|
Sheryl e seu marido
Larry discordavam quanto à maneira de lidar com seu filho, Michael.
Sempre que Michael se comportava mal, Larry explicava o erro a ele e exigia
uma desculpa.
Sheryl, por outro lado, era da opinião de que se a desculpa de
Michael não fosse verdadeira e espontânea, não tinha
valor.
“Ele deveria desculpar-se apenas se, e quando, estiver pronto,”
declarava Sheryl. “Não adianta insistir, porque isso significa
que ele não sente verdadeiro arrependimento pelas suas ações.”
“Não, Sheryl,” discordava Larry. “Michael precisa
se acostumar a dizer que está arrependido, mesmo que precisemos
estimulá-lo. Creio que, intuitivamente, ele entende que aquilo
que fez é errado; é apenas uma questão de treiná-lo
a verbalizar aquilo que essencialmente sente por dentro.”
Na leitura da Torá especial dessa semana, Shekalim,
D'us ordena a Moshê que instrua o povo judeu a doar meio-shekel
como “uma oferenda de expiação para suas almas”,
pela participação deles no pecado do Bezerro de Ouro. A
prata era usada para fazer os “soquetes do alicerce” para
o Tabernáculo (o Santuário portátil que os israelitas
construíram no deserto).
O Midrash relata que quando Moshê ouviu falar dessa oferenda “ficou
confuso e afastou-se”, perguntando-se como um mero meio-shekel poderia
compensar pelo grave pecado do Bezerro de Ouro. Em resposta, “D'us
mostrou a Moshê uma moeda de fogo que Ele tinha tirado de baixo
do Seu Trono de Glória e disse: ‘Como esta, eles deverão
doar.’”1
Por que este mandamento do meio-shekel deixou Moshê tão perplexo?
Como a “moeda de fogo” que D'us mostrou a ele explica sua
dificuldade? E o que podemos aprender desse mandamento como pais sobre
que tipo de “oferendas” esperamos de nossos filhos?
Todos os outros presentes que o povo judeu doou ao Tabernáculo
eram dados, como a Torá repetidamente enfatiza, porque “seus
corações estavam inspirados a doar.”2 Homens e mulheres,
jovens e velhos, de cada uma das diferentes tribos contribuíam
voluntariamente e com entusiasmo o máximo que podiam dos materiais
usados para fazer o Tabernáculo.
Em contraste, o presente de meio-shekel era obrigatório, e uma
quantia uniforme era exigida de cada indivíduo, tanto pobre quanto
rico.
Moshê não podia compreender como uma oferenda compulsória
poderia conseguir expiação. Se a pessoa que doava não
o fazia espontaneamente, pela própria iniciativa e com o melhor
da sua capacidade, como poderia ser considerada “uma oferenda”?
Além disso, como essa doação forçada receberia
expiação pelo grave pecado do Bezerro de Ouro?
Para explicar, D'us mostrou a Moshê esta moeda de fogo. D'us estava
aludindo ao fogo da alma. Toda alma se origina sob o próprio Trono
de Glória de D'us, sendo impulsionada pelo desejo ardente de conectar-se
com sua Fonte. Toda alma está contínuamente ligada a D'us,
e todas as ações positivas da pessoa são resultado
direto do impulso motivador de sua alma.
D'us estava demonstrando a Moshê que até um judeu que é
obrigado a doar o meio-shekel deseja doá-lo. Embora suas ações
possam parecer forçadas, na verdade ele está se conectando
com a busca ardente e interior de sua alma para unir-se com D'us.
Como pai ou mãe, você se vê perguntando
se há algum beneficio em obrigar seu filho a fazer o que é
certo, quando ele o está fazendo apenas porque não pode
desobedecer a você? Você sente que a menos que ele se ofereça
por si mesmo com entusiasmo, suas ações não têm
valor? Você considera fútil exigir expressamente uma desculpa
por algo errado que ele cometeu?
A história do meio-shekel nos lembra da bondade essencial de todo
indivíduo. A vida está repleta de desafios e situações
atrativas que podem nos desviar de nosso autêntico caminho interior.
Mas nosso desejo profundamente enraizado é nos conectar com nosso
Criador.
Como pai/mãe, lembre-se que seu filho foi criado com uma alma ardente,
originada do próprio trono da glória de D'us, e deseja inatamente
fazer a coisa certa. Se o seu filho sai da linha, seu papel como pais
é o de guiá-lo de volta aos genuínos objetivos interiores
de sua alma. Filhos diferentes podem precisar de técnicas diferentes
para ajudá-los a superar as tentações externas, mas
sua atitude com seu filho deve ser baseada na premissa fundamental de
que ele quer fazer o bem.
Oriente seu filho pró-ativamente, para ajudá-lo a agir da
maneira correta – mesmo que algumas dessas ações possam
ser forçadas.
Apesar das pressões externas, dos lembretes ou regras dados pelos
pais, a verdadeira motivação para seu filho fazer o certo
é sua alma Divina vibrante.
Mesmo que ele – e você – não estejam conscientes
disso.
NOTAS
1. Midrash Rabá, Bamidbar 12:3.
2. Shemot 25:2, 35:5, e 21 et. al. |