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"Não há pessoa
na terra que seja tão justa a ponto de fazer apenas o bem e não
pecar” (Cohêlet)
Ao ler as sugestões para se livrar das falhas de caráter,
alguém poderia dizer: “São conselhos úteis
para alguém que tenha defeitos, mas não vejo nada no meu
caráter que seja defeituoso.”
No versículo acima citado, Shelomô declara aquilo que todos
deveríamos saber: ninguém é perfeito. As pessoas
que não conseguem encontrar algumas imperfeições
dentro de si devem ter uma percepção tão distorcida
que talvez nem se dêem conta dos defeitos mais importantes. Por
analogia, se alguém não consegue ouvir nada, não
é que o mundo inteiro tenha ficado silencioso, mas sim que ele
perdeu toda a audição e portanto não pode ouvir sequer
o trovão mais estrondoso.
Em sua obra monumental, Deveres do Coração, Rabênu
Bachaye cita um sábio que disse aos seus discípulos: “Se
vocês não encontram defeitos em si mesmos, temo que possuam
o maior de todos os defeitos: a vaidade.” Em outras palavras, todo
aquele que enxerga tudo sob uma perspectiva de “Eu sou ótimo/Eu
estou certo”, obviamente acredita que não tem defeitos e
faz tudo certo.
Quando as pessoas não vêem falhas em si mesmas, geralmente
é porque se sentem tão inadequadas que a percepção
de quaisquer defeitos pessoais seria devastadora. Ironicamente, a vaidade
é uma defesa contra a baixa auto-estima. Se nos aceitarmos como
seres humanos passíveis de erros e se tivermos também um
senso do próprio valor, podemos nos tornar ainda melhores do que
já somos.
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