Reality Show: um "Olho" que vê  
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Hoje o assunto está nos jornais e revistas, virou tema de palestras e até pauta para analistas. O Reality Show, programa voltado para um público ávido para assistir o que acontece na casa do "vizinho", virou febre. Foi uma fórmula importada na busca desenfreada pela audiência, apostando no sucesso do inusitado, na conquista da mídia e na invasão definitiva da privacidade alheia, é claro.

A vida engraçada e a graça da vida ficou resumida no que acontece na "Casa dos Artistas", ou dos "Big Brother Brasil", que diferença faz? É só uma questão de endereço. Os valores e o bom senso parecem ter perdido seu rumo, e os homens, seu bom senso.

Esta semana é a vez da Urban Dream Capsule, uma performance montada em uma gigantesca vitrine com visual alegre e colorido na Avenida Paulista na cidade de S. Paulo, onde quatro artistas australianos estão "morando" por 15 dias. Comendo, dormindo, dançando e se comunicando com o público, através de mímicas e recados enviados através do vidro. Pelo menos, são inteligentes e a coisa torna-se mais divertida quando às questões mais claras, ou absurdas, são feitas por incontáveis curiosos que lotam as calçadas para espiar o que está acontecendo lá dentro.

Passando por lá, não deu para resistir. Após um alô e perguntando porque estão lá, "what's the point?", a resposta veio após uma breve consulta em um dicionário inglês-português, estrategicamente colocado na "cápsula": "divertimento".

Bem há louco para tudo. Mas logo me veio a preocupação: e se tiver algum judeu? Temos que convida-lo para o Shabat, ou ao menos perguntar se precisa de chalá, velas e vinho para o kidush! Podemos ainda mandar um "kit de sobrevivência": Tefilin, Sidur, etc.!

Foi quando então arrisquei para ver se havia algum judeu envolvido nesta história: "No", respondeu um deles, "nenhum de nós é judeu." (em mímica).

Bem, pensei, para nós isto não é novidade, Reality Show é uma invenção muito antiga e pasmem... judaica! Tão antiga quanto a própria criação, há milhares de anos. A gente talvez não perceba o tempo inteiro, ou não tenha parado para pensar, mas o "Olho" sempre esteve e está aqui.

Diz o sábio Rabi Yehudá no livro Ética dos Pais (2:1): "...Reconheça o que existe acima de você: um Olho que vê, um Ouvido que escuta, e todos seus atos estão registrados em um livro."

Bem, se por acaso você estiver passando pela avenida Paulista nos próximos dias, ou algum destes programas persistir em invadir a sua privacidade, olhe para cima e lembre-se: neste exato momento, assistindo ao espetáculo terrestre, na poltrona do universo, está Ele, "o Olho que vê e o Ouvido que ouve".

Bem, os australianos perderam um convite para o Shabat, e nós, bem nós... vamos continuar; há muito o que fazer ainda. E diante do "show " da vida (real!), observados o tempo inteiro pelo telão celestial, duvido que você ou eu vamos querer fazer um papelão!

 

 

 
   
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