Qualquer um que já tenha navegado na rede já ouviu falar sobre hipertexto. É o "ht" em http://. O ("tp" é "protocolo de transferência", já que você perguntou, e não tenho a mínima idéia porque ele precisa de dois pontos e duas barras.) Hipertexto é a linguagem utilizada para criar web sites. Ele informa ao computador o que haverá na página e que aparência esta terá. Através dos protocolos de linguagem pode-se controlar gráficos, efeitos especiais, textos e links.

É o link (em português, "conexão") que faz o hipertexto "hiper". Híper aqui não significa que o texto está super-empolgado ou "alto". Ao contrário, refere-se à maneira singular dos websites apresentarem a informação: eles vão além de uma abordagem textual ou linear. Fazem isso conectando páginas internamente. Um site sobre o Shabat pode ter a foto de uma mulher acendendo velas e uma descrição da mitsvá (mandamento). No parágrafo, a palavra "bênção" está numa cor diferente. Clique sobre a palavra e você está conectado com uma outra página que tenha a bênção em hebraico e transliterada com uma gravação de alguém recitando as bênçãos. Quando você termina de ouvir, clica em outro link para voltar ao início ou ir para outra página.

Por intermédio dos links, os websites se conectam uns com os outros, nos levando de um site a outro e outro – ad infinitum. Você pode terminar muito longe de onde começou; pode também "double back" em si mesmo, refazendo sua trilha, encontrando o mesmo site outra vez (e às vezes de novo e de novo); você pode até conectar-se ao seu redor numa cadeia que leva ao site original. O que torna a rede tão versátil, tão útil, tão fascinante e tão informativa são os links – a conexão interna e externa. Não se trata mais de uma coisa levar à outra, mas de tudo leva a tudo o mais.

Evidentemente, é por isso também que a rede pode se tornar algo perigoso. O link nem sempre vai onde queremos que vá – ou onde queremos ser recebidos. Mesmo desvios inocentes podem ser prejudiciais. Podemos ser abalroados por irrelevâncias. Desperdiçamos o tempo jogando ou indo pra lá e pra cá (virtualmente falando) olhando e ouvindo trivialidades (ou coisa pior!)
O hipertexto fornece uma metáfora para o conceito "Todo Israel é responsável um pelo outro." No mundo do www, tudo se conecta a tudo. Cada site se conecta e interage com todos os outros sites. Assim, também, todo judeu se conecta e interage e afeta todos os outros judeus.
Positivamente ou (D’us não o permita) o oposto.

Isso é porque todo judeu tem uma alma Divina, uma "parte verdadeira do D’us acima" – como diz o Tanya. Há uma unidade entre as almas. Reconhecer isso também nos leva a uma maneira mais fácil de cumprir a mitsvá "Ama teu próximo como a ti mesmo". Como, espiritualmente falando, somos todos "do mesmo tipo e temos um Pai – portanto todos os israelitas são chamados verdadeiros irmãos em virtude da fonte de suas almas no único D’us".

Temos de ser cuidadosos para não danificar outro "website" ao introduzir links defeituosos, errados ou prejudiciais no nosso. Pois, para continuar a analogia, nossas ações nos conectam. Quando violamos uma mitsvá, fazemos algo que não deveríamos ou não fazemos algo que deveríamos, não somente quebramos um link interno, como desconectamos outros judeus.
Pois, se somos todos conectados juntos, quem sabe qual a alma que é afetada por nossas ações?

Porém quando cumprimos uma mitsvá, não somente fortalecemos nossas conexões espirituais com D’us, como também nossos links e conexões com outros judeus. Portanto, afixar uma mezuzá, colocar tefilin, fazer caridade, estudar Torá – tudo isso (e mais) cria links e dá força a judeus distantes em espaço físico, mas muito próximos no espaço espiritual.