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Conheci Rabino Shmotkin
há pouco mais de cinco anos, no último dia de Chanucá.
Naquela época, não tinha a menor idéia de que era
Chanucá, muito menos o último dia. Eu tinha batido à
porta do Beit Chabad após ver a ele e Rabino Shmuel num programa
de entrevistas na TV na manhã de domingo.
Não era a primeira vez que ouvia falar de Lubavitch. Um amigo e
eu tínhamos estudado algum misticismo cabalista, tarde da noite,
durante várias semanas. Estávamos interessados em misticismo;
o fato de ser judaico era interessante, mas não era tudo. Meu amigo
tinha ouvido falar de Rabi Shmuel, por alguém que tivera aulas
com ele sobre misticismo judaico. Exercitando sua típica coragem
espiritual, meu amigo foi logo saber do que se tratava. Eu, por outro
lado, me recusei. Não queria nada com rabinos. Não queria
saber de sinagogas. Na verdade, não queria coisa alguma com o Judaísmo.
Eu tinha conhecido algo quando criança e simplesmente não
desejava saber mais nada a respeito.
Mesmo depois que meu amigo trouxe seus relatos sobre o rabino barbudo
vestido de preto que sempre usava chapéu e dava aulas numa sala
verde numa mansão, eu ainda não queria conhecê-lo.
Naquela época, eu estava casado há doze anos e tinha dois
filhos, com 9 e 11 anos. Trabalhava como profissional e tinha explorado
diversas psicoterapias, abordagens espirituais, grupos políticos
e estilos de vida alternativos. Eu tinha, na verdade, chegado à
Cabalá através de um workshop de tarô, onde aprendera
que a maioria dos símbolos nas cartas do tarô são
cabalistas na sua origem. Comecei a estudar livros sobre a Cabalá,
mas não queria saber de religião. Eu já estava procurando
alguma coisa há muitos anos quando bati na porta do Beit Chabad.
O que aconteceu? O que havia de tão especial sobre o fato de ver
dois rabinos num programa de TV, que finalmente me fez bater à
porta? Bem, para dizer a verdade nem mesmo eu entendi, não até
a outra noite. Estava conversando com um dos estudantes da yeshivá
Lubavitch que ajudam aqui no Beit Chabad. Seu nome é Tzifion; ele
é israelense. Ele estava me dizendo que deseja permanecer em Milwaukee
e continuar trabalhando com o Chabad daqui. Perguntei: Por quê?
Por que ele considera seu trabalho aqui em Milwaukee tão especial,
quando poderia estar em New York ou até em Israel? Ele contou-me
a seguinte lição que tinha aprendido do Lubavitcher Rebe,
Rabi Schneerson.
Havia em Israel, na época em que o Templo estava de pé,
algumas cidades que serviam como "cidades de refúgio".
Eram locais onde viviam os levitas, e elas tinham sido construídas
pela ordem de D’us na Torá. Eram chamadas "cidades de
refúgio" por serem lugares aonde uma pessoa que tivesse acidentalmente
matado outra podia ir e viver em segurança, sem medo da retaliação.
Tzifion explicou como a Torá também instruía para
que postes de sinalização fossem colocados em todas as encruzilhadas,
indicando o caminho para estas cidades de refúgio.
Evidentemente, hoje em dia não existem cidades assim e com certeza
não há mais estes postes.
O Rebe explica esta história num nível diferente, tornando-a
relevante para nossa vida atual. O ensinamento chassídico descreve
como a vítima deste "assassinato acidental" nossa alma
judaica. O assassinato é acidental porque em nossa ignorância,
não sabemos o dano que estamos fazendo à nossa alma com
determinadas ações. A cidade de refúgio é
a Torá, o lugar para onde podemos voltar em segurança, um
local onde podemos aprender, crescer, um lugar ao qual pertencemos. Tzifion
disse que atualmente o Chassid de Lubavitch que passa pela rua, que se
parece e age como judeu, que é reconhecido de imediato como um
judeu que acredita e vive pela Torá, é aquele poste de sinalização.
E como um poste, ele não precisa dizer coisa alguma. Apenas fica
lá. É simplesmente um poste que com seu próprio ser
diz a um irmão judeu – amizade, segurança e sanidade.
Tzifion descreveu
como era ir ao Shopping e ser abordado por pessoas que jamais tinha visto
antes. Pessoas falando sobre suas vidas sem sentido. Sobre seus filhos
a quem não mais podiam falar ou entender. Sobre seus empregos,
entediantes e sem sentido. Disse que eles o paravam exatamente porque
ele era um poste e alguma coisa na alma judaica das pessoas o reconhecia,
confiava nele, e desejava fazer contato.
Foi então que eu entendi por que aquele programa de TV tinha sido
o momento da virada. Por que o simples fato de ver e ouvir Rabi Shmotkin
e Rabi Shmuel na TV tinha me impelido a bater na porta do Beit Chabad
no dia seguinte. E devo dizer a vocês que minha vida não
estava em frangalhos. Eu não estava perdido, nem infeliz. Não
estava largado na sarjeta com uma agulha em meu braço. Era apenas
alguém que buscava, que esquecera de procurar em meu próprio
quintal. Eu simplesmente não sabia que havia algo de real ali.
Portanto bati na porta e, veja só, não um, mas dois rabinos
vieram me cumprimentar. Os mesmos dois que eu vira na TV no dia anterior.
Eu soube logo que havia algo diferente. Nunca antes eu marcara uma visita
para ver um rabino, imagine então dois rabinos, e ainda por cima
sorrindo. Eu me apresentei, explicando que os tinha visto na TV na véspera.
Eles se entreolharam e sorriram, numa maneira que me disse imediatamente
que eu estava lhes proporcionando um grande prazer.
Ora, isso pode parecer algo pequeno para você, que dois rabinos
viessem à porta para me saudar. Mas para mim, foi a primeira indicação
de que eu tinha encontrado um tipo diferente de Judaísmo, que eu
não conhecera antes. Deixe-me contar a você duas histórias
que o ajudarão a entender:
Lá
estavam as lágrimas outra vez. Aquele sentimento no meu
peito. Novamente aquela sensação de fazer parte.
Mas dessa vez, havia alguém ali que sabia o que estava
acontecendo comigo. Que sabia a respeito da minha alma judaica
e lhe dava as boas vindas. Que podia falar com minha neshamá
e deixá-la emergir.
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Quando eu estava no
Colegial, tive uma amiga bastante interessante. Como a maioria dos adolescentes,
ela odiava hipocrisia. Estava no limite de tolerância com a sinagoga
que ambos freqüentávamos. Então algo ruim aconteceu
em sua vida, e ela tentou falar com um rabino, sem conseguir. O secretário
disse que o rabino tinha saído e que a chamaria de volta. Mas não
o fez. Ela telefonou novamente, querendo vê-lo, mas não conseguiu
marcar uma visita. Então certa noite, em desespero, ela foi à
sinagoga na esperança de encontrar alguém com quem pudesse
conversar. Mas as portas estavam trancadas. Era após às
17h. A caminho de casa, ela passou por uma igreja. As luzes estavam acesas,
a porta aberta. Ela entrou, e havia um jovem padre disposto a conversar
com ela. Era um homem simpático, sincero, que se interessou por
ela. Isso era tudo que ela desejava, alguém que se interessasse
por ela. Foi preciso muito esforço por parte dos pais para impedi-la
de se converter.
Talvez, para começar, ela esperasse demais. Rabinos são
homens ocupados. Têm família e horas de serviço, também.
Talvez minha amiga estivesse apenas passando por um impulso da adolescência.
Mas eu sempre tive em alta estima a porta que nunca é fechada,
e os rabinos que estão sempre dispostos a conversar com você.
Uma outra história:
Quando descobri que o tarô era baseado na Cabalá, comecei
a pesquisar o misticismo judaico e à medida que estudava senti
ressurgir o sentimento judaico. Havia um impulso para me reconectar. Lutei
contra ele, pensando ser uma tolice. Lembrei-me das experiências
na sinagoga de minha infância. Além disso, naquela época
eu já tinha alguns sofisticados preconceitos intelectuais contra
qualquer forma de religião organizada. Preconceitos que, por falar
nisso, ainda tenho. Mas a ânsia continuava, e eu pensei: "Nada
tenho a perder" – e parei, entrando numa grande sinagoga que
tinha visto.
Ora, você precisa entender que por natureza, sou uma pessoa muito
emotiva. E quando entrei no local, fui inundado por um sentimento que
parecia vir lá de dentro. Isso realmente me surpreendeu. Na verdade,
precisei lutar contra as lágrimas. Aquele tipo de lágrimas
que vêm quando se avista um velho amigo, de quem se estava separado
por muito tempo. Não lágrimas de tristeza, mas lágrimas
de se sentir em casa. Fiquei ali, tentando reviver todos os tipos de memórias,
sensações e pensamentos. Uma brecha se abrira na minha armadura
anti-religiosa.
Então aqui estou eu, de pé, passando pela minha própria
versão de experiência religiosa significativa, quando de
repente fui descoberto pelo homem da manutenção:
"Ei, o que está fazendo aqui?"
"Ficando de pé na sinagoga" – digo eu. Fiquei surpreso
pelo fato de uma atividade tão óbvia precisar de uma explicação.
"Bem" – diz ele – "você não pode
simplesmente entrar aqui. Tem uma permissão?"
"Não" – digo na minha voz mais sarcástica
– "Sou judeu e não sabia que preciso de permissão
para rezar numa sinagoga."
Sabe, se você passou pelo cenário político dos anos
60 e 70, consegue lidar muito bem com estas situações. Quero
dizer, ele está claramente sendo tudo aquilo que sempre odiei.
Mas eu ainda estava surpreso. Não achava que um judeu deveria ser
uma cena estranha dentro de uma sinagoga. Uma presunção
obviamente ingênua.
"Então, quem dá permissão aqui para rezar"
– perguntei.
"Você precisa ir até o escritório" –
disse ele. Portanto, vou ao escritório e encontro uma secretária
de meia-idade, ligeiramente acima do peso, que se importa ainda menos
com a minha súbita experiência religiosa minguante que o
homem da manutenção. E ela me comunica que simplesmente
eles não podem ter pessoas entrando para rezar a qualquer hora
que desejem porque isso causaria muita desordem. "O rabino está
aqui?" perguntei, apegando-me a algum fio de esperança de
que talvez ele pudesse entender minha experiência religiosa. Uma
experiência que, a esta altura, está encolhendo até
se tornar uma lembrança distante. Ela responde de imediato: "Você
tem hora marcada?" Então finalmente vou embora, resolvido
a manter minhas experiências religiosas confinadas a minhas aulas
semanais de meditação.
Contei estas histórias porque acredito que elas enfatizam aquilo
que considero as duas qualidades mais importantes de Chabad. Primeiro,
eles existem. Estão lá, e as portas estão sempre
abertas para qualquer judeu. E segundo, estão disponíveis.
São sinceros, receptivos e genuínos. São postes de
sinalização da coisa verdadeira. São como ímãs
para a alma judaica.
Bem, voltando à minha história. Então estou à
porta do Beit Chabad olhando para os dois rabinos, e ambos estão
sorrindo. Rabino Shmotkin se apresenta, num sotaque tão carregado
que não entendi direito o que ele dizia. Meu desconforto inicial
diminuiu com a gentileza do seu comportamento. Rabino Shmuel então
falou, tomou-me pelo braço e levou-me à sua pequena sala
verde. Eu sabia que de uma maneira não expressa em palavras, ele
decidira que eu precisava de alguém que se importasse. Enquanto
Rabi Shmotkin olhava com aprovação, comecei minha jornada
com Lubavitch.
Eu nunca tinha visto tefilin. Nem sequer sabia que eles existiam, nunca
ouvira falar neles. Portanto, quando Rabi Shmuel começou a enrolar
aquelas caixas e correias ao redor do meu braço e cabeça
antes mesmo que eu passasse pelo batente, fiquei um pouquinho chocado.
Ele começou a falar depressa, eliminando qualquer oportunidade
que eu pudesse usar para dizer: "Ei, não faça isso!"
E quanto mais ele falava, explicando sobre os tefilin, o que são,
como colocamos, fazendo-me repetir o Shemá, mais aquela sensação
que eu sentira na sinagoga conservadora começava a voltar.
Lá estavam as lágrimas outra vez. Aquele sentimento no meu
peito. Novamente aquela sensação de fazer parte. Mas dessa
vez, havia alguém ali que sabia o que estava acontecendo comigo.
Que sabia a respeito da minha alma judaica e lhe dava as boas vindas.
Que podia falar com minha neshamá e deixá-la emergir. Comecei
a me sentir como se tivesse sido judeu há muitas vidas, e tivesse
colocado tefilin durante milhares de anos. Rabi Shmuel tinha aberto uma
porta para o conhecimento, ritual, tradição e sabedoria,
que não somente incluía tudo que eu estudara e soubera antes,
mas na verdade o superava. Ele me fez sentir que tinha chegado em casa
após uma jornada longa e frutífera. Ele jamais subestimou
minha experiência, ele a abraçou. Como faz com tudo o mais,
ele incluiu todo meu passado e presente num círculo gigante de
Judaísmo.
Eu surpreendi a mim mesmo, contando-lhe logo coisas íntimas e sensíveis
a meu respeito. Rabi Shmuel ajudou-me a olhar minha vida através
do judeu que há em mim. Ele contou-me a verdade, e muitas vezes
ela não era o que eu desejava ouvir. Fez isso muito gentilmente,
e, ao verdadeiro estilo Chabad, com muita explicação e polidez.
Fez o Judaísmo real para minha vida em muitos níveis diferentes,
não apenas retórica abstrata ou regras sem explicação.
Falou a verdade, direta, sem amaciá-la, e eu o respeitei por isso.
E por causa daquilo eu sabia que ele falava a verdade, e o que quer que
ele me ensinasse seria verdadeiro. Confiei nele.
A verdade é uma qualidade rara de se encontrar no mundo de hoje.
E esta, creio eu, é a qualidade mais importante que Chabad oferece:
a verdade. É por isso, estou certo, que Chabad é tão
bem-sucedido. Porque eles contam a verdade às pessoas, e a verdade
tem sua própria força. Provoca sua própria reação.
Especialmente a verdade que vem da Torá.
Os Lubavitchers não somente ensinam sobre a verdade, mas também
vivem aquilo que ensinam. É bastante óbvio. A deles não
é uma vida de retórica. Eles são de verdade. Quando
falamos sobre amar o próximo judeu, eles querem dizer exatamente
isso. Envolvem-se com a vida das pessoas, e não apenas das 9 às
17h.
Estudei com Rabino Shmuel três ou quatro vezes por semana durante
mais de um ano. Fiz as refeições do Shabat em sua casa por
um ano e meio, tanto na sexta-feira à noite quanto no dia de Shabat.
Rabi Shmuel forneceu-me meu primeiro par de tefilin e emprestou-me meu
primeiro talit.
Aprendi a rezar aqui, no Beit Chabad. Fui a meu primeiro Shabaton aqui,
aprendendo os segredos mais profundos do Chassidismo até tarde
da noite. Depois dançando ao redor da mesa da cozinha com Rabi
Shmuel, sentindo que ser judeu era a coisa mais especial, mais importante
do mundo. Sentindo uma conexão especial com D’us, na verdade
muito à vontade naquela conexão, em vez de distante e separado.
Podemos nos dirigir a D’us como "Rei", mas aqui a gente
O sente muito mais como um amigo e um companheiro querido.
Fui chamado para minha primeira aliyá, e lembro-me de ter me aproximado
da mesa de leitura com temor e empolgação. Eu não
sabia hebraico. Não tinha idéia do que se esperava de mim.
Estava certo que faria papel de bobo. Mas quando cheguei lá onde
todos estavam de pé, as pessoas sorriam e me colocavam mais à
vontade. Um homem que eu conhecia colocou os braços ao meu redor.
Era um convite sem palavras: "Venha, junte-se a nós. É
aqui que tudo acontece. Relaxe e desfrute." Ao mesmo tempo, a Torá
era tratada com o mais profundo respeito e reverência. Mas não
com o menor traço de distância. "Por que deveria ser"
– diziam eles – "ela pertence a nós." E mais
uma vez, no Beit Chabad isso não é retórica, é
realidade. Você sabe e sente que a Torá pertence a você.
E pertence a você tanto quanto pertence a Rabino Shmotkin ou Rabino
Shmuel, ou ao próprio Rebe.
O Shabaton no Beit Chabad é uma experiência notável,
um privilégio para pessoas de qualquer idade que tenham a oportunidade
de comparecer. Seis meses depois, adquiri meu primeiro par de tefilin,
e agora estou terminando de pagar meu segundo. Mas nunca fiquei sem tefilin.
Ou talit. Ou livros. Ou sucá, lulav e etrog. Ou matsot, mishloach
manot em Purim, shofar em Rosh Hashaná, , ou até mesmo um
almoço casher quando precisei.
Quando comecei a colocar tefilin, não o fazia diariamente, estava
fazendo uma tentativa. Se me acontecesse de falar com Rabino Shmuel ao
telefone, ele me perguntava se eu tinha colocado tefilin naquele dia.
E se não tivesse, ele ia de carro até meu trabalho com um
par de tefilin. Naquela época, estava trabalhando a 30 minutos
de carro do Beit Chabad.(30 ida, mais 30minutos de volta)
Em meu primeiro Sucot como judeu observante, tinha estado fora da cidade
e estava chegando de volta a Milwaukee um dia antes do feriado. Eu disse
a Rabino Shmuel que embora fosse bom ter uma sucá, não teria
tempo de construir uma. Disse que, de qualquer maneira, sempre tinha passado
sem uma sucá. Simplesmente não era algo importante para
mim. Quando cheguei em casa, havia uma sucá erguida no meu quintal.
Rabino Shmuel e Rabino Wolvovsky a tinham construído no dia anterior.
Debaixo de chuva. Minha família aprendeu a amar Sucot naquele ano.
Ainda é nosso feriado preferido.
No ano seguinte, Rabi Shmuel ajudou-me a construir minha sucá à
1 da manhã. Numa varanda, no segundo andar. Quando reclamei que
a vizinha era uma senhora encrenqueira que iria chamar a polícia,
ele perguntou: "Ela é judia?" Era. "Então
ela não se incomodará" – disse ele.
Na manhã seguinte vi a mulher enquanto me aprontava para ir à
sinagoga, carregando meu lulav e etrog, que Chabad, é claro, tinha
me dado. Me preparei para o ataque quando ela se aproximou. Mas, em vez
de fúria, havia lágrimas nos seus olhos. Ela perguntou se
podia beijar o lulav e etrog.
"Faz anos que não vejo um desses" – disse ela.
"Na noite passada, quando ouvi todo aquele barulho, olhei pela janela
e vi vocês construindo a sucá…" Eu a interrompi,
desculpando-me, mas ela disse: "Não, não, você
não entende, foi a primeira boa noite de sono que tive em muito
tempo. Senti-me tão segura sabendo que vocês estavam na porta
ao lado." Depois daquilo, ela nunca mais foi desagradável.
Um pouco estranha, talvez, mas nunca antipática.
Há alguns pontos importantes que eu gostaria que estas histórias
deixassem claro:
Primeiro, você deve saber que a minha história não
é única. Minha mulher é somente uma das muitas mulheres
encorajadas e acompanhadas a Escola Beit Chana, em Minneapolis. A minha
é somente uma das muitas cozinhas que têm sido casherizadas
pessoalmente por Chabad. Sou apenas uma das muitas pessoas levadas para
ver o Rebe, a aprender sobre a beleza das Festas Judaicas, e aconselhado
sobre todos os tipos de problemas pessoais. Já gritei e briguei
com Rabino Shmuel e Rabino Shmotkin. Acusei-os de serem bitolados. Jurei
que jamais usaria uma kipá, barba ou tsitsit. E eles ouviram, como
estou certo de que fazem com centenas de pessoas todo ano que precisam
brigar com alguém em suas crises espirituais. E quem escuta? Chabad
escuta. E escuta… E escuta… Por meio de sua fé, eles
nos ensinam a fé.
E aqui vem minha segunda constatação: eles oferecem uma
educação tão intensa e eficaz quanto se pode desejar.
É o melhor tipo de educação: educar através
da ação. Ensinam duas coisas muito simples: O amor de D’us
ao povo judeu, e o amor do judeu pelo seu próximo. E embora as
aulas de Rabino Shmuel e Rabino Shmotkin sejam tão inspiradoras
e educacionais quanto se possa desejar, a maioria dos ensinamentos é
através do exemplo. Fazendo. Como o chassidismo ensina: o negócio
é agir.
Aprendi sobre o Shabat na mesa do Shabat. Aprendi sobre Pêssach
no Sêder do Beit Chabad. Aprendi sobre fé e paciência.
Aprendi sobre aceitação. Meu filho aprendeu sobre bondade
e generosidade entregando matsot a pessoas que pensaram que ninguém
se importava. Ele não podia acreditar na alegria que levou às
pessoas, simplesmente entregando-lhes matsot. Esta foi sua educação
sobre Pêssach naquele ano. Vi as profundezas da alma judaica no
rosto das pessoas no Hospital Monte Sinai onde Rabino Shmuel e eu fomos
para tocar o shofar. Uma caminhada de dez quilômetros, feita alegremente.
Naquele Rosh Hashaná, ouvi o shofar ser tocado para cada um dos
37 anos de minha vida que eu tinha perdido.
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