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Se
eu tivesse de resumir o tema que nos conecta, seria o triunfo da vida
sobre a morte, da esperança acima do desespero.
Até relativamente pouco tempo, a última festa a ser acrescentada
ao Calendário Judaico foi Chanucá, há mais de 2.000
anos. Porém, dentro da memória viva, nada menos que quatro
novos dias foram adicionados, todos eles entre Pêssach e Shavuot,
os dias da contagem do Omer.
O primeiro é Yom HaShoa, o Dia Memorial do Holocausto, em 27 de
Nissan. Então vem Yom HaZikaron, a 4 de Iyar, no qual lembramos
aqueles que tombaram nas guerras em Israel. Em seguida vem Yom HaAtzmaut,
o Dia da Independência, 5 de Iyar, relembrando o dia em que a independência
de Israel foi proclamada em 1948. O quarto é Yom Yerushalayim,
dia de Jerusalém, em 28 de Iyar, no qual lembramos a reunificação
de Jerusalém durante a Guerra dos Seis Dias em 1967.
Esta é uma série de eventos tão dramática
como qualquer outra que se pode encontrar nos anais da história
humana. Dois pelo menos foram singulares. Jamais houve, e rezamos para
que jamais haja novamente, um evento como o Holocausto. Houve outras tentativas
de genocídio; em épocas recentes, no Cambodja, Bósnia,
Ruanda e Darfur. Porém, jamais houve uma tentativa sistemática
de remover um povo de um continente inteiro, sem nenhum motivo exceto
a identidade religiosa de seus avós. No auge da destruição,
os nazistas desviavam trens necessários para o esforço de
guerra, a fim de transportar judeus aos campos da morte. Era o mal pelo
mal em si.
Também jamais houve um evento como o renascimento de Israel como
nação em sua própria terra. Nunca existiu um povo,
disperso e espalhado em todo o mundo, que tenha se reunido novamente na
terra de seu início. Jamais um idioma antigo se tornou novamente
um idioma atual usado no dia-a-dia. Jamais uma nação sem
poder durante 2.000 anos tomou as rédeas da independência
e se tornou novamente soberana. Estes fatos não têm paralelo.
Os judeus foram o primeiro povo a ver D’us não apenas na
natureza, mas também na história. Foi isso que os profetas
fizeram, e isto, à nossa maneira falível e precária,
é o que ainda nos esforçamos por fazer. O significado desses
eventos – especialmente o Holocausto – nos derrota.
Porém, é difícil não sentir que alguma força
maior tem trabalhado nas impressionantes tragédias e nos triunfos
da história judaica, não somente nos tempos antigos mas
também em nossa era.
O falecido Milton Himmelfarb certa vez escreveu: “Cada um de nós
judeus sabe o quanto ele é completamente comum; porém, tomados
juntos, parecemos envolvidos em coisas grandes e inexplicáveis…
Coisas grandes parecem acontecer para nós e ao nosso redor.”
Raramente isto tem sido mais verdadeiro que nos eventos épicos
que estão por trás dos quatro novos dias do Calendário
Judaico. Se eu tivesse de resumir o tema que os conecta, seria o triunfo
da vida sobre a morte, da esperança acima do desespero.
O povo que foi vítima do maior crime contra a humanidade tornou-se
o povo que reconstruiu sua vida, sua terra e sua nação.
Daqui a mil anos, as pessoas ficarão maravilhadas com essa extraordinária
sequência de eventos. Os judeus, que coletivamente sofreram o pior
e inspiraram algumas das maiores realizações da humanidade,
continuam sendo um símbolo vivo de esperança.
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