Tecnologia: Vício ou Virtude?

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  por Tzvi Freeman
 

"Tudo aquilo que D'us criou em Seu mundo foi criado para expressar Sua glória."

Mishnê Avot. 6:11

A era do computador e a revolução nas informações têm nos proporcionado enorme poder e a capacidade de fazer contato praticamente com qualquer pessoa a qualquer tempo. Sim, a tecnologia nos permite viver mais confortavelmente e trabalhar com mais eficiência, mas podemos entender como ela torna nossa vida mais significativa?

Em si mesma, a ciência é neutra; tenta nos dar uma visão objetiva de nosso universo físico e suas forças naturais, mas não chega a uma conclusão sobre como devemos utilizar estas forças. Não lida com o bem e o mal, ou com questões de moralidade. Na melhor das hipóteses, a ciência delimita suas próprias fronteiras, reconhecendo que não é base nem código para a doutrina moral.

A tecnologia, como ocorre com todas as forças em nossa vida, pode ser usada tanto construtiva quanto destrutivamente. Desenvolvimentos tais como televisão, computadores e lasers, e descobertas em energia nuclear, medicina e biologia – são todos exemplos de forças Divinas manifestadas na natureza. O homem foi encarregado de extrair estes recursos para refinar e civilizar o mundo, de transformar nossas cercanias materiais numa morada adequada para a espiritualidade e o Divino.

Podemos optar por reconhecer a "mão dentro da luva", entendendo de onde o poder realmente vem, e usar estas forças como ferramentas para levar uma vida mais significativa. Ou podemos escolher sermos distraídos pela luva, ver a tecnologia como um fim em si mesma, usando-a para propósitos indulgentes, egoístas, talvez até destrutivos.

A fé não é adquirida nem ensinada: é nosso estado mais natural.

Por que é importante entender a tecnologia?

As tremendas mudanças ocorridas nas últimas gerações confirmam a previsão feita há dois mil anos no Zohar, um texto clássico de misticismo, declarando que no ano 1840, haveria uma explosão de "sabedoria inferior", ou avanços no universo físico, e uma intensificação na "sublime sabedoria" ou espiritualidade, começaria a trazer a verdadeira unidade ao mundo, encaminhando-o para a redenção final.

O aumento nos dois tipos de conhecimento – sabedoria da mente e sabedoria da alma – certamente foi positiva; onde falhamos foi na integração entre estas esferas de conhecimento.
Somente equilibrando o científico com o espiritual podemos transformar o sonho de um ideal futuro num projeto funcional para a sociedade, pois a verdadeira comunicação pode começar apenas quando mentes e almas interagem. Com a comunicação vem o entendimento; com o entendimento vem a compaixão, e com a compaixão vem um movimento natural rumo ao universalismo.

Portanto, a atual revolução tecnológica é na verdade a mão de D'us em funcionamento; seu propósito é nos ajudar a tornar D'us uma realidade em nossa vida. E com o passar do tempo, a ciência se mostrará mais e mais em paralelo com as verdades Divinas, revelando assim a unidade intrínseca em todo o universo.

O propósito Divino da atual revolução da informação, por exemplo, que dá ao indivíduo um poder e uma oportunidade sem precedentes, é para nos permitir partilhar o conhecimento – conhecimento espiritual uns com os outros, possibilitando unificar indivíduos em toda parte. Precisamos utilizar a atual tecnologia interativa não somente para negócios ou lazer, mas para conexão entre pessoas – para criar um ambiente favorável à interação das nossas almas, nossos corações, nossas opiniões.

Há muito a aprender com a revolução tecnológica, desde que entendamos seu papel em nossa vida e a vejamos como um passo final em nossa dramática busca pela unidade em todo o universo. Afinal, os desenvolvimentos na ciência e tecnologia nos ensinaram a sermos mais sensíveis ao intangível e ao sublime: as forças por trás dos computadores, telefones, televisão, e outros são invisíveis, e apesar disso reconhecemos completamente seu poder e alcance. Da mesma forma, devemos vir a aceitar que a força propulsora por trás de todo o universo é intangível e sublime, e devemos vir a experimentar o transcendente e o Divino em toda e qualquer coisa – começando, obviamente, com nós mesmos.

Com toda nossa capacidade humana para o avanço tecnológico, jamais devemos esquecer nosso objetivo mais elevado. Devemos nos esforçar para ampliar nossa busca científica expandindo constantemente nossa busca espiritual pelo Divino.

Entender a ciência e a tecnologia como instrumentos Divinos para nosso crescimento pessoal e espiritual é importante para nosso bem-estar. É muito bom aprender a programar um computador, mas a menos que o aluno adquira um senso de disciplina e integridade, ele ou ela poderia com a mesma facilidade usar este talento para criar o caos ou para arrumar um emprego.

Os melhores alunos – e os melhores mestres – reconhecem que há muito a ser aprendido, inspecionando a falha de culturas que nos antecederam. Assim fazendo, infelizmente fica claro que nenhuma quantidade de conhecimento ou tecnologia pode superar um sistema de valores que encoraja o egoísmo e o mal.

Devemos nos esforçar, portanto, para transcender a humanidade expandindo constantemente nossa busca espiritual.

 
   
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