Ter razão ou ser feliz

 
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Por Yaacov Lieder
  Em resposta a um artigo que escrevi, Conquiste o Respeito de Seu Filho, recebi o seguinte e-mail:

“Eu gostaria de ter lido seu artigo há trinta anos, quando estava criando minha filha. Acho que fiz tudo errado em meu relacionamento com ela… não nos falamos há dois anos.”

Depois de me comunicar com o pai e a filha, percebi que ambos estavam sofrendo por causa daquele relacionamento, porém nenhum deles queria dar o primeiro passo para alterá-lo. Cada qual está esperando que o outro dê o primeiro passo.

“É nossa fúria que nos leva a uma briga, mas é nosso ego que nos mantém nela.”

Partilhei com eles a seguinte observação: Quando crianças brigam, pode-se ouvi-las dizer: “Nunca mais falo com você! Não quero mais brincar com você, nem num milhão de anos!” Cinco minutos depois, pode-se vê-las brincando uma com a outra e apreciando a mútua companhia.

Por outro lado, os adultos, quando entram numa briga – especialmente em família – podem ficar sem se falar durante vinte anos. Às vezes esquecem o motivo original para a briga. A razão para esta diferença é que as crianças preferem ser felizes do que ter razão, e seu instinto natural lhes diz que serão mais felizes se perdoarem e esquecerem.

Como adultos, nós às vezes escolhemos ter razão do que ser felizes. Trocamos o incômodo temporário de fazer as pazes com nossos entes queridos e passarmos tempos felizes juntos por uma tristeza de longa duração; a de não podermos nos conectar com as pessoas que nos são importantes.

“É nossa fúria que nos leva a uma briga” – declarou uma pessoa inteligente – “mas é nosso ego que nos mantém nela.” É um sinal de sabedoria deixar de lado nosso ego e pedir perdão à outra pessoa, mesmo se estivermos certos. Se nós somos pai ou mãe, devemos nos considerar a mais sábia das duas partes, e utilizar nossa sabedoria e maturidade para dar o primeiro passo para resgatar o relacionamento, exatamente porque entendemos que é mais difícil para a outra pessoa fazê-lo.

Em alguns casos, precisamos da ajuda de uma terceira pessoa – alguém que seja um amigo mútuo, ou um profissional na solução de conflitos, para dar início ao processo de reconciliação.

Às vezes o motivo pelo qual o relacionamento não está dando certo pode ser de natureza subconsciente. As pessoas envolvidas realmente não sabem por que estão aborrecidas uma com a outra. Pode ser preciso um aconselhamento a longo prazo numa situação assim. A jornada pode ser longa, mas é recompensadora.

É como passar por uma operação, onde o paciente se coloca numa situação desconfortável por algum tempo para um ganho a longo prazo. O resultado final será que ficaremos felizes, além da certeza de ter feito coisa certa, ao deixar de lado o nosso ego.

No dia 11 de setembro as pessoas encurraladas nas Torres Gêmeas utilizaram seus últimos momentos para telefonar aos entes queridos e dizer pela última vez: “Eu te amo!” E em outras inumeráveis situações extremas na vida, que estão sujeitas a ocorrer com qualquer um de nós, é justamente em momentos como esses que o ego não desempenha qualquer papel, e o verdadeiro ser humano se revela em toda a sua glória.

A vida é muito curta para guardar mágoas, independentemente do tipo de relacionamento que você mantém com seus pais ou irmãos. Você sentirá falta deles, quando se forem de sua vida. Portanto, por que esperar até que seja tarde demais?

Dê o primeiro passo – agora!

   
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