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Eles o trouxeram de volta do hospital, e seguindo as instruções
mimeografadas, colocaram-no de barriga para baixo olhando para um bichinho
de pelúcia. Ele imediatamente virou-se para cima para olhar o pedaço
de céu emoldurado pela parte superior da janela.
Houve uma batida na porta. Ali na entrada estava o mensageiro do rei,
com um pergaminho contendo um decreto na mão. "Jogue-o no
rio!" ele ordenou.
Então eles o jogaram numa pré-escola de 20 mil dólares
por ano, que ensinava conhecimento de artes, música clássica
e economia numa suíte do 10º andar na esquina da Lexington com
a Rua 63.
Ele fugiu amarrando 14 lençóis para formar uma corda. Eles
finalmente o encontraram debruçado sobre textos antigos na biblioteca
de uma yeshivá. Quando o levaram para casa, encontraram a ordem
afixada na porta dianteira: "Afoguem-no no rio!"
Mandaram-no então a uma faculdade da Liga da Hera, famosa por sua
escola de administração, onde ele se formou em ascensão
corporativa e correta atitude política, além de vida nos
subúrbios.
Hoje ele administra um teclado num escritório de canto. Uma ou
duas vezes ao ano, porém, ele lança um breve olhar para
o pedaço azul do céu emoldurado na parte superior da janela.
E o Faraó ordena a todo o seu povo: "Todo filho que nascer
será jogado ao rio" (Shemot 1:22).
Para entender o significado mais profundo do decreto do faraó,
precisamos olhar mais detalhadamente o rio em questão.
O Nilo era o alicerce da economia egípcia. Não há
chuvas regulares no Egito, portanto fazendeiro egípcio não
costumava olhar para o céu em busca de sustento. Em vez disso,
ele esperava a enchente anual das águas do rio, que inundavam o
Vale do Nilo. Uma rede de canais e valas de irrigação coletava
a água e regava os campos.
Os antigos egípcios idolatravam o Nilo como um deus. Afinal, era
o Dólar deles, sua Carteira de Ações, sua Educação
Universitária e Carreira, tudo num só pacote. Portanto,
faz sentido eles terem construído para o Nilo templos tão
gloriosos como aqueles que erguemos em nosso campus e distritos financeiros.
Não há como escapar da tirania do Rio? O Livro de Shemot
prossegue contando a história de um povo que desafiou o credo "Afogue-o
no Rio!" Lemos sobre um povo que escondeu os bebês nos campos
para viverem à mercê do Céu, em vez de entregá-los
às águas do Nilo. Lemos sobre uma mãe que colocou
o filho no Nilo, mas num cesto de juncos, para que as águas o levassem
e sustentassem, em vez de engoli-lo. Lemos sobre um povo que emergiu das
quatro gerações do jugo egípcio com a cabeça
erguida, o olhar dirigido aos Céus, as almas alimentadas pela bênção
dos bens materiais mas nunca, nunca dominadas por eles.
Três mil anos depois, o rio continua fluindo e os faraós
da sociedade e da convenção ainda latem as suas ordens.
Você afogará seu filho no rio, ou construirá um bote
para ele?
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