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Tiberíades

 

 

 

Uma Visão Geral
Construída ao longo da costa do Kineret (Mar da Galiléia), próxima a dezessete fontes naturais de água quente, a cidade israelense de Tiberíades é conhecida como a “Cidade da Água”. É considerada uma das quatro “Cidades Sagradas” em Israel.

Há cerca de 2000 anos, Tiberíades era o centro de estudos judaicos e a última sede do Sanhedrin (Suprema Corte de Justiça Judaica). Após passar por guerras constantes na Idade Média, a cidade foi revigorada por um afluxo de cabalistas nos séculos 18 e 19. Suas maiores atrações são o Mar da Galiléia, suas fontes de água termais e os túmulos de muitos luminares históricos.

História Básica


C idade de Tibéria

Herodes Antipas, filho de Herodes o Grande, construiu a cidade em 17 AEC, nomeando-a em honra ao imperador romano Tibério. Tiberíades tornou-se a capital da Galiléia, substituindo a vizinha Tzippori.

A nova cidade foi estabelecida numa bela região, ao longo da costa do Kineret, próxima a fontes de águas minerais quentes com propriedades medicinais. No entanto, também abrigava um antigo cemitério. Como era ritualmente impuro, os judeus se recusavam a morar ali. Antipas forçou alguns judeus do interior da Galiléia a se mudarem para a cidade que queria exibir, mas pelos próximos dois séculos a maioria dos judeus abominou Tiberíades.

Enquanto isso, a nação judaica estava enfrentando uma crise. Em 69 EC, Jerusalém e o Segundo Templo foram destruídos, inspirando o poeta alemão Heinrich Heine, muito mais tarde, a chamar a Torá de “a nação portátil dos judeus”. Pouco depois de Jerusalém ser destruída, Rabi Yochanan ben Zakkai fugiu da cidade sitiada e estabeleceu Yavnê como o novo centro de estudos e liderança judaica.

Durante os setenta anos que se seguiram, o Sanhedrin se reuniria em Yavnê e mais tarde na pequena aldeia agrícola de Usha. Depois que a rebelião Bar Kochba foi esmagada em 135 EC, praticamente toda a vida judaica foi banida de toda a região sul da Judéia. A essa altura, o centro judaico mudou-se para a região ao norte da Galiléia. Rabi Shimon bar Yochai purificou Tiberíades de seus túmulos e Tiberíades, bem como a vizinha Tzippori, se tornou o principal centro de estudo e cultura judaicos.

Após a morte de Rabi Judah o Príncipe cerca do ano 220, o Sanhedrin fez sua migração final de Tzippori para Tiberíades. A partir de então, Tiberíades iria permanecer como o centro da diminuta sociedade judaica da terra de Israel, até o décimo século.

Em 358, após outro revolta judaica (conhecida como a Guerra contra Gallus), o imperador romano desmantelou o Sanhedrin. Apesar dessas perseguições, os Sábios trabalharam na compilação do Talmud. Por volta do ano 400, o “Talmud Yerushalmi”- “Talmud de Jerusalém” foi oficializado em Tiberíades.

Na última metade do milênio, Tiberíades, agora sob o controle muçulmano, foi o lar dos Masoretes (Messorá significa “transmissão”), eruditos que estavam preocupados com a transmissão acurada dos textos bíblicos. Estes gramáticos também introduziram o sistema de pontuação de vogais para o hebraico que ainda é usado atualmente. O Codex Alepo, que agora pode ser visto no Santuário do Livro em Jerusalém, é creditado ao mais notável dos Masoretes, Asher ben Asher. Durante esta época, Tiberíades foi atingida por vários terremotos de grande intensidade, que devastaram a maior parte da cidade.

Com a primeira conquista da Terra Santa pelos Cruzados em 1099, eles demoliram a antiga cidade de Tiberíades e construíram uma nova alguns quilômetros ao norte, onde fica a atual Tiberíades. Os muçulmanos logo dominaram novamente a Terra Santa, e Tiberíades continuou a ser governada por várias dinastias islâmicas. Porém como resultado das constantes guerras, a região inteira entrou em declínio. No século doze, o viajante judeu, Rabi Benjamin de Tudela, encontrou apenas cinqüenta famílias judias morando em Tiberíades.

No século dezesseis, Doña Gracia e seu sobrinho, Don Joseph Hanassi, que tinham sido marranos portuguueses, restauraram a muralha ao redor da cidade, construíram uma yeshivá e encorajaram judeus sefaraditas que fugiam da Inquisição a se estabelecerem na cidade. Tiberíades prosperou novamente durante uma centena de anos. No entanto, foi novamente destruída e abandonada pela comunidade judaica devido a conflitos entre os fazendeiros locais e os beduínos.

Em 1740, Rabi Chaim Abulafia, um cabalista da Turquia, recuperou Tiberíades. Ele angariou dinheiro da Diáspora para sustentar a comunidade, construiu yeshivot e sinagogas e reformou as casas. Durante os séculos 18 e 19 Tiberíades recebeu um afluxo de rabinos que estabeleceram a cidade como um centro de estudos judaicos. Um deles era Rabi Menachem Mendel de Vitbesk, um dos líderes da terceira geração do Movimento Chassídico que, em 1765, emigraram da Europa Oriental juntamente com um grupo de centenas de seguidores. Durante este tempo, devido à grande concentração de eruditos e místicos, Tiberíades se tornou conhecida como uma das quatro “Cidades Sagradas”, juntamente com Jerusalém, Hebron e Safed.

Em 1837, Tiberíades foi quase inteiramente destruída por um terremoto. Mais de quinhentos judeus foram mortos, e o muro que cercava a cidade foi destruído.

Enquanto muitos dos sobreviventes se mudaram para Hebron, Tiberíades foi novamente estabelecida por judeus chassídicos. Além do terremoto, os judeus de Tiberíades também sofreram com a pobreza e epidemias de cólera. Os judeus da Diáspora enviavam dinheiro regularmente para permitir-lhes continuar vivendo ali.

No início do século 20, Tiberíades tinha uma população de 3600 habitantes, das quais 2000 eram judeus. Tiberíades expandiu-se além das muralhas da cidade velha até as colinas acima da cidade antiga.

Durante a Guerra da Independência em 1948, as forças israelenses dominaram Tiberíades, e todos os habitantes árabes fugiram, deixando a cidade completamente judaica.

Importância Espiritual
Tiberíades está localizada no Vale do Jordão, o vale mais baixo da terra. O Mar da Galiléia está a cerca de 200 metros abaixo do nível do mar. Os rabinos dizem que Tiberíades é a mais baixa de todas as cidades, e atribuem significado místico a isso. Tiberíades simboliza a baixeza do exílio, quando nossas instituições foram erradicadas e fomos expulsos de nossa terra.

Portanto, ensinam nossos rabinos, Tiberíades “se erguerá” antes até de Jerusalém. Assim como a glória da Torá pousou por último em Tiberíades, também vai reaparecer ali nos tempos de Mashiach – segundo a tradição, o Sanhedrin vai ressurgir primeiro em Tiberíades, e então irá para o Templo Sagrado em Jerusalém.

Fatos Interessantes


Mar da Galiléia

Tiberíades foi construída no local da aldeia destruída de Rakkat, mencionada no Livro de Yehoshua (19:35). Rakkat estava localizada ao longo da antiga rota do Egito para Damasco. Sua economia girava em torno da pesca, agricultura e comércio.

Em 324 EC o Império Romano aceitou o cristianismo como religião oficial, assinalando o início do período bizantino. Tiberíades tornou-se um destino importante para peregrinos cristãos.

O Kineret é a maior fonte de água potável do país. O mar também fornece água para a Margem Ocidental e a Jordânia. A diminuição do nível de água do Kineret é sempre motivo de preocupação.


Rabi Menachem Mendel de Vitebsk fundou a comunidade chassídica de Tiberíades em 1777, acendendo as esperanças de muitos que acharam que a Redenção estava iminente. Pouco depois que ele chegou, um homem subiu ao Monte das Oliveiras em Jerusalém e tocou o shofar. Logo espalhou-se o boato de que o chamado do shofar prenunciava a chegada de Mashiach. Quando a notícia da vinda de Mashiach chegou a Tiberíades, Rabi Menachem Mendel foi informado: “Rebe, o shofar foi tocado no Monte das Oliveiras! Mashiach está aqui!”

Ele ergueu-se lentamente e foi até a janela. Abriu as persianas e cheirou o ar. Tristemente, fechou as janelas e declarou: “Não, ele não veio; não posso sentir o aroma da Redenção.


”Rabi Shimon bar Yochai passou treze anos numa caverna escondendo-se dos romanos. Devido à falta de roupas, passou a maior parte do tempo enterrado na areia até o pescoço. Como resultado, sua pele estava em más condições quando finalmente deixou a caverna, portanto ele foi banhar-se nas fontes termais de Tiberíades e ficou curado. Quando ele, grato, perguntou ao povo de Tiberíades o que poderia fazer por eles, pediram-lhe que encontrasse um remédio para a impureza ritual da cidade, para que os judeus pudessem morar ali. Ele, milagrosamente, fez com que todos os cadáveres na cidade subissem até a superfície do chão, e então foram removidos.

Recentemente arqueólogos descobriram entradas de túmulos reutilizadas como pedras para pavimentar o chão. Os historiadores especulam que se estes túmulos não eram mais necessários porque os corpos tinham sido sepultados novamente em outro local, as pedras das entradas poderiam ter sido recicladas como pedras para pavimentação. Isso de certa forma corrobora a narrativa do Talmud acima mencionada do re-sepultamento feito depois da cerimônia de purificação feita por Rabi Shimon.


Segundo a tradição, o “Poço de Miriam”, que milagrosamente abastecia os israelitas de água no deserto, terminou no Kineret.

Recentemente, um arqueólogo israelense, baseado em textos com centenas de anos e pesquisa ao redor do mar, alega que encontrou o local do poço perdido há tanto tempo.

Existem várias tradições sobre a origem das águas termais de Tiberíades. Segundo uma dessas fontes, durante o Dilúvio de Nôach, “os mananciais das grandes profundezas brotaram, e as janelas dos céus se abriram. (Bereshit 7:11). As águas que saem do subsolo são ferventes, e portanto destruíram tudo que ali existia. Por fim, a maioria das fontes foi fechada, porém as de Tiberíades permaneceram.

A qualidade atípica das fontes quentes de Tiberíades, i.e., águas que são aquecidas mas não por meio do fogo, consome um espaço considerável na literatura haláchica. Exemplo: Alguém é culpado por cozinhar comida nas fontes quentes no Shabat? Pode-se casherizar utensílios em suas águas ferventes?

Hoje
Tiberíades tem uma população de cerca de 40 mil habitantes, muitos dos quais imigrantes do norte da África e da Europa Oriental. É uma importante atração turística e uma área muito popular. Além do seu atrativo como uma das quatro “Cidades Sagradas” da terra de Israel, Tiberíades é popular por suas ricas ruínas arqueológicas, túmulos de pessoas sagradas, o Kineret e fontes termais.

Há muitos hotéis para escolher, desde os mais luxuosos até albergues, bem como uma seleção de restaurantes casher. O belo Kineret pode ser visto praticamente da cidade inteira, devido à localização no topo de uma colina.

Atrações Aquáticas:
Ao sul da moderna Tiberíades fica o Parque Nacional Hamat Tiberíades, que inclui as dezessete fontes termais cujos poderes de cura têm atraído pessoas por milhares de anos. Pode-se ver e até tocar a água quente que ainda brota do solo. Além dos remanescentes das fontes, o ponto principal do parque é uma sinagoga que era usada na época em que o Sanhedrin era situado em Tiberíades. A sinagoga possui um piso de mosaico com um motivo do Zodíaco. Pode-se ver também os remanescentes dos antigos pátios e muros, e até sentar num dos bancos de pedra onde nossos sábios mais notáveis provavelmente se sentaram.

No parque, pode-se visitar uma casa de banhos turcos de épocas mais recentes.
As águas das fontes abastecem o luxuoso Spa Fontes de Tiberíades, onde você pode banhar-se nas águas das famosas fontes termais. Há horários separados para homens e mulheres.

O Kineret é um destino popular para velejar, pescar e praticar outros esportes aquáticos.

Túmulos:
Pouco acima do Parque Nacional está o túmulo de Rabi Meir Baal HaNes (“O Fazedor de Milagres”). Rabi Meir foi um dos sábios mais importantes do segundo século e participou na revolta de Bar Kochba. Embora tenha falecido fora da Terra de Israel, foi levado a Tiberíades onde está sepultado.
Mais ao norte, perto da cidade moderna de Tiberíades, há um antigo cemitério. Os túmulos famosos incluem aqueles de muitos rabinos chssidicos, incluindo Rabi Menachem Mendel de Vitebsk.

Dentro da cidade em si, a uma curta caminhada do centro, fica o túmulo do Rambam (1135-1294). Ele faleceu no Egito mas, segundo os seus desejos, seu corpo foi transportado para Israel e enterrado ali.

Rabi Yochanan ben Zakkai também, segundo se acredita, está enterrado nas proximidades.

Subindo a colina, também dentro da cidade moderna, sob uma cúpula branca, fica o túmulo do professor de Rabi Meir, o lendário Rabi Akiva, que foi brutalmente executado pelos romanos durante a Rebelião Bar Kochba. Sua esposa, Rachel, que o inspirou a estudar e tornar-se o grande mestre que foi, também está sepultada na área de Tiberíades, entre o Parque Nacional e o antigo cemitério.

Rabi Moshê Chaim Luzzatto (1707-1747), conhecido como o Ramchal, autor de Mesillat Yesharim está enterrado ao lado de Rabi Akiva.

Arqueologia:
A antiga Tiberíades, ao sul da moderna cidade com o mesmo nome, é onde se pode encontrar a maior parte das ruínas arqueológicas da Tiberíades Romana e Bizantina. Foi encontrada uma casa de banhos que se acredita ter sido a principal de Tiberíades mencionada no Talmud, bem como muitos outros prédios públicos. Estão sendo feitas escavações e há muita antecipação. Infelizmente, além da sinagoga antiga no Parque nacional, estes sítios arqueológicos ainda não foram preparados para receber visitantes.

 
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