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  A História de Stacey
 
  Minha família era do tipico estilo secular americano: pais trabalhando, filhos na escola pública, e um cachorro no quintal. Crescendo em Nova York, lembro-me de passar tempo com os amigos, freqüentar atividades na escola e passear pela cidade. Um dos lugares que meu pai sempre insistia em mostrar não estava no mapa turístico local, um local que eu não conhecia. Sempre que estávamos no Brooklyn e passávamos pela Eastern Parkway, meu pai apontava: “É ali que os chassidim rezam.” Ele dizia isso sem nenhuma emoção, como “O céu é azul”, ou “Ali está a Estátua da Liberdade à esquerda”. Apenas “É ali que os chassidim rezam.” Mal sabia eu que naquele edifício, “onde os chassidim rezam”, ficava um homem que não apenas se preocupava muito comigo, mas que também organizava eventos que mudariam minha vida e a vida de milhões de outros no mundo inteiro.

Aos nove anos, tive o privilégio de passar algum tempo com minha avó Rose em Loch Sheldrake, estado de Nova York. Verão após verão, nas noites de sexta-feira acendíamos as velas do Shabat, comíamos sopa e depois saíamos para ir ao cinema e tomar sorvete. Quando o longo verão chegava ao fim, eu voltava para casa e continuava essa tradição. Ao pôr-do-sol eu cessava tudo que estava fazendo, acendia minha vela, sentando-me para observar até que a chama tremulante finalmente se extinguia. Porém após alguns meses sendo provocada pelas minhas irmãs, parei de manter a tradição. E quando Vovó Rose mudou-se para longe, minha experiência com as velas se acabou.

Crescendo nos anos setenta, eu era fascinada pelo seriado M.A.S.H., que dramatizava as aventuras dos soldados das forças armadas americanas. Formei-me no ensino médio e alistei-me no exército do Tio Sam. Contra todos os meus desejos de mudar meu local de trabalho, terminei indo para Fort Bliss, em El Paso, Texas. Ali eu conheci meu marido, Bill, e nos casamos. De todos os catorze netos de Vovó Rose, eu sou a única que se casou com um judeu.

Freqüentei vários programas e aulas no Beit Chabad de El Paso, dirigido pelo Rabino e Sra. Yisrael e Chani Greenberg. As aulas eram inspiradoras e me aproximaram do Judaísmo. Em julho de 1993, nos mudamos para Daytona, Flórida, com nossas três filhas pequenas. Criamos um lar “casher”, ou assim eu acreditava. Juntamo-nos ao Templo Reformista local. Um dia, recebi de uma amiga um panfleto sobre um acampamento judaico em Ormond Beach. Ficava a uns 50 quilômetros de nossa casa, e tínhamos uma decisão difícil a tomar. Por fim decidimos e matriculamos nossas filhas no acampamento. Os milhares de quilômetros que dirigimos ao Camp Gan Israel, ida e volta no decorrer dos anos, colocaram minha família e eu num caminho que jamais esperei.

Ficamos mais forte como família, constantemente subindo em Yiddishkeit. Depois que Chani Ezagui me apresentou à mitsvá de Taharat Hamishpachá, dei à luz meu primeiro filho, Benjamin, em 1995, e outro filho, Zachary, em 1999. Mudamo-nos para Ormond e juntamo-nos a dezenas de outras famílias shomer Shabat como nós.

Após o falecimento de meu pai, eu senti que precisava cumprir mais uma mitsvá. Estava na hora de cobrir meu cabelo. Desnecessário dizer, essa notícia não caiu bem em casa, com meu marido, mãe e irmãs. No primeiro dia em que eu, com grande entusiasmo, usei uma shaitel para trabalhar, tive o mérito de ver uma incrível hashgachá peratit; recompensa no ato pelo meu comprometimento. Uma coisa é ler as cartas do Rebe sobre as grandes bênçãos que uma mulher traz a si mesma e à sua família ao cumpri esta mitsvá, outra é viver pessoalmente de forma aberta e revelada, não apenas para mim mesma, mas para toda a minha comunidade, estas berachot reveladas.

Rabino Pinchas e Chani tinham elevado tanto à minha família. Serei sempre grata ao Rebe por tê-los enviado a Daytona. Eles são modelos de inspiração e têm filhos maravilhosos que realmente trilham o caminho de Avraham e Sarah. São tão receptivos com todos... Não desejo mais do que imitar seu comportamento e ensinar os mesmos valores aos meus filhos. “Hazorim bedimah berinah yiktzoru.”

“Aqueles que aram com suor e lágrimas colherão com alegria.”

Hoje minha filha mais velha, Chana, mora em Crown Heights com o marido, Aryeh Rosenblatt, e filho Levi. Becky leciona na Esformes Hebrew Academy. Sammi atualmente freqüenta a Rhor Bais Chaya Academy em Coral Springs. Meus filhos, Benjamin e Zachary, estão na Esformes Hebrew Academy em Ormond.

Se você visitar a Flórida, com toda a certeza deve planejar passar um Shabat em Daytona. Não há nada comparado a isso.
     
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