por Tzvi Freeman  
  A descoberta do Planeta Terra 
índice
   
 

Quero lhes falar sobre a maior descoberta do milênio. Não foi a imprensa escrita. Não foi a América. Nem mesmo foi a vacinação. A maior descoberta do milênio aconteceu próximo ao seu final. Foi a descoberta do Planeta Terra.

Mas agora descobrimos o Planeta Terra. Descobrimos a realização espiritual e a Divindade dentro dela. E sabemos que se não podemos fazer as pazes com ela e uns com os outros, não sobreviveremos por muito tempo mais.

Estávamos tentando escapar do Planeta Terra - desde que tivemos de deixar o Jardim. Construímos templos que chegavam até os céus, para transcender nossos vínculos terrenos. Cidades para deixar de fora a selvageria, como se não fizéssemos parte dela. Dissemos à Terra que ela era um local escuro e inferior, que precisávamos escapar dela para atingir nosso destino. Nós a devastamos, violentamos, pavimentamos. Nossos sonhos foram sonhos de dominar a Terra.

Até que finalmente, no último de todos os senhos, escapamos dela. Dissemos: "Terra, não precisamos mais de você! Afinal, você é apenas um pequeno planeta em um universo assombroso! Sairemos daqui para conquistar planetas maiores e melhores que você. Nós nos tornaremos senhores das estrelas, das galáxias!"

Chegamos à lua. A lua era estéril. Enviamos sondas a Marte. Marte estava morto. Ao ícone da beleza, Vênus. Ela estava vestida de nuvens venenosas e ardentes. E então a bolsa do Congresso também ficou vazia para patrocinar nossos sonhos vãos.

Foi aí que, do espaço exterior, olhamos para trás e descobrimos algo que jamais tínhamos imaginado. Uma jóia brilhante na vasta escuridão. Nunca antes havíamos conhecido sua beleza. O planeta mais lindo que a mente podia sonhar. Foi então que percebemos que tudo que nosso espírito jamais desejou estava aqui. Que precisávamos dela e ela precisava de nós. Nosso destino e o dela são um só. Pois nós somos um. Descobrimos o Planeta Terra.

Precisamos salvar nosso Planeta Terra. Houve uma outra época em que ela estava em perigo, e havia um único homem que poderia salvá-la. Não que ele fosse o único homem justo. Havia outros. Porém Nôach não foi apenas um homem espiritual. Ele era, como diz a Torá, "Um homem da Terra." Segundo nossa tradição, Nôach inventou o arado.

Então, D'us contemplou o mundo que havia criado e como sua alma tinha sido retirada dele, Ele viu estas pessoas que rezavam e meditavam e transcendiam os limites do corpo e terra, Ele disse: "Vocês, o povo, não são a solução. São parte do problema. Somente Nôach, que sabe conectar o corpo e o espírito, céu e terra, somente ele pode salvar Meu mundo."

Em nosso século, durante os crimes mais horríveis da humanidade, vimos como o povo espiritual estava quieto. A selvageria da humanidade e da terra aconteceu com sua permissão. Mas agora descobrimos o Planeta Terra. Descobrimos a realização espiritual e a Divindade dentro dela. E sabemos que se não podemos fazer as pazes com ela e uns com os outros, não sobreviveremos por muito tempo mais.

O Credo de Nôach

Na alvorada da Criação, D'us deu ao primeiro ser humano seis leis para cumprir, a fim de que Seu mundo fosse sustentado. Mais tarde, após o Grande Dilúvio, Ele encarregou Nôach de mais um. Assim está relatado no Livro de Bereshit, conforme interpretado por nossa tradição no Talmud. Chegará um tempo, dizem nossos sábios, em que os filhos de Nôach estarão preparados para voltar à sua trilha. Este será o início de um novo mundo, um mundo de sabedoria e paz.

Pela maior parte da História Judaica, as circunstâncias não permitiram que nosso povo divulgasse estes princípios, exceto por meios indiretos. Quando o Lubavitcher Rebe começou a falar sobre sua divulgação como uma preparação para uma nova era, ele estava revivendo uma tradição quase perdida.

O que me fascina é a comunicação que eles fornecem. Ressoam igualmente numa cabana na África, numa escola em Moscou ou numa residência suburbana na América. São como as orientações de um grande mestre da música ou arte; firme, confiável e abrangente - mas somente uma base, e sobre esta base cada povo e cada pessoa pode construir.

Segundo os sábios do Talmud, há 70 famílias com 70 trilhas dentro da grande Família do Homem. E cada indivíduo tem sua trilha dentro de uma trilha. Sim, há uma base universal para todos nós. Todo aquele que vive por estas leis, reconhecendo que são aquilo que D'us deseja de nós, é considerado como justo por nossa tradição. Esta pessoa é um construtor, com um quinhão no mundo como deve ser.

O credo de Nôach é uma herança sagrada de todos os filhos de Nôach, algo que toda pessoa na face da terra pode recitar todos os dias. E se muitos de nós começarmos a dizer estas mesmas palavras todos os dias, veremos um mundo diferente muito em breve. Antes do que imaginamos.

Eis aqui o fraseado do Credo de Nôach, segundo a antiga tradição, com um toque de elaboração:

Eu, filho de Nôach, zelador de nosso precioso Planeta Terra, aceito sobre mim a responsabilidade pela paz e união em nosso mundo, conforme aceito por Adam e Nôach, transmitido por Moshê e seu povo no decorrer dos séculos:

1 - Não adorarei ninguém ou nada além do Único Criador, que cuida das criaturas de nosso mundo, renovando o Ato de Criação a todo momento em infinita sabedoria, sendo vida para cada coisa. Nisso estão incluídos prece, estudo e meditação.

2 - Não desrespeitarei o Criador de nenhuma maneira. Isso pode ser visto como incluindo o respeito pela beleza e vida da Criação.

3 - Não matarei.

Cada ser humano, assim como Adam e Eva, resume um mundo inteiro. Salvar uma vida é salvar o mundo todo. Destruir uma vida é destruir um mundo inteiro. Ajudar outros a viver é um corolário deste princípio. Todo ser humano que D'us criou é obrigado a assistir os outros em caso de necessidade.

4 - Respeitarei a instituição do casamento.

O matrimônio é um ato Divino. O casamento de um homem e uma mulher é um reflexo da Unidade de D'us e Sua criação. A desonestidade no casamento é um ataque àquela Unidade.

5 - Não me apossarei daquilo que não me pertence por direito.

Seja sempre honesto em todos seus negócios. Confiando em D'us, ao invés de em nosso próprio cúmplice, expressamos nossa confiança n'Ele como Provedor da Vida.

6 - Não causarei sofrimento desnecessário a nenhum ser vivo.

No início de sua Criação o Homem era o jardineiro no Jardim do Eden para "cuidar dele e protegê-lo." A princípio, o Homem estava proibido de tirar a vida de qualquer animal. Após o Grande Dilúvio, teve a permissão de comer carne - mas com uma advertência: Não cause sofrimento desnecessário a nenhuma criatura.

7 - Estabelecerei cortes de verdade e justiça em meu país.

A justiça pertence a D'us, mas recebemos a oportunidade de criar leis necessárias e fortalecê-las sempre que pudermos. Quando corrigimos os erros da sociedade, estamos agindo como parceiros no ato de sustentar a Criação.

Que as nações transformem suas espadas em arados. Que o lobo se deite com o cordeiro. Que a terra fique repleta de sabedoria como as águas cobrem o leito do oceano. E que seja breve em nossa vida, antes do que imaginamos.

   
   
top