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Shaná Shemitá: o descanso da Terra

 

 

 

Assim que os judeus se estabeleceram na Terra Santa,1 eles começaram a contar e observar ciclos de sete anos. O ciclo culminava num Ano Sabático,2 conhecido como Shemitá,3 literalmente: liberar.

O ano seguinte à destruição do segundo Templo Sagrado (3829 após a Criação, 68-69 EC) foi o primeiro do ciclo sabático de sete anos que é observado apenas na Terra Santa. Este ano no Calendário Judaico, 5768 é um Ano Shemitá.

A observância de Shemitá tem numerosas dimensões. Seguem abaixo apenas alguns de seus fundamentos.

Dê uma Folga para Seu Amigo

“Ao final de sete anos você fará uma dispensa. E esta é o modo de dispensar: que todo credor, que emprestou ao seu amigo, o deixará; ele não reclamará a seu amigo nem a seu irmão, porque chegou o Ano Sabático para o Eterno.” (Devarim 15:1-2)

O ano de Shemitá cancela todos os débitos pendentes entre devedores e credores judeus. [Atualmente, um mecanismo haláchico chamado peruzbul evita esta anistia dos empréstimos.]

Este aspecto da observância de Shemitá é conhecido como shmitat kesafim, “dispensa de dinheiro [dívidas].”

Tire uma Folga do Cultivo

“Durante seis anos você semeará o seu campo, e por seis anos podará sua vinha, e colherá sua produção, mas no sétimo ano, a terra deverá ter um completo repouso, um Shabat para o Eterno; você não semeará seu campo, não podará sua vinha, nem colherá os produtos de sua colheita… E [o produto do] Shabat da terra será seu para comer, para seus servos homens e mulheres, e para seu trabalhador contratado e residente que mora com você…”

(Vayicrá 25:3-6)

Durante o ano de Shemitá, os moradores da Terra de Israel devem desistir completamente de cultivar seus campos. Eles também abrem mão da propriedade pessoal de seus campos; qualquer produto que crescer por si mesmo é considerado propriedade comunal, livre para qualquer pessoa pegar.

Este aspecto do ano Shemitá é conhecido como shmitat karka, “liberar a terra”.

Revisão

Na antiga cultura agrícola que vigorava em Israel, o ano Shemitá era um desafio difícil para a confiança coletiva do povo em seu Criador, que lhes concedera a Terra do Leite e do Mel.

E se vocês disserem: “O que comeremos no sétimo ano? Não semearemos, e não colheremos nossa produção!” (Vayicrá 25-20)

Porém, aqueles que colocavam sua confiança em D’us eram ricamente recompensados.

Eu, [D’us] ordenarei Minha bênção para vocês no sexto ano, e haverá produção para três anos. Vocês semearão no oitavo ano, enquanto ainda estiverem comendo das colheitas passadas. Até o nono ano, até a chegada de sua colheita, vocês comerão da antiga colheita!” (Vayicrá 25:21-22)

Além de dar ao povo uma oportunidade de colocar sua fé em D’us e vê-la recompensada, a abstenção de um ano do cultivo também lhes permitia tirar coletivamente uma folga, para se concentrar em assuntos mais elevados e espirituais – pois as pessoas lotavam as sinagogas e salas de estudo. Mesmo hoje, quando a grande maioria dos judeus não está envolvida na indústria agrária, as lições de Shemitá são muito pertinentes. Durante este ano sagrado é esperada de nós uma maior concentração em nossa missão espiritual na vida, e um pouco menor em nossos assuntos materiais. Mais naquilo onde somos necessários, menos naquilo que necessitamos. Mais na fé em D’us, menos na fé em nossos talentos e artimanhas.


Notas

1 – O primeiro ciclo começou após os 14 anos de conquista e divisão da terra – o 15º ano depois que eles cruzaram o Rio Jordão (1258 AEC).

2 – Embora a Torá comumente conte os meses a partir de Nissan (na primavera), os anos deste ciclo – e o Shemitá, também – começam com Rosh Hashaná, no início do mês de outono de Tishrei.

3 – Quando todas as doze tribos moravam em Israel, em suas propriedades ancestrais, o ano seguinte a sete ciclos completos de Shemitá – o 50º ano – era observado como Yovel, o Ano Jubileu. Durante Yovel, também, a terra não era trabalhada, como durante Shemitá. Além disso, durante o Ano Yovel, todos os escravos eram libertados e todos os campos e casas vendidos durante os 50 anos anteriores eram devolvidos aos proprietários originais. Ao contrário de Shemitá, no entanto, o Ano Yovel não é mais observado.

       
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