a suprema recompensa, como uma alma sem um corpo, ou como
uma alma dentro de um corpo?
Existem assuntos ainda mais fundamentais sob discussão –
como por exemplo, quais são os princípios básicos
da Fé Judaica? Maimônides relaciona treze, Rabi Yossef Albo
em seu Sefer Ha-Ikrim argumenta que há na verdade apenas três.
Outros dizem que toda a noção de contar princípios
é insustentável.
Maimônides, por exemplo, conta a crença de que D’us
é não-corpóreo como um princípio básico.
Ele escreve que quem acredita que D’us tem um corpo perde o direito
à sua porção no Mundo Vindouro. Rabi Avraham ibn
David (“O Raavad”) ataca sua declaração, dizendo
que muitos judeus que são melhores que ele – Maimônides
– (!) lêem as Escrituras e ingenuamente entenderam que D’us
tem um corpo. Portanto escrevemos alguma coisa, você lê e
a aceita literalmente, e depois nós o atiramos para fora da festa
– isso é justo?
Certo, ninguém está discutindo se D’us tem um corpo
ou não. Também não se está discutindo a veracidade
de qualquer outra coisa que Maimônides tenha escolhido rotular como
princípios. Trata-se apenas que um diz que o Judaísmo é
isso, o outro diz não, é aquilo, e um outro ainda diz que
não é nenhum daqueles. Mas o fato de poder existir contenda
sobre a própria definição da crença judaica
é nada menos que assombroso. Se não conseguimos definir
nosso sistema de crença, como podemos reivindicar “A Verdade”?
Tenho mais uma: Alguns cabalistas escrevem que nossa Torá ensina
que D’us criou um “espaço vazio” dentro de Seu
Ser no qual criou o mundo – isso significa que Ele não está
aqui em nosso mundo. Outros insistem que esta constrição
(tzimtzum) não é literal, mas um espelho com um lado no
qual o mundo se vê como habitando um espaço vazio de D’us,
mas na verdade, “a existência inteira está repleta
com Sua presença” e “não há lugar sem
Ele,” Não importa como a dialética funciona, se D’us
está ou não aqui me parece bastante fundamental.
Então digamos que podemos voltar àqueles Sábios do
Talmud que se revelaram nesta atmosfera de debate e proliferação
de idéias, e perguntamos a eles esta questão candente: Como
avalia esta atitude da Torá ser A Verdade? A Verdade não
deveria falar com autoridade, com certeza e livre de todas as ambigüidades?
Aqui, finalmente, há um consenso – que é um retumbante
“Não!”
A Torá não é sobre as
idéias
de D’us. A Torá é sobre como D’us pensa sobre
estas idéias.Nas palavras da voz vinda do Céu, ouvida
pelos alunos de Hilel e Shamai após muitos anos de um dos debates
mais acalorados: “Ambas são as palavras do D’us vivo.”8
Um pouco mais poeticamente, nas palavras de Rabi Elazar ben Azariah:
… estes são os alunos dos Sábios que se sentam em
grupos e se ocupam com a Torá. Estes declaram algo impuro e aqueles
o declaram puro. Estes proíbem e aqueles permitem. Estes declaram
algo como casher e aqueles o declaram impróprio. Talvez uma pessoa
diga: “Nesse caso, como posso estudar Torá?” Isso é
o que aprendemos: Tudo foi dado por um único pastor [i.e., Moshê].
Um D’us os deu, um líder falou pela boca do Mestre de Todas
as Coisas, bendito seja. Como está escrito: “E D’us
falou todas estas coisas, dizendo…” Você, também,
deve fazer seu ouvido como um moedor e adquirir um coração
compreensivo para escutar as palavras de todas estas opiniões.9
Isso significa que nem sequer podemos perguntar a verdade a D’us.
De fato, o Talmud nos diz: quando os anjos ministrantes fora a D’us
perguntar quando é a Festa da Lua Nova, Ele lhes disse: “Por
que Me perguntam? Vamos até a corte terrena dos Sábios perguntar
o que eles decidiram.”10
E o que fazer, então, dos assuntos que eles nunca conseguiram decidir?
Isso significa que D’us também não pode decidir?
Repensando a Verdade
Então, qual é a definição da verdade, se nem
mesmo D’us pode decidir? Como alegamos direitos exclusivos sobre
a Verdade quando você nem pode concordar – D’us nem
pode decidir – qual é a Verdade?
Obviamente, temos de repensar a idéia da verdade. Talvez não
haja uma informação definitiva que seja a verdade definitiva
(como no Hitchiker’s Guide to The Galaxy, de Douglas Adams, onde
ele aprende que a verdade definitiva é a 46). Talvez a verdade
não seja um fato, afinal. Talvez a verdade seja mais como um processo.
Vamos fazer uma pausa para uma bela história:
Em 1921, Rabi Yossef Yitschac Schneersohn de Lubavitch foi intimado por
um dos escritórios do novo regime bolchevista. Ele foi solicitado
a esclarecer um assunto: A religião judaica apóia a monarquia
ou o comunismo? Aquilo não era exatamente um agradável chá
com biscoitos – havia muito perigo envolvido. No estilo que lhe
era típico, o Rabino determinou que falaria a verdade, não
deixando margem para ambigüidade sobre suas opiniões.
Então ele relatou a seguinte história:
“Em uma de minhas viagens a S. Petersburgo – foi no inverno
de 1913 – eu viajava num vagão de segunda classe e meus companheiros
de viagem eram empregados do governo e cléricos cristãos
espiritualistas.
“Naquele ano, a Rússia estava celebrando o 300º aniversário
de governo da Família Romanov. Meus colegas de viagem se envolveram
numa acalorada discussão sobre a monarquia em geral. A questão
central era: Como a nossa sagradaTorá entende a monarquia? Alguns
disseram que a Torá apoiava a monarquia. Outros argumentaram que
a Torá era socialista. Um deles falou que ela é obviamente
comunista.
“A princípio, não tomei parte na discussão.
Mas então entraram alguns judeus, bons amigos meus, e eles insistiram
para que eu declarasse a minha opinião. Então eu disse o
seguinte: ‘Todos vocês, com todas as suas variadas opiniões,
todos estão corretos. Cada partido – monarquia, socialismo,
comunismo – todos têm prós e contras. É um bem
conhecido princípio de filosofia que não há nada
bom sem algo de mau, e que não há nada mau sem algo de bom.
Em tudo que é bom pode-se encontrar algum mal misturado, e em tudo
que é mau se vê um pouco de bem. Porém este axioma
somente se aplica às idéias criadas pelo homem. A sagrada
Torá, no entanto, outorgada pelo Criador do mundo, bendito seja,
engloba apenas os aspectos positivos de cada idéia. Portanto, cada
um de vocês encontra em nossa sagrada Torá apenas os aspectos
positivos de seu partido.11”
O Rebe (Rabi Menachem Mendel Schneerson, genro e herdeiro de Rabi Yossef
Yitschac) referiu-se certa vez a esta história e acrescentou: Mas
esta ainda é apenas a sabedoria da Torá. Não é
a essência da Torá.12
Qual é a essência da Torá? A essência da Torá,
explicou o Rebe em diversas ocasiões,13 é a Halachá
– o poder de decidir o que D’us deseja que façamos
aqui e agora. Em outras palavras, desde que você esteja no âmbito
da sabedoria, toda a sabedoria é relativa. O intelecto, por sua
própria formação, não pode determinar a verdade
absoluta. Se a sabedoria não deixa espaço para um opinião
divergente, você sabe que não é mais sabedoria.
Porém a Torá vai além da sabedoria. A Torá
fala sobre o certo e o errado, do bem e do mal – i.e., aquilo que
D’us deseja que façamos e não façamos em Seu
mundo. A sabedoria não pode determinar nada disso. A sabedoria
pode apenas dizer: “Se você fizer isso, acontecerá
aquilo. Se quiser conseguir isto, faça isto.” Somente a Torá
pode dizer o que D’us deseja que você faça e consiga.
Nenhuma outra sabedoria sequer reivindica este feito (outra que não
aquelas, obviamente, que baseiam sua autoridade na Torá).
E o mais surpreendente sobre a Torá: Aquela determinação
é feita “aqui” e não “lá em cima.”14
A Halachá acontece aqui na terra. Em outras palavras, D’us
investiu Sua vontade num processo humano.
A Não-Ideologia
Rabi Avraham Yitschac Kook (um dos mais importantes místicos judeus
e pensadores do século 20) relatou isso dessa maneira?15
“Como é (estou parafraseando) que os autores atuais tentam
definir a alma do Judaísmo, dizendo: ‘A Torá diz assim;
a ideologia do Judaísmo é tal e tal?’ Não existe
ideologia do Judaísmo. Ao contrário, a Torá contém
todas as verdades que estão ali – incluindo aquelas que se
contradizem umas às outras.
“Tudo é abraçado em sua alma” – ele escreve
– “isso inclui todas as inclinações espirituais,
as abertas e as ocultas, numa generalização mais alta, assim
como tudo está incluído na absoluta realidade do Divino.
Toda definição como esta no Judaísmo é heresia
e é análoga a estabelecer um ídolo ou uma imagem
para explicar o caráter de D’us.”
E então Rabi Kook compara a Torá versus sabedoria ao humano
versus animais. Existem muitos animais, escreve ele, que superam os seres
humanos até em tarefas intelectuais (tente encontrar o caminho
de casa a 700 quilômetros de distância, orientando-se via
aérea, tecer uma teia simétrica…). A vantagem do intelecto
humano não é necessariamente saber, mas discernir. Em outras
palavras, a capacidade de gerar uma pletora de perspectivas, possibilidades,
hipóteses variadas – e depois analisar cada uma delas para
determinar qual funciona melhor nesta situação.
Enquanto uma aranha tece sua teia porque é isso que as aranhas
fazem, um urso apanha peixes da maneira que sabe fazer (e os come quando
está faminto), um ser humano se senta e analisa diversas possibilidades,
determina qual delas deverá funcionar melhor para ele e então
a adota. Isto é o que Benjamin Bloom chama de “avaliação”
– e classifica no topo de sua taxionomia do aprendizado.
Não sei se os animais fazem isso ou aquilo – e este não
é, na verdade, aonde Rabi Kook quer chegar. O ponto é que
os seres humanos estão num departamento totalmente diferente neste
aspecto. E a Torá também.
Qualquer um que esteja familiarizado com o estudo de Torá sabe
que é disso que se trata. Assim que você começa a
estudar a primeira linha de Bereshit, aprende que não pode ser
lida com uma única interpretação. Isso não
pode significar apenas que D’us criou os Céus e a terra do
nada, porque há muitas maneiras mais fáceis de dizer isso.
Em seu primeiro estágio do estudo de Torá, você é
apresentado a conflitos e nós para desatar e sinais para interpretar.
O estudo de Torá é toda sobre um processo, em vez do conteúdo
– como abordar um problema, como gerar diversas perspectivas, como
analisá-las e compará-las, como determinar qual delas funciona
melhor como leitura do texto, qual funciona melhor como aplicação
prática, qual funciona melhor como lição ética
– e por aí adiante, literalmente sem fim.16
A Torá não é sobre as idéias de D’us.
A Torá é sobre como D’us pensa sobre estas idéias
– mas usando nossas mentes humanas. Porém a Torá é
particularmente sobre como chegamos a uma decisão definitiva.
Ser Verdade
Agora fica mais fácil ver como uma Torá que faz uma reivindicação
exclusiva da verdade não tem escrúpulos sobre “pegar
a verdade de onde quer que ela venha”. A verdade da Torá
está principalmente em seu processo de avaliação
e discernimento entre idéias.17 Se alguém mais
fez um estudo valioso destas idéias, desenvolvendo-as e expondo
os assuntos – tanto melhor. Agora cabe ao processo da Torá
determinar se os axiomas sobre os quais isso se baseia são aceitáveis
ou não, se isso é algo que D’us deseja em Seu mundo
agora ou não, como isso deveria ser usado e para quê.18
É assim que Rabi Schneur Zalman de Liadi descreve a verdade da
Torá no capítulo 5 do Tanya: Quando a mente humana está
absorvida em compreender que se o Sr. Simon argumenta assim e Reuven argumenta
de modo diferente, então a Halachá será tal e tal
– esta é a Torá e esta é a Verdade. Não
que ele esteja aprendendo sobre a Verdade. Ao contrário, ele está
“pensando com a mente de D’us”. Ele está sendo
a Verdade. Aquele estado de ser, aquela experiência, aquele processo,
aquilo em si é a Verdade.
Portanto quando – depois de uns duzentos anos – a Halachá
é determinada para ser segundo Maimônides e não seus
detratores, esta é a Verdade (note o V maiúsculo).
Ou seja, o ato de nós, simples seres humanos, ou seja, o povo judeu,
determinar o que é a Halachá, isto é a Verdade.
Torá Sinérgica
Esta é a explicação por trás de um fenômeno
chocante: é difícil pensar sobre um tema que surgiu, seja
na ciência, política ou ideologia, que não tenhamos
encontrado algum reflexo disso na Torá. Agora isso faz sentido:
para que a Torá nos possibilite tomar decisões sobre todo
assunto, todas estas idéias são encontradas – pelo
menos em algum estado abstrato, primitivo – dentro da própria
Torá.
Como um exemplo, terminarei com uma outra história:
Numa audiência privada, o Rebe explicou a um professor de Química
que toda idéia da ciência pode ser encontrada na Torá.
O professor não ficou impressionado. Portanto o Rebe perguntou:
“Qual é a sua pesquisa atual?” Ele estava investigando
a sinergia da combinação química. Resumindo, isso
significa que a força de uma combinação química
é maior que a soma de suas partes.
O Rebe então tirou um livro da prateleira – um livro que
continha responsas do Rabi Saadia Gaon, um sábio do Século
Dez. Ele mostrou ao professor uma passagem onde Rabi Saadia explicava
a proibição de comer em Yom Kipur. Se uma pessoa não
está se sentindo bem para jejuar em Yom Kipur, deveria comer em
porções pequenas, menores que uma tâmara. Mesmo que
termine ingerindo o equivalente a uma refeição grande, esta
é uma violação menos séria do jejum, segundo
o Talmud, que comer uma refeição inteira de uma vez.
Rabi Saadia continua explicando: “Veja você” –
escreve ele – “o todo é maior que a soma de suas partes…"
O ponto da história não é que podemos deixar a Química
de lado e estudar somente Torá o dia inteiro, e ainda termos TeflonTM
e SuperbonderTM. O ponto é que temos mais uma prova, dentre muitas,
que a Torá contém o cerne de toda verdade. Mas esta não
é a verdade da Torá. A verdade da Torá é de
que maneira podemos discernir como estas verdades devem ser usadas para
cumprir o plano Divino.
E isso somente pode ser encontrado na Torá.
Notas:
1 – Tehilim 19
2 – Zôhar 3:221
3 – Nachmânides, Introdução à Torá
4 – Talmud Jerusalém, Rosh Hashaná 3:5
5 – Leis da Santificação da Lua Nova 17:24; Prefácio
aos “Oito Capítulos” da Introdução à
Ética dos Pais.
6 – Talmud, Tamid 32
7 – Talmud, Eruvin 13b.
9 – Talmud, Chagigah 3b.
10 – Midrash Rabah, Devarim 2:14.
11 – Igrot Kodesh vol. 4, pág. 200 ff.
12 – Veja “Sobre a Essência da Chassidut”, Publicações
Kehot, pág. 29.
13 – Veja, por exemplo, Licutê Sichot 15, pág, 232;
ibid. pág. 29, pág. 98; Este é também um tema
central de muitas hadranim do Rebe sobre o Talmud e Maimônides.
14 – Veja Talmud, Bava Metzia 59b.
15 – Concerning the Conflict of Opinions and Beliefs. A tradução
é de Abraham Isaac Kook, Paulist Press, pág. 271.
16 – Suponho que se pode comparar isto à ciência moderna
e à matemática. Quando uma teoria científica estabelecida
é reprovada, não é um golpe para a ciência,
mas um sucesso. Ciência e matemática não são
conjuntos de fatos, mas sim abordagens para criar conjuntos de princípios
válidos cumulativos. Somente a Torá é abrangente,
incluindo esferas da ética e teologia. Nem a ciência nem
a matemática podem lhe dizer o que fazer com a sua vida. Além
disso, a Torá, como explicamos aqui, chega a conclusões
absolutas. Todas as verdades da ciência são relativas, pois
confiam em axiomas que não podem ser verificados.
17 – A rejeição deste conceito é o que está
na base da heresia Caraíta. Os Caraítas se recusaram a reconhecer
a autoridade Divina nas decisões rabínicas – em outras
palavras, eles apenas perceberam o Divino no conteúdo da Torá,
mas não em seu processo contínuo.
18 – O processo em si é um estudo para a vida toda. Apesar
disso, vale a pena mencionar aqui os passos básicos envolvidos
em gerar a Halachá:
1) A Halachá é determinada por um corpo judicial universalmente
aceito por aqueles judeus que vivem segundo a Halachá. Este corpo
é chamado Sanhedrin, e foi dissolvido pouco depois da destruição
do Segundo Templo. Desde então, a Halachá universal tem
sido determinada por autoridades mundialmente aceitas, conhecidas por
sua fluência na Lei da Torá e temor ao Céu. Mesmo
então, suas leis geralmente são aceitas somente depois de
um período de debate e aperfeiçoamento que pode durar anos,
até um século ou mais.
2) Qualquer lei haláchica deve ser extensivamente baseada em precedentes
e em formas estabelecidas de análise talmúdica. Decretar
por persuasão pessoal, Divina profecia ou experiência mística
não conta.
3) Uma lei que não seja aceita pela comunidade em geral dentro
de um período de tempo razoável é como nunca tivesse
sido feita – independentemente de quantos Sábios de qualquer
calibre a tenham decretado. Um costume mundialmente aceito pela comunidade
observante da Halachá também atinge o status de Lei.
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